Sendo o inglês a língua mais falada no mundo, em muitas áreas do mercado é essencial que trabalhadores possuam pelo menos conhecimentos básicos do idioma - o que também pode auxiliar na progressão de carreira. No entanto, em algumas empresas, são exigidos conhecimentos mais avançados da língua, como termos técnicos, para a comunicação entre funcionários, fornecedores e outros profissionais da cadeia econômica. Para suprir essa demanda, surgiu o Business English.
O Business English (ou "inglês para negócios", em português) nada mais é do que o ensino da língua inglesa com foco no mundo corporativo, e se faz cada vez mais necessário para que equipes mantenham uma comunicação eficaz, especialmente em grandes empresas, sejam elas brasileiras ou multinacionais, que lidam com fornecedores, clientes e parceiros de outros países.
Segundo Ho Mien Mien, co-fundadora da Outliers Academy e idealizadora da plataforma Business Fluency, apesar de o inglês não ser tão utilizado em pequenas empresas, o inglês para negócios também pode auxiliar startups em certas fases de seu desenvolvimento. "A maioria dos fundadores de startups buscam investimentos de diversos tipos, desde investimento anjo a venture capitals, e muito desse dinheiro está no exterior", explica.
Para quem já possui conhecimento no idioma, existem cursos específicos para aprimorar o inglês corporativo, mas também é possível aprender a modalidade do zero, garante a especialista. "É uma falácia achar que é necessário aprender o inglês 'do dia a dia' primeiro para depois aprender o Business English. A diferença consiste nos temas aprendidos. No inglês comum, a pessoa aprenderia a falar de coisas do cotidiano. Já no Business English, o profissional vai aprender a falar sobre seu departamento, seu cargo, justificar as variações de resultado, defender suas ideias e argumentos, entre outros assuntos".
Profissionais que buscam recolocação também podem utilizar o inglês para negócios como diferencial para oportunidades de trabalho. De acordo com Ho Mien Mien, é provável que, no pós-pandemia, mais empresas busquem o inglês como diferencial. “As barreiras geográficas estão caindo. Isso significa que o profissional brasileiro que ficou desempregado por causa da crise pode oferecer seus serviços a empresas de outros países”, lembra.
Para a especialista em recolocação Andréa Greco, o inglês para negócios traz vantagens competitivas também para promoção e aumento salarial. “Como o inglês é muito usado em viagens corporativas e áreas específicas de certos segmentos, você acaba passando na frente até para se comunicar com fornecedores de fora e outros profissionais do mercado. O domínio da língua dá mais destaque ao currículo, especialmente em plataformas como o LinkedIn”, afirma.
A consultora sugere inclusive que, caso o candidato possua inglês avançado ou fluente, insira seus dados nos dois idiomas na plataforma de networking, que é um dos principais meios para encontrar vagas na internet. Mas para além de novas oportunidades, possuir um inglês avançado ou fluente também pode causar discrepâncias no salário, conta Andréa. Segundo ela, profissionais que possuem o domínio do idioma podem ganhar até duas vezes mais do que trabalhadores que não falam inglês, a depender da área de atuação.
Atualmente, as áreas que mais buscam profissionais bilíngues são as de Hotelaria, Tecnologia, Comunicação, Engenharia, Relações Internacionais e Comércio Exterior. Porém, empresas de outros segmentos também podem priorizar candidatos que tenham algum nível de inglês. “Muitas empresas que tem capital estrangeiro buscam profissionais que falam outras línguas para cargos mais estratégicos”, completa.
Dicas de estudo
Segundo Maria Helena Gabriel, coordenadora de Língua Inglesa do Núcleo de Línguas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a principal diferença na hora de aprender o inglês básico em vez do convencional, consiste na necessidade de maior dedicação por parte do estudante. "A resposta da aprendizagem vai depender muito do tempo que cada um disponibiliza para o estudo e do contato que ele terá com a língua. Mesmo para utilizar os principais termos do Business English, é necessário que haja um conhecimento básico de tempos verbais expressões cotidianas do inglês", afirma.
Mesmo quem não possui tempo ou recursos financeiros para realizar um curso básico, no entanto, pode exercitar vocabulário, leitura e pronúncia através de produtos culturais, explica a professora. "A dica principal para quem vai começar a estudar um idioma é se colocar em contato com ele, e unir o útil ao agradável. Se a pessoa gosta de música, por exemplo, deve buscar letras e traduções de canções em inglês, tentar cantar junto para exercitar a pronúncia. Isso também vale para jogos, séries, canais no YouTube, podcasts, fanfics, além de grupos nas redes sociais", sugere.
Adquirindo habilidades
Para Kenny Morton, que trabalha como Business English Trainer desde 2014, o principal desafio para aprender uma língua estrangeira é manter uma rotina de contato com o idioma que inclua, além de leitura e escrita, a habilidade de comunicação oral. "O ideal é que haja uma prática diária em pequenas doses, de maneira que o cérebro assimile as informações com mais facilidade", pontua.
Segundo Kenny, uma boa opção para melhorar a pronúncia é contratar aulas individuais com professores nativos focados em conversação - mas há várias outras possibilidades para quem não possui recursos ou tempo para esse tipo de curso.
"Se você tem um colega que possui um nível mais avançado de inglês, por exemplo, pode marcar videochamadas ou mandar áudios para simular conversas no idioma, recebendo feedback em tempo real. Para quem possui inglês mais avançado, recomendo também o Toastmasters, plataforma de baixo custo que reúne grupos que buscam melhorar suas habilidades de falar em público", acrescenta.
Para aprender
> A Outliers realiza, dos dias 18 a 21 de agosto, a Maratona Business English, evento online para quem busca aprimorar seus conhecimentos em inglês para negócios. Para participar do curso, composto por quatro aulas, basta se inscrever gratuitamente no site da escola de idiomas: https://bit.ly/31RSdtV
> Quem quiser aprimorar o idioma também pode optar pelos planos de assinatura da plataforma Business Fluency, disponíveis no site https://businessfluency.com.br/
> Para quem quer aumpliar o vocabulário, uma dica é consumir conteúdo de sites de notícias e dicionários online, como o Learner's Dictionary: https://www.learnersdictionary.com
10 termos comuns no Business English
> Assessment: avaliação (ex: performance assessment - avaliação de performance)
> Background: histórico (ex: professional background - histórico profissional
> B2B: business to business (se refere a negócios que vendem para outros negócios)
> B2C: business to consumer (se refere a negócios que vendem para o consumidor final)
> Budget: orçamento
> C-level ou C-suite: se refere às pessoas do mais alto escalão de uma empresa, aqueles que tem cargo que começa com C: CEO, CFO, CMO...
> Features: características, funcionalidades
> Key: chave (KPI = key performance indicator: indicador de performance chave)
> Report: relatório ou verbo reportar
> Skill: habilidade
*Fonte: Ho Mein Mein, co-fundadora da Outliers Academy e idealizadora da plataforma Business Fluency