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Perspectivas para as franquias no pós-pandemia
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Perspectivas para as franquias no pós-pandemia

Projetando recuperação mais fácil do que negócios independentes, franquias veem futuro com otimismo
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Sara Rocha, franqueada Kumon, já conta novos alunos (Foto: João Filho)
Foto: João Filho Sara Rocha, franqueada Kumon, já conta novos alunos

Qual o novo "normal" para as franquias? Quando o setor se recupera? No pós-pandemia, os negócios em geral passam a olhar com muito mais atenção para os clientes. São eles os responsáveis pela receita, pela divulgação orgânica da marca. A Associação Brasileira de Franchising (ABF) estima que a grande maioria das franquias já estará 100% restabelecida em dezembro. Porém, será necessário fortalecer a rede de franqueadores e franqueados, compartilhar informações.

A recuperação mais rápida do que negócios independentes é possível porque a franquia "tem várias cabeças pensando, tem vários mercados", avalia o diretor regional da ABF, Leonardo Lamartine. Mas, diz ele, o novo "normal" para as franquias é muito parecido com o novo normal geral: "A transformação digital, a gente entende que não é só a questão da tecnologia, mas a mudança de cultura, de uma forma geral. Tanto no franqueador como no franqueado, há uma mudança de cultura nesse sentido. A estrutura interna da franqueadora vai abrir um reforço em si da estrutura de marketing, investir cada vez mais off-line para ser online, também a questão do trabalho cooperativo."

O sócio-diretor do Grupo MDCom, Denis Santini, destaca a importância do franqueado entender o próprio consumidor e, assim, ultrapassar o desafio de se destacar em meio a tanta oferta. "É muita disseminação de informação, de todos os lados, muitas delas não tão idôneas. Uma das coisas que a gente mais aprendeu durante a pandemia é que quem tinha ferramenta de CRM, de análise, guardar dados e informação do cliente, tem conseguido agora fazer trocas, cruzamentos de informação e pode oferecer produtos e serviços de forma direcionada."

Para Denis, que também é professor da Fundação Instituto de Administração (FIA) no MBA Internacional de Franquias e Varejo, franqueados devem, inclusive, cobrar dos franqueadores a troca de experiências. Isso sem esquecer de, também, cumprir seu papel dentro da rede. "Corra atrás, vá buscar melhores práticas, converse com outros franqueados da sua própria rede, de outras marcas, acesse o portal da ABF, que tem colocado informação e muitos cases de boas práticas. Entenda sua região, entenda seu cliente, converse com seus funcionários, aproxime-se da sua equipe mesmo a distância, entenda esse relacionamento para poder oferecer o melhor serviço", completa.

 

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Acompanhe a série:

Franquias em tempos de pandemia
Acesse: https://bityli.com/2Rff8

 

REINVENÇÃO

Redes de odontologia, redes de beleza como o Budha Spa investiram e cresceram oferecendo serviços em casa;

Escolas de idiomas incrementaram as aulas online;

Redes de varejo investiram no e-commerce;

Redes de alimentação como o caso da franquia do Rei do Mate dentro de uma universidade em SP investiram no delivery e no aumento de parcerias nas regiões.

 

ABF

Entidade associativa fomenta ambiente de negócios para as franquias e oferece capacitação técnica. Mais informações: https://www.abf.com.br/

 

"P" de "Phranqueado"

Denis Santini é autor do livro "Marketing para Franquias" e, logo no primeiro capítulo, ele cita um 5º "P" do mix de marketing. "O P de phranqueado, tomei a licença poética, no passado se usava PH para o som de F, mas, brincadeiras à parte, somente no modelo de franquias existe o franqueado, esse elemento dentro da operação é um dos principais diferenciais no marketing. Muitas vezes, é o primeiro cliente da marca." O franqueador experiente entende esse papel e sabe como "usá-lo a seu favor, entender suas expectativas e suas dores".

 

EDUCAÇÃO

O modelo de orientação individualizada do Kumon, com exercícios na base de papel e lápis, ganhou novos contornos na pandemia. A franqueada da unidade Washington Soares, Sara Rocha, 38, contratou um motoboy para deixar em casa as atividades dos alunos, logo no início do surto de coronavírus. "Nem todo pai queria sair para pegar esse material. Aí a gente começou a testar dar aula pelo WhatsApp, de vídeo. Ninguém estava falando de aula remota para criança. E deu certo", diz.

Tão certo que a unidade de Sara fechou o último mês com 391 estudantes matriculados, apenas um a menos da quantidade de abril. Ela chegou a perder alunos, sim, mas ao organizar grade de horários e calendário de aulas remotas, viu os próprios clientes indicarem o curso a outras pessoas. "A gente ficou com 302 em abril, teve esse primeiro susto. A partir de maio, não fechamos nenhum mês mais em negativo, de maio em diante conseguimos matricular várias crianças, principalmente de até seis anos. Acredito que agora em outubro a gente consiga ter um dos maiores faturamentos do ano."

Psicóloga, Sara é filha de outra franqueada do Kumon. Em 2003, assumiu a franquia própria quando as disciplinas trabalhadas eram português e matemática. Há cerca de cinco anos, foi lançado o curso de inglês. "Eu trabalhava com minha mãe em alguns horários livres e fui convidada pelo Kumon porque eles tinham urgência de encontrar alguém que já conhecia [a metodologia]. Na época, tinha 16 alunos, topei o desafio muito pela localização do lugar, eu sabia que era muito bom", lembra.

Além da mãe, franqueada da unidade Kumon Fortaleza-Iguatemi, o irmão de Sara assumiu a franquia do Kumon no bairro Dionísio Torres. "A gente faz trabalho de divulgação juntos, alguns eventos para estimular os alunos, e eles também tiveram resultados excelentes na pandemia. O Kumon é mundial, a gente teve muita informação vinda de fora, o que estavam fazendo na Coreia do Sul. Na rede Brasil, teve muita palestra, muita troca remota que ajudou muito", conta.

As aulas presenciais do Kumon foram retomadas no início de setembro, seguindo recomendações do governo. Para algumas crianças, o formato remoto continua a ser disponibilizado. "As crianças que já faziam Kumon na pandemia vivenciaram com tranquilidade as aulas remotas da escola, até surpreendeu a mim a quantidade de feedback positivo. Aquela coisa de autoestima [da criança] fortalecida, o aluno feliz por saber o conteúdo", explica.

 

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