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No Dia Internacional da Animação, saiba onde, em Fortaleza, estudar e trabalhar na área
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Paulo Filho é artista 3D freelancer e leciona disciplina de Videografismo (Foto: CAMI)
Foto: CAMI Paulo Filho é artista 3D freelancer e leciona disciplina de Videografismo

Em 28 de outubro de 1892, o inventor francês Charles-Émile Reynaud apresentava, em Paris, a primeira sessão de "Pantomimes Lumineuses", série de três curtas-metragens que são considerados os primeiros filmes de animação. Por isso, nesta segunda-feira, 28 de outubro, é comemorado o Dia Internacional da Animação. Apesar das limitações tecnológicas daquela época, os filmes já contavam com elementos como roteiro, trilha sonora e diálogos.

Nos 127 anos desde então, o setor de animação se tornou uma grande indústria, diferente do próprio cinema, com a capacidade de realizar potenciais tão distintos como o artístico e o comercial. Mas como ingressar nesse mercado? Existem oportunidades de estudo e trabalho? O POVO conversou com estudantes, profissionais e professores da área para descobrir como aprender e ganhar dinheiro com animação em Fortaleza.

Escolas privadas e equipamentos públicos ofertam cursos de animação, além das graduações universitárias. Não existe, porém, formação superior específica em animação no Ceará: quem busca uma faculdade que permita trabalhar nesse segmento precisa estudar em cursos como Design Gráfico, Cinema e Audiovisual ou Sistemas e Mídias Digitais. Nesses cursos, além da parte de animação, o estudante aprende também o ofício de outras áreas.

Para cursos específicos há diversas alternativas na Cidade, com níveis do iniciante ao avançado. Há opções como a Art & Cia; a Casa Amarela Eusélio Oliveira (CAEO), vinculada à Universidade Federal do Ceará (UFC); os Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esportes (Cucas), da Prefeitura; e os equipamentos do Instituto Dragão do Mar (IDM), do Governo do Estado.

Marcilene Damasceno, 22, estuda Sistemas e Mídias Digitais na UFC e é estagiária de design. Antes de ingressar na faculdade, já havia feito cursos de animação no Cuca e na Casa Amarela. Na graduação, Marcilene se aprofundou no assunto. Segundo ela, além do conhecimento teórico e prático, parte importante do processo de aprendizado é observar outros trabalhos, sendo necessário "constante observação do natural e muita referência visual". "Todo dia eu salvo referências e trabalhos que considero interessantes esteticamente para ter uma base e saber onde quero chegar", explica.

O curso de graduação também pode ser a porta de entrada para quem busca não apenas adquirir conhecimento, mas repassá-lo. Gabriel de Paula, também estudante de Sistemas e Mídias Digitais, dá aulas de animação para estudantes da rede pública, em um projeto de extensão da Universidade. Nas aulas, Gabriel foca na técnica de stop motion, pois um filme do tipo "pode ser facilmente criado com apenas um celular e muitas ideias, abrindo a possibilidade de desenvolvimento criativo em jovens e adolescentes".

Marcilene e Gabriel tiveram aulas com Paulo Filho, graduado em Sistemas e Mídias Digitais (UFC) e atualmente professor do curso. Trabalhando também como artista 3D freelancer, Paulo iniciou o desenvolvimento profissional na faculdade e fez intercâmbio na Inglaterra. Ele leciona a disciplina de Videografismo, que trabalha diretamente com animação, e aplica conceitos da área em outras cadeiras, como modelagem 3D e design de interfaces. Mesmo trabalhando como freelancer com clientes de fora do estado, Paulo explica que é difícil se manter apenas trabalhando com animação, sendo necessário realizar outros serviços relacionados a design e audiovisual.

