Logo O POVO+
Entre acordos e licenças, suplentes ocupam 22% das vagas legislativas do Ceará
Comentar
Politica

Entre acordos e licenças, suplentes ocupam 22% das vagas legislativas do Ceará

| Legislativo | Ao todo, 25 suplentes atualmente exercem mandatos na Câmara de Fortaleza, Assembleia, Câmara dos Deputados e Senado
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar

Licenças temporárias e acordos políticos têm permitido que suplentes assumam mandatos no Ceará com frequência crescente. Do total de mandatários, 25 parlamentares cearenses atualmente exercem funções legislativas, em um movimento que alcança todas as esferas do Legislativo.

O estado tem, ao todo, 114 vagas, somadas as cadeiras nas diferentes instâncias. São 46 na Assembleia Legislativa, 22 na Câmara dos Deputados, 43 vereadores em Fortaleza e três senadores. O levantamento não contabiliza as câmaras dos demais 183 municípios do Ceará.

A prática é favorecida pelo sistema proporcional, no qual não apenas os votos dos eleitos, mas também os dos suplentes, ajudam os partidos a atingir o quociente eleitoral e a cláusula de barreira. Nos bastidores, parlamentares admitem que, além de acordos políticos formais, há situações em que o rodízio envolve negociações pouco republicanas. Para suplentes, a passagem pelo mandato funciona como vitrine política e estratégia para chegar mais competitivo às eleições seguintes.

Atualmente, o Legislativo cearense soma 25 suplentes em exercício, considerando a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.

Dos 46 deputados estaduais, por exemplo, oito encontram-se licenciados, o equivalente a pouco mais de 17% da Casa. Os afastamentos têm vários motivos, tais como pessoais, de saúde ou por ocuparem cargos em administrações municipais ou no Governo do Estado.

Além desses casos, ao longo de 2025 outros deputados também se licenciaram em algum momento, como Sargento Reginauro (União Brasil), Renato Roseno (Psol), Silvana Oliveira (PL), Alysson Aguiar (PCdoB) e Carmelo Neto (PL).

Entre os suplentes em exercício, dois casos se destacam. O primeiro é o de Guilherme Sampaio (PT), que, apesar de suplente, ocupa atualmente a liderança do governo Elmano de Freitas (PT) na Assembleia.

Sampaio lembra que, de todos os 46 deputados estaduais cearenses, apenas quatro, ou seja, menos que 10%, alcançaram sozinhos o quociente eleitoral. "Todos os demais eleitos conquistaram a titularidade do cargo graças à votação somada de seus demais companheiros de chapa. No caso do PT, apenas o deputado Fernando Santana alcançou o quociente. Isso significa que a bancada é legitimada eleitoral e politicamente pela votação não somente daqueles que tomam posse, mas também dos demais representantes do partido que se apresentaram nas eleições", argumentou ao O POVO.

O deputado recorda ainda que alguns parlamentares eleitos não estão no exercício por atenderem a convites do Executivo em razão de "credenciais políticas e executivas", precisando ser substituídos. "Eu considero muito saudável a passagem dos suplentes pelo exercício temporário do mandato. Isso contempla a diversidade de representação política expressa pela vontade do eleitor. São bandeiras e causas que chegam à Assembleia com mais força, graças a essa possibilidade, o que não seria possível sem os mandatos temporários exercidos pelos suplentes", concluiu.

Outro caso é o do deputado Pedro Matos (Avante), vereador de Fortaleza licenciado para exercer o mandato como suplente do Partido Liberal (PL), legenda à qual era filiado anteriormente.

Matos já assumiu a vaga em mais de uma ocasião, substituindo diferentes deputados do PL. Integrando a oposição ao governo estadual, ele tem se beneficiado de acordos que prolongam sua permanência na Alece.

Após substituir a deputada Silvana, afastada por problemas de saúde, o parlamentar afirmou ter dialogado com o presidente estadual do PL, deputado federal André Fernandes, visando dar continuidade ao trabalho e abrir espaço para novos nomes da oposição. Como resultado, Alcides Fernandes — pai de André — licenciou-se por interesse particular, ampliando o tempo de exercício de Matos na Assembleia.

O que você achou desse conteúdo?