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Soluções de saúde para a retomada
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Soluções de saúde para a retomada

O que é realmente eficaz para proteger equipes no retorno ao trabalho presencial?
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Com o retorno às atividades presenciais em grande parte das empresas cearenses, gestores têm investido em equipamentos e soluções tecnológicas para evitar a transmissão de Covid-19. Além do uso obrigatório de máscaras, do distanciamento de estações de trabalho e da recomendação de lavagem de mãos e uso de álcool gel, muitos locais têm adotado uso de termômetros digitais, câmeras de medição de temperatura e câmaras de desinfecção para identificar colaboradores com sintomas da doença. Mas será que essas estratégias são realmente eficazes?

Segundo Lúcia Duarte, professora do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e especialista em Doenças Infecciosas, o primeiro passo para um retorno seguro - dentro do possível - é a criação de um protocolo de retorno. "Além das medidas que já conhecemos, é necessário investir em sinalização vertical (nas paredes) e horizontal (no chão) para determinar qual a distância necessária a ser mantida", explica.

Nem tudo que parece ajudar, no entanto, pode ser benéfico neste momento. A câmara de desinfecção, por exemplo, muito adotada em empresas de grande porte ou espaços com grande movimentação de pessoas, foi reprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em uma resolução expedida no mês de maio. "Não se sabe bem quais sanitizantes são utilizados nessas cabines e muitas dessas substâncias podem causar fortes alergias, que em casos extremos podem causar até óbito. Você quer proteger a pessoa, mas acaba submetendo ela a um risco", alerta a professora.

A desinfecção dos ambientes, porém, é recomendada quando não houver funcionários nos espaços higienizados - e mais de uma vez por dia. Empresas que possuem corredores, praças e refeitórios devem ficar mais atentas a essa desinfecção mais criteriosa, já que são espaços de grande fluxo de pessoas. "Se possível, é interessante que a empresa invista também em fiscalização sanitária, para compreender se as medidas estão sendo feitas da maneira correta", completa Lúcia.

Tecnologia como aliada

Para auxiliar no monitoramento de funcionários durante a pandemia, especialmente em empresas de médio e grande porte, o Grupo Idealit criou uma plataforma digital que computa dados de saúde dos colaboradores. Por meio de um app, as equipes respondem diariamente a uma questionário sobre sintomas em sua ficha médica.

"Esse rastreamento não deve ser feito de maneira obrigatória, pois é um trabalho de conscientização. O questionário serve para preservar a saúde de todos que vivem ali e pode ajudar as empresas a entenderem quem deve estar em home office e como se preparar para uma possível segunda onda, entre outras questões", explica o CEO do grupo, Rodrigo Pereira.

Até outubro, a iniciativa também deve contar com uma versão gratuita para que comunidades possam se organizar localmente na luta contra o coronavírus. "O objetivo da plataforma é auxiliar as empresas e seus colaboradores a terem uma vida mais tranquila a partir da informação. Ela nasce com o monitoramento da Covid-19, mas nossa ideia é seguir com soluções holísticas de saúde para cada colaborador, fazendo com que empresas e indivíduos se beneficiem."

Outras soluções

Para a enfermeira e professora Lúcia Duarte, outras questões também devem ser consideradas no retorno das atividades. "A testagem de todos os funcionários deve ser feita, mesmo que haja um custo alto, para evitar transmissão de casos na reabertura. Também deve ser feito um levantamento com todos os funcionários para ver quem está em grupos de risco e mantê-los em atividades remotas", ressalta.

A saúde mental dos funcionários também deve ser uma preocupação. As pessoas que estão voltando a trabalhar durante a pandemia ainda correm riscos e podem estar emocionalmente abaladas com o isolamento ou perdas. Por isso, a empresa deve investir em assistência social para os colaboradores, com monitoramento frequente.

Mudança de cultura

Todas as medidas preventivas tornam-se frágeis se não forem acompanhadas por uma mudança na cultura, lembra o infectologista Guilherme Henn. "Equipamentos como as câmeras de detecção são apenas mais um elemento no combate à Covid-19, já que boa parte das pessoas infectadas não terá elevação de temperatura em um primeiro momento. Por isso, o mais importante é orientar os funcionários em relação à higiene das mãos, uso de máscaras e distanciamento."

Além disso, o médico ressalta a necessidade de manter funcionários que tenham qualquer tipo de mal estar em casa, ainda que os sintomas apresentados sejam leves. Sintomas atribuídos a resfriados e gripes leves que mantinham trabalhadores em funções presencias, por exemplo, precisarão ser encarados com mais seriedade.

"É muito comum que a gente continue trabalhando com uma dorzinha de garganta ou coriza, seja por negligência ou por pressão da empresa. Com o coronavírus a gente não pode mais continuar com esse critério, pois a transmissibilidade do vírus é muito alta. Em um ambiente fechado com 400 pessoas, basta uma doente", relembra.

Observando os principais sintomas

Outro aspecto importante para evitar a transmissão do coronavírus no retorno às empresas é monitorar possíveis sintomas da Covid-19 nos funcionários diariamente. No hotel Dom Pedro Laguna, em Aquiraz, tanto colaboradores quanto hóspedes têm sido monitorados com a tecnologia do termômetro digital infravermelho.

"Estamos operando com mudanças na estrutura física para manter o distanciamento e apenas 50% da ocupação. A partir das orientações do Ministério da Saúde, começamos a utilizar o termômetro para aferir a temperatura dos colaboradores diariamente. Os líderes de cada setor também ficam responsáveis por acompanhar o estado de saúde de suas equipes", conta a gerente geral do resort, Nathália Sá Gomes.

Como a febre é um dos sintomas mais comuns da Covid-19, outras soluções para aferição de temperatura, como as câmeras térmicas que medem a temperatura corporal, também são boas opções - inclusive no preço. Com a pandemia, o custo desse equipamento se tornou acessível mesmo para empresas de pequeno porte, de acordo com o diretor de tecnologia da Servnac, Possidônio Campos.

"Muitas empresas têm entrado nesse mercado, o que barateou muito o custo das câmeras térmicas. Assim como o leitor facial, que já era uma realidade na área da segurança, essas câmeras vieram para ficar e já se adequam perfeitamente à Lei Geral de Proteção de Dados", pontua ele.

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