Logo O POVO+
Como fazer um networking bem-sucedido
Pop-Empregos-E-Carreiras

Como fazer um networking bem-sucedido

Isolamento social potencializa conexões e evidencia redes de colaboração. Saiba como melhorar suas relações neste novo modelo de interação
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

Se em tempos "normais" uma boa conexão já era indispensável, ativar os contatos profissionais pode garantir a sobrevivência dos negócios nesta pandemia. Reinventar a comunicação, adaptar-se à tecnologia e correr atrás de ajuda, correto? Por que, então, nem sempre o networking é bem-sucedido? O POP Empregos&Carreiras conversou com especialistas que explicam como buscar novas relações durante a crise de coronavírus.

É preciso entender que "o networking é uma relação de troca, onde ambos possuem objetivos específicos e, por isso, criam conexões", explica o analista de sucesso do cliente na Rock Content, Glen Hudson. Quando você pensar em chamar algum colega, nada de focar no seu interesse exclusivo antes do dele. "Parar um minuto e entender como podemos ser útil para a outra pessoa, sem esperar algo em troca, é o primeiro passo. Depois entender melhor quais são os pontos fortes que aquela pessoa tem e que podem ser úteis para os nossos objetivos."

É fazer a seguinte pergunta básica: "Como eu posso ser interessante para ele/ela?", ensina o empreendedor Rodrigo Garçone. Porque agir somente para obter alguma vantagem aciona um botão automático no nosso cérebro, o do "interesseiro se aproximando". "Por exemplo, uma vez eu ajudei o Ciro Bottini, o apresentador do ShopTime. Eu vi que ele estava sem foto no perfil e mandei uma mensagem para ele mais ou menos assim: 'Ciro, o seu sorriso é marcante! Por que você está sem foto no Linkedin?'. Ele nem sabia disso, colocou foto, me agradeceu e depois disso ficamos muito próximos. Uma vez o Ciro se ofereceu para gravar um comercial para a minha empresa e não me cobrou nada. O que eu fiz com o Ciro foi networking, eu fui interessante para ele porque eu iniciei um relacionamento com foco no outro e não com foco em mim", conta Garçone, eleito perfil nº1 a ser seguido no Linkedin em 2018 e um dos TOP 100 profissionais de Recursos Humanos mais admirados da América Latina.

LEIA MAIS | Artigo de opinião 'Networking e inconveniência'

Outras falhas comuns: falta de conhecimento mínimo sobre a pessoa, pouca interação, mesmo que nas redes sociais, e querer resultados a curto prazo. "A pessoa está desempregada há seis meses e nesse período não trabalhou para manter sua rede de contatos ativa. Daí, do nada, ela manda uma mensagem para um ex-gestor, com quem ela não fala há anos, pedindo para ele a indicar para uma determinada vaga. O botão mental, que eu chamo de 'interessômetro', vai ser acionado na cabeça do gestor", exemplifica Garçone.

Quando você se mantém "conhecido" para o outro, ainda que de forma virtual, os gestores têm mais boa vontade na hora de indicar. Foi isso que ajudou na contratação recente da publicitária Renata Dias, 26, na agência cearense Bravo/BBG. Ela perdeu o emprego anterior na primeira quinzena da pandemia. "Saí procurando emprego no boca a boca, falando com todos os amigos e colegas de profissão. E enviando muito currículo!", diz. Na mesma semana que foi indicada por um amigo da faculdade, Renata fez entrevista e começou a trabalhar.

Não precisa estar no mercado de trabalho para saber: muitas vagas são sequer anunciadas, pois são preenchidas pelo famoso Q.I. (quem indica). E isso não quer dizer que os profissionais não serão qualificados. A psicóloga social e coordenadora executiva da Associação Empresarial de Indústrias (Aedi), Fernanda Noronha (@cafecomnetworking_ce), recomenda sempre a participação em redes, mesmo que o foco não seja recolocação. "Na Aedi, os gestores de RH das empresas mantêm sempre o networking. Quando alguma empresa encerra as atividades ou desliga bons funcionários, nós acionamos essa rede para tentar distribuir esses funcionários", diz.

 

DICAS PARA UM BOM NETWORKING

1

Seja interessante, e não interesseiro.

2

Mantenha contato em frequência confortável e natural.

