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Desafio das franquias na pandemia
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Desafio das franquias na pandemia

Como ficou o setor? O que franqueados e franqueadores usam como estratégias para driblar a crise econômica da Covid-19?
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Jhonatan Rego, 36, dono do Homem do Sapato distribui a franquia da marca pelo País
 (Foto: divulgação)
Foto: divulgação Jhonatan Rego, 36, dono do Homem do Sapato distribui a franquia da marca pelo País

Negócios como um todo foram impactados pela crise de Covid-19 e com as franquias não foi diferente. No Brasil, a recuperação do último mês de julho, porém, foi significativa: uma queda média no faturamento de 7,2%, menor que os 48,2% de abril, 41% em maio e 30,1%, em junho. Os dados são de pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em parceria com a AGP. O que, no entanto, difere a condução dos negócios de uma franquia dos demais? Nesta série, o POP Empregos&Carreiras aborda os desafios desse modelo de negócio durante a pandemia.

É que as franquias contam com um franqueador para compartilhar ideias e metodologias de trabalho. Na opinião do diretor regional da ABF, Leonardo Lamartine, chegam a ser mais resilientes. "Porque o franqueador, com certeza, e há os que estão aí há mais de 20 anos operando, já passou por outras crises, sabe como se reinventar, sabe como se transformar digitalmente muito mais rápido do que um negócio independente."

Em relação à participação do franchising por segmento, aqui no Ceará, alimentação corresponde a 26,9% do mercado, enquanto saúde, beleza e bem-estar, 26,3%; em seguida, moda corresponde a 11,3%. Para esses dois últimos, que podem depender do atendimento presencial, foi necessário se adequar durante a pandemia, mesmo que a retomada seja mais rápida. "No caso de estética e de saúde, você não pode usar um e-commerce para aplicar um botox, fazer uma depilação, mas esse setor recuperou muito mais rápido, já está praticamente 100% porque tinha uma demanda reprimida", destaca Lamartine.

Em momentos como este, quando há desemprego, aumenta a busca pelas franquias, de acordo com o diretor regional. "Isso faz com que o mercado esteja aquecido, todas as franqueadoras estão com vendas de franquias", completa.

 

COMO ABRIR UMA FRANQUIA

1

Escolha qual segmento você quer investir (beleza, alimentação, moda, turismo etc.);

2

A partir disso, selecionar quatro marcas do segmento que você escolheu. O portal da ABF disponibiliza mais de 1.800: www.abf.com.br;

3

Solicite a Circular de Oferta de Franquias. É um documento obrigatório por lei, no qual devem ser analisados balanços contábeis, condições contratuais, serviços, históricos.

4

Avalie então se as outras franquias funcionaram bem, se há condições na sua praça. Vale até conversar com atuais franqueados e ex-franqueados;

5

Seleção com o franqueador e, caso ambos fechem negócio, podem partir para a assinatura de contrato e implantação da franquia.

MODA

Comprar sapatos na pandemia? O franqueador cearense Jhonatan Rego, 36, dono da marca Homem do Sapato (@homemdosapato), sabia que nem todo mundo pensaria neles durante o período de quarentena em casa. Por isso, reforçou o atendimento online e direcionou consultores para as vendas via WhatsApp e Instagram na Capital.

Antes de abrir a marca, em maio de 2014, Jhonatan trabalhou em uma franquia de sapatos premium. Ficou conhecido justamente como "Homem do Sapato", porque os clientes não falavam bem seu nome, a princípio. "Eu sou da época que não tinha rede social, tinha que conhecer meu cliente de verdade, entender o que ele gostava, ser amigo dele."

De lá pra cá, a quantidade de modelos de sapatos saltou de 20 para 800; design é autoral, feito por ele e a esposa Renata Braga. "Sempre tinha algumas inspirações de feminino, couros usados só em femininos, alguns mais exóticos, que ninguém tinha coragem, a gente foi rompendo as barreiras", diz ele.

As três primeiras franquias - João Pessoa, Salvador e Teresina - começaram a funcionar no fim de 2016, quando ele desenhou uma formatação própria: "Meus royalties são no faturamento bruto, em compensação, eu só ganho se você ganhar, tem um franqueador que tem que trabalhar com ele em conjunto, 50x50. No final de 2019, abrimos Manaus e, em julho deste ano, São Luís. Agora, Recife."

Uma das estratégias na pandemia foi a do cliente experimentar em casa. "A gente começou a mandar para muitos clientes antigos, eles ficavam com três, quatro, cinco pares, depois a gente mandava buscar com todos os cuidados. O bacana não foi nem só de faturamento, foi esse contato que a gente não perdeu", explica.

E rendeu, porque, segundo ele, por mais que o site tenha todas as informações do produto, o atendimento de alguém explicando detalhes, mesmo de forma virtual, é diferencial. "Hoje, clientes compram no site se não tiver na praça. [Devido ao] Tempo, preço de frete." A ação de experimentar os sapatos em casa continua, mesmo com a reabertura da loja. "A expectativa agora é retomar os números [pré-pandemia] em dezembro. Se a gente vender 20% a menos do que no ano passado, já é uma vitória", diz.

UNIDADES NO CE

2º tri 2019 - 2.181

2º tri 2020 - 2.322

FATURAMENTO NO CE
(EM BILHÕES)

2º tri 2019
- 0,835

2º tri 2020
- 0,596

Fonte: Desempenho Franchising 2020

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