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O poder do pensamento paralelo
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O poder do pensamento paralelo

Como elaborar pensamentos e estabelecer conclusões de forma muito mais autêntica
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Você já parou para pensar em "como" você pensa? Ou seja, quais os critérios que você usa para construir seu próprio pensamento? E se é possível melhorar a qualificação do nível de pensamento e a análise de assuntos ou problemas? Pois bem, a educação enquanto processo de aperfeiçoamento humano precisa se preocupar muito mais que a mera instrução, mas, dentre outras coisas, pela qualidade do processo de construção do pensamento. Esse artigo oferece a você uma forma mais autêntica e aperfeiçoada de elaborar seus próprios pensamentos e estabelecer conclusões. Tive a oportunidade de conhecer essa técnica durante minha capacitação internacional na Finlândia através do Programa Teachers for the Future patrocinado pela CAPES.

Tradicionalmente, a forma de discutir um assunto qualquer (aborto, legalização das drogas, redução da maioridade penal...) é pela confrontação de ideias em dois polos, aquele que é a favor e o que é contra. Mas seria essa a única forma de investigar e discutir um assunto? Ou poderíamos trabalhar mais com a investigação cooperativa entre os membros?

A técnica dos Seis Chapéus de Pensamento (The Six Thinking Heats) foi criada por Edward De Bono e consiste em uma poderosa ferramenta para estimular e aperfeiçoar o pensamento paralelo através de seis "tipos" ou "frequências" de pensamento. Por exemplo, caso quiséssemos discutir um tema bem atual: "o uso de agrotóxicos na agricultura", precisaríamos, de acordo com a técnica, avaliar as diferentes perspectivas que atravessam o tema.

Funciona da seguinte forma, seis cores de chapéus representam seis qualidades de pensamento, a saber: Chapéu Branco (factual), Chapéu Vermelho (emocional), Chapéu Preto (crítico), Chapéu Amarelo (positivo), Chapéu Verde (criativo) e Chapéu Azul (Facilitador). Tais chapéus representam a frequência de pensamento que será coordenadamente explorada ao longo da investigação de um tema por equipes de trabalho.  

Importante notar que esses chapéus, na maioria das vezes, são representados simbolicamente, ou seja, o professor irá guiar os alunos nas atividades dizendo o momento de colocar cada "chapéu imaginário" na cabeça e com isso despertar o tipo de pensamento correspondente, pois na prática, dificilmente as escolas teriam à disposição os "chapéus físicos" para serem utilizados no emprego desse formidável método.

A ideia é oferecer um tema de discussão que será analisado pelos diferentes chapéus apresentados em uma ordem que pode variar conforme o tempo disponível para execução. Resumidamente, no chapéu branco serão exploradas informações neutras sobre o assunto, tais como: - O que são agrotóxicos? Quais os tipos? Como são usados? Quando foram criados? Sob que circunstâncias? (...). No chapéu vermelho, poderiam ser feitas perguntas de natureza emocional: - Como me sinto em relação aos agrotóxicos? - Sinto-me implicado com isso? - O que a intuição me diz sobre os Agrotóxicos (...). No chapéu preto serão buscados argumentos críticos, mas bem fundamentados acerca dos agrotóxicos, tais como: - Quais os riscos? 

Ameaças? Potenciais problemas? Problemas já constatados. (...). No chapéu amarelo, diverso do anterior, serão buscados os argumentos positivos ou benefícios que poderiam ser advindos dos agrotóxicos, tais como: - Quais as oportunidades? As boas possibilidades? Os benefícios já comprovados? (...). No chapéu verde, o criativo, seriam buscadas as alternativas ainda não implementadas para o problema ou assunto. Por exemplo, daria para reduzir o uso de agrotóxicos utilizando-se controladores biológicos (insetos que comem outros insetos)? Ou poderíamos usar plantas repelentes? Criação de armadilhas para as pragas? (...). Já no chapéu azul, chamado de facilitador, pois é ele quem administra as regras da técnica e traz as conclusões, poderiam ser feitas perguntas como: - Qual foi nossa conclusão? Quais serão nossos próximos passos? - Quais chapéus pesaram mais em nossas cabeças nas conclusões? (...)

Recomendo a todos os leitores, especialmente aos Educadores, que conheçam mais detidamente essa poderosa técnica metacognitiva. Pois mais importante do que ensinar ou "repassar" conteúdos é qualificar a capacidade de pensamento, conferindo um nível maior de autonomia cognitiva para analisar sob diferentes prismas ou frequências de pensamentos, os inúmeros assuntos que nos chegam diariamente.

 

Igor de Moraes Paim

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE

Doutor em Educação

 

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