 

Animação à cearense

Claudio Martins, animador, professor e coordenador da Art & Cia, entende que o mercado local é promissor, mas ainda nos estágios iniciais. Segundo ele, a área de publicidade tem gerado uma demanda significativa para animação, mas o meio artístico carece de oportunidades. Uma das soluções encontradas por Claudio e por outros entrevistados tem sido a realização de trabalhos para fora do Estado ou mesmo do País, onde o mercado é mais desenvolvido. É necessário ter em mente que, nestas situações, também haverá mais concorrência, por vezes de profissionais com melhor capacitação e equipamentos mais avançados.

Para Brenna Cavalcante, 25, o mercado local foi o espaço para avançar na carreira. Ela iniciou no audiovisual editando videoaulas, o que a levou a utilizar programas de efeitos visuais e começar estudos em computação gráfica. Atualmente, Brenna trabalha com animação digital em uma produtora de vídeos educacionais. Ela relata que o preconceito com a animação produzida no Nordeste ainda é grande: as produtoras nacionais reclamam do sotaque nos diálogos e, por vezes, solicitam que a voz seja feita por pessoas de outros locais, o que atrapalha o fluxo de produção e inviabiliza artistas locais. Outra dificuldade apontada por ela é o machismo na indústria, composta majoritariamente de homens, que por vezes julgam as mulheres animadoras como inexperientes ou menos capazes.

Arte e multidisciplinaridade

Produzir uma animação envolve muito mais que apenas a parte visual. Como em qualquer filme, existe roteiro, storyboard, produção, direção e até mesmo atores, que dão voz aos personagens animados. Segundo Vinicius Augusto Bozzo, que produz, dirige e atua em filmes de animação, a experiência multidisciplinar ajuda muito no trabalho. Filho de atores e produtores de teatro, desde criança Vinicius esteve no ramo artístico. Já adulto, estudou Jornalismo, Administração e Letras, além de atuar com produção e roteiro em audiovisual. Ele destaca que não apenas de formação acadêmica se faz a área, como lembra o artista autodidata Diego Akel. "Aprendi e aprendo experimentando, desenvolvendo minhas formas e ferramentas de fazer animação, pesquisando e estudando o tempo todo", diz ele, que avalia que as escolas locais focam apenas em aspectos do mercado, não oferecendo capacitação para quem busca seguir carreira artística. Para Diego, o importante na evolução como artista é construir uma rede de relacionamentos com outros autores, nacionais e internacionais, e participar de eventos na área para angariar referências e desenvolver um estilo próprio.

Técnicas de animação

Existem diversas maneiras de criar imagens animadas. É possível trabalhar com sequências de fotos, com desenhos em papel, ou com animação criada totalmente pelo computador.

• Na animação analógica, os desenhos são feitos quadro a quadro em papel, digitalizados e transformados em um filme;

• Na técnica de stop motion centenas de fotografias, cada uma com mudanças sutis em relação à anterior, são exibidas em uma sequência, que forma a animação;

• A computação gráfica abrange várias técnicas de animação criadas em computador. Em duas ou três dimensões, podem ser criadas com modelagem ("escultura digital" que recebe movimento), quadro a quadro (similar à analógica) ou por captura de movimento (sensores na roupa de um ator gravam os movimentos e transferem para o computador).

Cursos em Fortaleza

Art & Cia

Onde: Av. Monsenhor Bruno, 417 - Meireles

Telefone: (85) 3023.7201 / (85) 98820.7775

Casa Amarela Eusélio Oliveira (CAEO)

Onde: Av. da Universidade, 2591 - Benfica

Telefone: (85) 3366.7772

Rede Cuca

Onde: Barra do Ceará, Mondubim e Jangurussu

Mais informações: juventude.fortaleza.ce.gov.br

Instituto Dragão do Mar (IDM)

Onde: Rua Dragão do Mar 81, Praia de Iracema

Telefone: (85) 3488.8600 / (85) 3488.8608

Semana da Animação do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ)

Quando: 28/10 a 5/11

Onde: Rua Três Corações, 400

Mais informações: diadanimacao.com.br/

Cursos de Animação no Brasil

Cinema de Animação e Artes Digitais - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Cinema de Animação - Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Animação - Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)

Desenho de Animação - Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

 

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