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Para fortalecer o feminino
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Para fortalecer o feminino

Você tem um negócio e está disposta a aumentar o potencial transformador da sua empresa no mundo? Conheça alguns caminhos!
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Claudia Politanski, vice presidente Itaú (Foto: divulgação)
Foto: divulgação Claudia Politanski, vice presidente Itaú

A mulher está atrás do homem no empreendedorismo por N questões. No Brasil, quando o comando do próprio negócio é estimulado pela necessidade e não pela oportunidade, o homem sai na frente porque ele se arrisca mais, e a mulher é mais cuidadosa. É mais precavida, tem menos predisposição a errar. Essas são constatações apresentadas pelo programa Itaú Mulher Empreendedora. Para revolucionar esse cenário, a instituição privada oferece uma série de capacitações para estimular o empreendedorismo feminino e fazer crescer o alcance do microcrédito.

"Dados estatísticos do Itaú mostram que, se a mulher não tivesse uma ação afirmativa, [ela] não teria o desenvolvimento necessário para se tornar relevante. Não é uma coisa só brasileira, mas com a desigualdade social do Brasil isso é mais evidente. Começamos a olhar para a nossa carteira de clientes e, no nosso segmento de PJ, a diferença é gritante. As mulheres têm menor faturamento, são as que menos pedem crédito para investir no negócio e têm a maior dificuldade de mostrar potencial de adquirir crédito. Mostram que essa corrente diminui um pouco para a condição da mulher. Se a gente não fizer um esforço de empoderar as mulheres, de dar capacitação, de quebrar esse ciclo, elas ficam — apesar do potencial — com nível de pequenas empresas", conta Luciana Nicola, superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú Unibanco.

Luciana conta ainda que, à medida que o tamanho das empresas cresce, as mulheres desaparecem das listas. Esse foi um dos principais motivos para o Itaú — em parceria com a IFC, braço privado do Banco Mundial, com aceleração da Yunus Corporate e FGVCenn e apoio da Pipe.Social — desenvolver um programa para estimular o empreendedorismo feminino. Sem se preocupar em parecer discriminatório, o programa aponta para as dificuldades das mulheres. Já são 5 anos de atividades.

Entre as dificuldades do empreendedorismo feminino está o traço cultural. As mulheres são criadas de forma diferente da dos homens, são fragilizadas desde pequenas e têm muito mais responsabilidades do que eles. "A mulher trabalha o dia inteiro, [quando] chega em casa tem que dar conta de saber o que é o jantar e se a roupa está limpa, tem que ir na escola do filho, preparar a lancheira do dia seguinte", reflete Luciana. Até delegar é uma função.
O homem tem muito mais tempo para se dedicar. Mas as mulheres têm essas questões que são um adicional de exigência. Outro dado recente aponta que o envelhecimento da população traz para as mulheres a obrigação de cuidar dos idosos em casa. Essas são algumas questões que Luciana pontua como dificuldades que as mulheres enfrentam para se dedicarem com exclusividade ao negócio.

Isso não acontece só pelo fator cultural, mas porque outras mulheres reforçam esse comportamento também. Luciana conta da própria experiência de vida: ela é provedora financeira em casa, quem leva o filho para a escola é o marido. E ela diz que sofre bullying das outras mães, até da fonoaudióloga. "A questão da sororidade é muito importante, porque precisamos nos fortalecer como grupo. A gente precisa quebrar esse tabu, se apoiar mais. A gente tem que ter ações afirmativas para mulheres empreendedoras porque é uma condição diferente sim."

Na periferia, essa mulher empreendedora é o remo da casa. A jornada é muito mais pesada para mulher do que para o homem, não dá para fechar os olhos para um traço cultural tão relevante. "Para as mulheres de periferia, o trabalho é ainda mais especial, porque ela sequer se reconhece como empreendedora. Para ela, é uma condição de sobrevivência. Um dos nossos focos de 2020 é como trazer essa base para o microcrédito".

O empreendedorismo é libertador, empodera, e o poder de impacto no entorno na periferia é muito maior. A mulher emprega o dinheiro que vai ganhar na comunidade, fortalece a economia local. "No mundo todo, nos programas de microcrédito, a mulher é o centro. É quem tem mais cautela e quem vai agregar pessoas do entorno. É assim na Índia, por exemplo", conta Luciana.

