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União Brasil vive impasse sobre posicionamento e decisão pode vir apenas em março
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União Brasil vive impasse sobre posicionamento e decisão pode vir apenas em março

|Futuro| Nomes do partido disputam onde o partido ficará em 2026. Deputados pregam cautela
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Fernanda Pessoa, Moses Rodrigues e Capitão Wagner, todos do União Brasil Ceará (Foto: Kayo Magalhães, Zeca Ribeiro e Renato Araújo, todos da Câmara dos Deputados)
Foto: Kayo Magalhães, Zeca Ribeiro e Renato Araújo, todos da Câmara dos Deputados Fernanda Pessoa, Moses Rodrigues e Capitão Wagner, todos do União Brasil Ceará

A federação União Progressista segue na mira tanto da base quanto da oposição ao governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). Nas últimas semanas, o próprio petista afirmou, em entrevista exclusiva ao O POVO, que o deputado federal Moses Rodrigues deve comandar a federação no âmbito estadual, tendo a deputada federal Fernanda Pessoa como vice.

Nesta semana, Fernanda Pessoa revelou ter recebido convite para presidir o partido no Ceará, atualmente sob o comando do ex-deputado federal Capitão Wagner. Em entrevista ao O POVO nesta segunda-feira, 22, a parlamentar confirmou a possibilidade, mas evitou cravar qualquer definição."Houve sim [um convite], mas nós estamos aguardando as definições de outros estados", disse.

União Brasil dialoga 

Na ocasião, Fernanda comentou sobre reunião com o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, que teria indicado que as definições devem ocorrer até o início de janeiro. Segundo ela, ele também informou que, ainda nesta semana, deve se reunir com dirigentes partidários de outras legendas.

"Nós tivemos uma reunião com o presidente. Nós estamos dialogando. Nós estamos aguardando ainda outras reuniões que vão ter a nível nacional com presidentes de outros partidos junto com o Rueda para depois definir o estado do Ceará. Esse é um trabalho que está sendo feito em todos os estados. Ainda faltam alguns estados serem definidos, e o Estado do Ceará é um deles", relatou a deputada, que também disse "aguardar posicionamento" do presidente nacional.

"Mas o presidente falou que ficaria feliz se a gente pudesse fazer parte da direção juntamente com o nosso deputado Moses, tanto na federação como no comando do próprio partido, da presidência do partido", detalhou.

Moses protela decisão para março

Procurado pela reportagem, Moses Rodrigues não respondeu até a publicação desta matéria. No entanto, em entrevista concedida na última sexta-feira, 19, ao programa Show do Betto Guerra, da rádio Coqueiros FM 95,3, o deputado falou sobre a disputa interna pela presidência da federação no Ceará.

Na ocasião, ele comentou o impasse com Capitão Wagner, classificando como “legítimo” o interesse de ambos em disputar o comando da federação entre o União Brasil e o Progressistas. Contudo, enquanto Wagner defende que o grupo siga na oposição, Moses sustenta o apoio à reeleição de Elmano.

"Eu sou amigo do Wagner, nós temos essa divergência para 2026 e sempre disse para ele que iria, e aí eu estou falando de muitos meses atrás, não estou falando de agora, está se tornando público agora, mas é legítimo que ele pleiteie ser o presidente da federação e queira levá-la para a oposição, assim como também é legítimo eu solicitar, porque tenho apoio de outros deputados federais no Ceará que estão na federação, que querem apoiar a reeleição do governador Elmano".

O deputado explicou que a decisão caberá à Executiva nacional do União Brasil e deve ocorrer até março, período que coincide com a janela partidária. "Então, em março, qualquer deputado estadual ou federal pode sair da legenda. Eu não sei qual é a situação dos parlamentares que querem apoiar o Ciro [Gomes (PSDB)] caso o partido venha a ficar na coligação com o governador Elmano. Não sei se eles ficam".

Nesse aspecto, Moses destacou a necessidade de uma “liberação” para seguir o projeto político que acreditam, independentemente de quem assuma o comando da federação.

"Se por acaso o Wagner ficar como presidente da federação, eu não posso ser candidato majoritário. Por quê? Porque eu não serei candidato majoritário pela oposição. O que eu pedi ao partido é que me libere para que eu possa apoiar a reeleição do governador Elmano. Esse é o meu pedido".

Segundo o deputado, caso seja escolhido para o posto, deverá ter a mesma postura com o atual presidente estadual. "Eu vou dizer para o Wagner: 'Eu entendo a sua situação, você quer votar na oposição, você pode ficar no partido, né?' Eu tenho essa conversa com ele aberta, 'e a gente entende a sua situação, tá?'".

As tão disputadas duas vagas do Senado

Moses é um dos pré-candidatos ao Senado pela base governista. Ele é filho do prefeito de Sobral, Oscar Rodrigues (União Brasil), que é adversário político da família Ferreira Gomes. Esta, por sua vez, tem a maioria dos irmãos, especialmente o senador Cid Gomes (PSB), no arco de Elmano. 

A aproximação da família Rodrigues com o governismo ocorre na esteira das negociações da disputa senatorial que, pelo governismo, já possui uma dezena de alternativas, como os deputados federais José Guimarães (PT) e Eunício Oliveira (MDB); e ainda o chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, e o dirigente partidário, Chiquinho Feitosa (Republicanos).

Já dentro da federação União Brasil-Progressistas, o governador tem o apoio da maioria da bancada federal: além de Moses e Fernanda, o petista conta com o deputado AJ Albuquerque (PP). Apenas Danilo Forte e Dayany Bittencourt, esposa de Wagner, fazem oposição a Elmano no União Brasil. É neste cenário que Moses prega cautela.

"O que eu estou pedindo é que a gente possa ter um pouco de paciência, porque até março essa situação vai ter que se resolver, de um jeito ou de outro, tem que se resolver, porque é a janela partidária e o que eu já disse para o presidente Rueda: 'Olha, independente da decisão da Executiva nacional, se vai liberar os estados ou não, eu ficarei no partido, mas preciso da liberação para apoiar a reeleição do governador Elmano, porque eu acredito no projeto dele'. Nessa situação, eu só posso ser candidato à reeleição de deputado federal", acrescentou.

Ele afirmou ainda que “trabalha” para que o União Brasil integre a coligação do petista nas eleições de 2026 e avaliou como “prematuro” afirmar que assumirá a presidência da federação no Estado. "Porque essa discussão está acontecendo, mas o resultado ainda não [existe]".

Capitão Wagner também foi procurado pela reportagem, mas preferiu não se manifestar publicamente sobre o assunto.

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