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10 principais fatos de 2025 no mundo
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10 principais fatos de 2025 no mundo

Trump, cessar-fogo em Gaza, continuidade da guerra na Ucrânia e escalada da tensão no Caribe. Confira fatos que deram o tom de 2025 no planeta
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VISTA aérea da Cidade de Gaza (Foto: AFP)
Foto: AFP VISTA aérea da Cidade de Gaza

O retorno ao poder de Donald Trump sacudiu o mundo. Espalhou uma guerra comercial pela economia do planeta, com particular impacto para o Brasil.

Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos buscou se apresentar como pacificador. Negociou o frágil cessar-fogo em Gaza, mas não teve sucesso até agora na tentativa de encerrar o conflito entre Rússia e Ucrânia. Na América Latina, promove bombardeios com o argumento de combater o tráfico, o que eleva a tensão regional.

A Igreja Católica se despediu do papa Francisco e passou a ser conduzida por Leão XIV, o primeiro sumo pontífice nascido nos Estados Unidos.

Em várias partes do mundo, protestos da geração Z fragilizaram ou derrubaram governos.

O ano foi ainda marcado por desastres climáticos, que foram muito debatidos na COP 30, em Belém, mas cujo resultado foi um tímido texto final.

Confira acontecimentos que marcaram o ano de 2025.

Donald Trump, o retorno estrondoso

Ofensiva protecionista, expulsões de imigrantes irregulares em massa, desmantelamento de setores inteiros do governo federal... Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro para um segundo mandato, o republicano Donald Trump adotou série de medidas em conformidade com seu lema "America First", muitas por decreto, embora a Justiça tenha bloqueado algumas de suas decisões.

Acusado por oponentes de desprezar os direitos fundamentais e outros centros de poder, Trump atacou adversários, enviou a Guarda Nacional a grandes cidades democratas, dedicou-se a intimidar os meios de comunicação e lutou contra os programas de diversidade e inclusão. Também realizou intensa atividade diplomática, com maior ou menor sucesso.

As pesquisas mostram, no entanto, um descontentamento crescente sobre questões econômicas, especialmente o custo de vida. Os duros reveses sofridos em várias eleições locais (Nova York, Nova Jersey, Virgínia, Califórnia) colocam seu partido em uma posição delicada para as eleições de meio de mandato em 2026.

Trégua precária em Gaza

Pressões americanas resultaram em cessar-fogo entre Israel e o Hamas, dois anos após o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino em território israelense em 7 de outubro de 2023.

A trégua facilitou a retirada parcial das tropas israelenses da Faixa de Gaza, a troca dos últimos reféns vivos que ainda estavam em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel e um aumento do fluxo de ajuda humanitária ao território palestino, embora esta ainda permaneça longe de suprir as necessidades do território, segundo a ONU e várias ONGs.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que espera conseguir passar "muito em breve" para a segunda fase, que deveria levar à desmilitarização de Gaza. Mas a violência continua no território e as partes trocam acusações de violação da trégua.

Ataques dos EUA no Caribe e no Pacífico

Washington implantou desde agosto uma importante presença militar frente ao litoral da América Latina, oficialmente para combater o tráfico de drogas com destino aos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, foram realizados mais de 20 ataques no Caribe e no Pacífico contra embarcações suspeitas de transportar drogas, causando mais de 100 mortes.

A campanha agravou notavelmente as tensões regionais, especialmente com a Venezuela, que a considera um pretexto para derrubar seu presidente, Nicolás Maduro, e se apoderar das reservas petrolíferas do país.

Depois de apreender, em 10 de dezembro, um petroleiro que transportava combustível venezuelano, Washington anunciou um "bloqueio total" contra os "petrolerios sancionados" que seguem para a Venezuela ou procedentes do país.

Nesse contexto, a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, que vive na clandestinidade, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, após uma viagem secreta com apoio dos Estados Unidos.

Esforços de paz infrutíferos na Ucrânia

O retorno ao poder de Donald Trump marcou os primeiros esforços sérios para pôr fim à invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

As simpatias e as críticas do presidente americano oscilaram entre Vladimir Putin e Volodimir Zelensky, o que às vezes fez a Ucrânia temer que fosse forçada a aceitar um acordo nos termos impostos pela Rússia.

Em fevereiro, Donald Trump vilipendiou o presidente ucraniano perante a imprensa no Salão Oval, censurando-lhe a falta de gratidão com os Estados Unidos.

Conversações diretas entre russos e ucranianos e uma cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin em agosto no Alasca terminaram sem avanços concretos e Washington anunciou, em outubro, sanções contra o setor de petróleo russo.

Em dezembro, foram anunciados "progressos". No entanto, os diálogos continuam esbarrando na questão dos territórios ucranianos controlados pela Rússia.

Na frente de batalha, o Exército russo continuou seu lento avanço no leste, após ter expulsado completamente em março as forças ucranianas da região fronteiriça russa de Kursk.