Maira Machado, gerente de negócios inclusivos e empreendedorismo do Itaú Unibanco, diz que os formatos do programa têm se alterado para chegar a essa mulher da periferia, que enfrenta muitas vezes o desafio de tempo. "Tocar um negócio sozinha e sair para ir a um evento ou a um curso é mais difícil. As 'quebras' de pessoas que têm negócios menores é maior. Uma experiência interessante foi um curso via WhatsApp, pílulas de conhecimento pelo celular", conta.

*A jornalista viajou a convite do Itaú

Cronograma Aceleração Itaú Mulher Empreendedora

29/11 Encerramento das inscrições

até 13/12 Resultado

16 a 18/12 Entrevistas com pré-finalistas

20/12 Anúncio das finalistas

Fevereiro a Maio de 2020 Aceleração Yunus Brasil

Características do empreendedorismo feminino

Dificuldade de se enxergar dona do próprio negócio

A Figura tradicional do empresário bem sucedido é um homem branco, na capa da revista Exame. Quando tem mulher é porque é edição especial mês da mulher. Daí nasceu o pilar de inspiração do Itaú Mulher Empreendedora. Tem muita mulher empreendendo, vamos dar espaço para essas mulheres contarem suas histórias.

Tendência a terceirizar gestão financeira

"Ah, não sou boa de matemática". Há sempre uma figura masculina fazendo essa gestão, até porque o mundo financeiro é feito de códigos muito masculinos. Porém, as mulheres podem ser até mais efetivas em gestão por serem mais cuidadosas. Importante o pilar da capacitação, analisa o programa.

Mulheres tendem a ter redes de contatos mais restritas

Seja porque têm que estar em casa com os filhos, seja porque têm que lidar com outras demandas. "A mulher tem menos tempo para network, se você chama chefe homem para tomar uma cerveja você pode ser mal interpretada. Isso também dificulta para fazer negócio", refelte Maira Machado, gerente de negócios inclusivos e empreendedorismo do Itaú Unibanco. Daí surge um terceiro pilar, que é conexão.

Os empreendimentos tendem a ser menos inovadores

As mulheres investem em coisas que fazem parte do mundo delas. "Vemos menos um viés mais tecnológico, a mulher empreendedora tem uma tendência a ser conservadora. É um desafio grande acreditar em propostas inovadoras.

A mulher, quando se vê empreendedora, se vê sozinha

"Ela busca menos capacitação e muitas vezes não tem apoio nem da família. São as dores do crescimento que tendem a paralisar as mulheres mais do que os homens", aponta Maira. Muitas vezes tem o medo de crescer e levar ao afastamento da atividade prazerosa que a levou a empreender, é uma barreira psicológica.

O curso

É realizada uma seleção. Até seis mulheres, de cinco regiões do País, participam de cada turma. Serão 80 horas de capacitação, apoio, encontros coletivos, mentorias especializadas e personalizadas a partir das necessidades e desafios que as líderes femininas enfrentam para aumentar o impacto social e os resultados financeiros de suas soluções. Ao todo são três encontros, de três dias cada, na cidade de São Paulo, no primeiro semestre de 2020.

Durante o processo, as participantes serão encorajadas a desenvolverem competências e habilidades em assuntos como negócios e liderança feminina, oportunidades de crescimento, finanças, acesso a capital e produtos financeiros, estratégia de marketing e gestão de pessoas, entre outros temas. Além disso, a capacitação e a mentoria irão ajudar as empreendedoras a planejar, medir e escalar a transformação positiva que os negócios podem causar no mundo.

As candidatas devem ser proprietárias ou sócias do negócio, estar dedicadas integralmente à iniciativa e envolvidas nas estratégias da organização. Além disso, o negócio deve ter potencial para atingir ou ter atingido a sustentabilidade financeira. O processo seletivo levará em conta alinhamento com o tema da chamada, clareza na definição do problema endereçado e da solução oferecida, potencial de transformação ambiental e social, maturidade do projeto, oportunidade comercial e potencial de mercado, abertura para rever estratégias do negócio para crescer e aumentar o potencial transformador e estar presente nas atividades. Além disso, será outro critério a composição da turma com diversidade racial, de orientação sexual, origem e região, além de diferentes segmentos de mercado.

As inscrições no Programa de Aceleração Itaú Mulher Empreendedora vão até 29 de novembro: http://bit.ly/ItaúMulherEmpreendedora

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milhões de mulheres empreendem no Brasil

Participe!

O programa Aceleração Itaú Mulher Empreendedora vai impulsionar mulheres a mudar o mundo por meio de negócios com alto potencial de transformação socioambiental.

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