Um ex-presidente e generais foram presos pela primeira vez por tentativa de golpe de Estado no Brasil. Um filme produzido no País ganhou o Oscar pela primeira vez, ao tratar da temática da ditadura militar. No Rio de Janeiro, foi realizada a operação policial mais letal da história recente do País. Relembre os acontecimentos que marcaram o ano.
Brasil vence Oscar pela primeira vez
Em março, o Brasil conquistou seu primeiro Oscar com a vitória do longa Ainda Estou Aqui na categoria de Melhor Filme Internacional após uma longa campanha que desbancou o favorito Emilia Pérez. O filme conta a história da família de Rubens Paiva, deputado cassado, sequestrado e morto pela ditadura militar, pela ótica de sua viúva, Eunice Paiva.
Com a repercussão do filme, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu voltar a analisar se a Lei da Anistia se aplica aos crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante a ditadura militar. Isso pode fazer com que os assassinos de Rubens e outros desaparecidos sejam punidos.
Bolsonaro é condenado por tentativa de golpe de Estado
Em setembro, o STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
A decisão inédita na história do Judiciário brasileiro ocorreu dois anos e oito meses após uma turba de manifestantes invadir e depredar a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Outros sete réus, incluindo militares, também foram condenados.
Alexandre de Moraes, relator do processo, tornou-se alvo da Lei Magnitsky, e teve ativos nos EUA bloqueados, além de veto a transações financeiras e viagens. A medida americana, posteriormente revertida após negociações entre Lula e Trump, foi vista pela Polícia Federal como uma tentativa do ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro de coação ao processo judicial.
O então parlamentar realizava publicamente lobby nos EUA pela imposição de sanções contra os magistrados em prol de seu pai, Jair Bolsonaro.
O ex-presidente foi colocado em prisão domiciliar ao violar medidas cautelares. Teve a prisão convertida em preventiva em 22 de novembro e foi conduzido ao regime fechado, na sede da Polícia Federal em Brasília. Três dias depois, o ministro determinou que o início oficial do cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão.
O Congresso Nacional aprovou o projeto de lei da Dosimetria, que reduz drasticamente o tempo de pena de Bolsonaro e de centenas de réus condenados.
A operação mais letal do Rio de Janeiro
Autoridades do Rio de Janeiro lançaram em outubro uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A chamada Contenção deixou 121 mortos, superando por larga medida recordes de letalidade anteriores registrados no Estado nas últimas décadas.
A operação causou transtornos na capital e na região metropolitana e recebeu duras críticas de organizações internacionais, como o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, que se disse "horrorizado" com o número de mortos.