Guerra comercial mundial

Donald Trump impôs várias ondas de tarifas adicionais aos produtos importados para os Estados Unidos, que variavam segundo os países ou zonas de origem.

Enquanto os países afetados contemplavam ou aplicavam represálias comerciais, foram iniciadas duras negociações que resultaram em inúmeros acordos, como o alcançado com a União Europeia ou com a China em outubro, que marcou o início de uma trégua em um conflito que abalou a economia mundial.

Sob pressão para reduzir o custo de vida dos americanos, Donald Trump decidiu em meados de novembro eliminar as tarifas sobre determinados produtos alimentícios, como o café ou a carne bovina importados. O Brasil foi beneficiado, após estar na leva mais pesada de sanções, por razões políticas.

Um novo papa, Leão XIV

Robert Francis Prevost tornou-se em 8 de maio, aos 69 anos, o primeiro papa americano, após o falecimento do antecessor, Francisco, de quem era um conselheiro muito respeitado.

Sorridente e discreto, este nativo de Chicago com nacionalidade peruana, classificado entre os cardeais moderados, adotou o nome de Leão XIV.

O novo pontífice, missionário por quase 20 anos no país andino, seguiu a linha do antecessor argentino com um forte caráter social, em favor dos pobres, dos migrantes e da ecologia.

Mas também fez gestos em direção aos círculos conservadores, como voltar a autorizar a celebração de uma missa tradicionalista no Vaticano após três anos de restrições. Também descartou, a curto prazo, a ordenação de mulheres diáconas ou o reconhecimento do casamento homossexual.

Protestos da geração Z

Na América Latina, Ásia ou África, os jovens da geração Z (menores de 30 anos) multiplicaram as mobilizações contra a precariedade, o bloqueio das redes sociais ou a corrupção das elites.

Manifestaram-se no Peru contra a crescente insegurança e a classe política, ou no Marrocos até que as autoridades se comprometeram a realizar esforços na área social.

Em outros países, os protestos, reprimidos violentamente, transformaram-se em uma luta mais ampla contra o poder estabelecido.

Após distúrbios mortais no Nepal, o primeiro-ministro maoísta K.P. Sharma Oli renunciou.

Em Madagascar, o movimento levou à derrubada pelo Exército do presidente Andry Rajoelina, que fugiu para o exterior.

Na Tanzânia, os jovens participaram amplamente das manifestações pós-eleitorais, que foram reprimidas com violência.

A bandeira pirata do mangá One Piece (uma caveira com um chapéu de palha), frequentemente empunhada pelos manifestantes, tornou-se um símbolo da luta contra a opressão em vários continentes.

Investimentos colossais em IA

Os gigantes tecnológicos e startups especializadas gastaram somas cada vez mais colossais para financiar o crescimento desenfreado da inteligência artificial (IA).

De acordo com a consultoria americana Gartner, os gastos globais em IA devem atingir 1,5 trilhão de dólares (8,1 trilhões de reais) em 2025 (+50% em um ano) e superar 2 trilhões (10,7 trilhões de reais) no próximo ano.

No entanto, as astronômicas avaliações de mercado do setor — a do gigante americano de chips Nvidia atingiu em determinado momento um nível sem precedentes de mais de 5 trilhões de dólares (26 trilhões de reais) — levantam temores de uma possível bolha especulativa.

Roubo espetacular no Louvre

Em 19 de outubro, vários ladrões vestidos com coletes de operários entraram à luz do dia no museu do Louvre e roubaram várias joias da Coroa, avaliadas em 88 milhões de euros (547 milhões de reais). O assalto durou oito minutos.

Três homens suspeitos de integrar o grupo foram rapidamente acusados e presos, mas as joias roubadas ainda não foram recuperadas.

Fenômenos climáticos extremos e uma COP sem menção aos combustíveis fósseis

Inundações mortais, tempestades devastadoras... As mudanças climáticas provocadas pela atividade humana tornam os fenômenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes, mortais e destrutivos, segundo os cientistas.

O furacão Melissa, um dos mais poderosos a atingir o Caribe, devastou regiões inteiras da Jamaica e inundou o Haiti e Cuba.

No sudeste asiático, as Filipinas foram atingidas em menos de dois meses pelos tufões Ragasa, Kalmaegi e Fung-wong. O Vietnã foi assolado por tempestades, inundações e deslizamentos de terra.

Com o aumento das temperaturas, os incêndios florestais se intensificaram na Europa, onde foi alcançado um número recorde de hectares queimados durante o verão.

Nos Estados Unidos, incêndios provocados por raios causaram, em meados de julho, o fechamento da margem norte do Grand Canyon pelo restante da temporada turística.

Em dezembro, um tornado destruiu 90% de uma cidade brasileira do Paraná e deixou seis mortos.

As catástrofes climáticas foram intensamente discutidas durante a Conferência do Clima da ONU, realizada em Belém. O polêmico texto final deixou de fora a proposta brasileira de inserir uma rota de abandono dos combustíveis fósseis.

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