3

Seja sincero. "Se não tem o que elogiar, não elogie. Se o que vai falar não é bem o que você pensa, você não precisa falar. E tudo bem", diz Glen Hudson.

4

Ache os pontos de interesse em comum. Não precisa ser só trabalho, pode ser culinária, moda, séries, animais etc.

5

Explore as redes sociais. Uma boa forma de ampliar a rede de contatos é encontrar grupos de interesses nos canais digitais.

 

BATE-PRONTO

Com Rodrigo Garçone

O POVO - O networking já ajudou muito o senhor? Tem algum exemplo emblemático?

Rodrigo - ABSOLUTAMENTE TUDO que eu conquistei na vida veio através do networking. Tudo, sem nenhuma exceção. Em 1999, eu me mudei para os Estados Unidos e precisei escolher uma pessoa para me substituir na empresa onde eu trabalhava. Na verdade, eu não precisei, mas eu fiz questão de ajudar nessa substituição. Eu indiquei uma pessoa que já tinha trabalhado comigo no passado. Ele foi contratado. Anos depois eu voltei para o Brasil, e esse meu amigo continuava trabalhando nessa empresa. Eu tinha aberto uma empresa, e esse meu amigo já era gerente. Ele contratou a minha empresa e, até hoje, quase 20 anos depois, essa empresa continua minha cliente e esse meu amigo me indicou para todos os meus primeiros dez clientes. Mais recentemente, todas as últimas dez pessoas que eu contratei na minha empresa foram indicação de alguém. Eu sempre dou prioridade para contratar pessoas que são indicadas, e praticamente todos os recrutadores que conheço também preferem indicações. Porque indicação reduz o risco da contratação.

OP - Como o senhor equilibrou networking e capacitação técnica ao longo dos anos?

Rodrigo - É através do networking que eu fico sabendo de boas oportunidades de aprendizados. Eu faço parte de alguns grupos de networking que reúnem muitos empresários e empreendedores de sucesso. Com essas pessoas eu aprendo diariamente. Foi também o networking que me levou a ser diretor de algumas associações relevantes e, nessas organizações, eu também tive um incrível aprendizado. Aprender com a história, com o aprendizado e com erros e acertos dos outros é uma forma de acelerar o desenvolvimento individual de qualquer profissional.

OPORTUNIDADES

Antes da pandemia, uma dica que todo recrutador citava é: participe de eventos para conquistar novos contatos. "A pandemia restringe bastante, mas também abre um universo de informação e oportunidade, para qualquer tipo de negócio, em qualquer lugar. As redes sociais, se bem exploradas, podem gerar diversas conexões excelentes para a carreira e para os negócios", frisa Glen Hudson (Rock Content).

A Rede Colaborativa Então Pronto (@entaopronto), na qual a psicóloga Fernanda Noronha colabora como diretora de Netweaving (tecedora de redes), deu um salto durante a pandemia com a realização do primeiro evento internacional online. Profissionais como o artista e professor de acrobacia aérea, Iago Domingos, encontraram na internet novas formas de remuneração: "Fui atrás de entender como funcionavam algumas plataformas, como UpWork, Fiverr, 20pila, e fui desenvolvendo trabalhos de legendagem, narração, transcrição e tradução, entre outras coisas".

Para a presidente da Então Pronto, Silvana Fujita, é possível romper as fronteiras do Ceará com o trabalho em rede: "Suas possibilidades aumentam exponencialmente, várias pessoas podem multiplicar a divulgação da qualidade dos meus serviços e dos meus produtos”. Agora na pandemia, também nasce o projeto "As Especialistas S/A", com o objetivo de "criar uma irmandade entre mulheres de negócios".

Segundo a especialista em personal branding, Mônika Vieira, é um movimento de sororidade para projeção profissional. "O intuito de lançar ainda durante esta travessia é mais notório ainda, porque os empresários precisam se unir mais do que nunca. Uma empresária, uma executiva, uma empreendedora cuidando uma da outra de maneira progressiva", afirma.

Compõem o trio do projeto "As Especialistas S/A" Aletéia Lopes, especialista em herdeiros, e a especialista em gestão de pessoas, Rafaelle Sobreira. "A gente não mudou nada no projeto, veio para nascer das cinzas, somos fênix, seguras no que fazemos", completa Aletéia.

O que você achou desse conteúdo?