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Vegano e lucrativo

Conheça as oportunidades de um mercado saudável e ecologicamente correto
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Veganismos envolve itens como cosméticos e produtos de higiene não testados em animais (Foto: Priscila Smiths/Especial para O POVO)
Foto: Priscila Smiths/Especial para O POVO Veganismos envolve itens como cosméticos e produtos de higiene não testados em animais

A ideia de excluir produtos de origem animal não só da dieta mas também dos hábitos de consumo, por questões ambientais ou de saúde, vem se alastrando mundialmente. O estudo Global Food and Drink Trends 2030 (Tendências Globais de Comida e Bebida 2030), da empresa de pesquisa de mercado Mintel, indica que os consumidores se tornaram mais conscientes, considerando o meio ambiente e os impactos éticos de suas dietas e apoiando empresas que os façam se sentirem mais justos em relação ao uso de recursos naturais. Assim, posteriormente, o consumo de produtos de origem animal será ocasional.

Apesar do Brasil ter sido o terceiro país que mais consumiu carne bovina no mundo, totalizando 24.6 kg per capita, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), pesquisas apontam que o vegetarianismo e o veganismo também cresce em território brasileiro. Desde 4 de janeiro de 2015, a quantidade de pesquisas pelo termo "vegano" na internet representa um gráfico crescente. É o que aponta o Google Trends, ferramenta do Google que revela os termos mais buscados no site. Entre os dias 22 e 29 de dezembro de 2019, o termo atingiu o ápice de popularidade no Brasil em relação às pesquisas, segundo a plataforma.

Com foco no não consumo direto de carne, o veganismo vai muito além da alimentação. O estilo de vida envolve itens como peças de roupa, cosméticos e produtos de limpeza. É nesse contexto que a Cativa Natureza surge para dar mais possibilidades aos adeptos do conceito. A marca, que nasceu em 2008 em Curitiba e está presente em Fortaleza desde 2014, comercializa produtos de beleza e higiene com insumos rastreados pela IBD, que certifica itens orgânicos na América Latina. Os cosmético também não apresentam derivados animal, petróleos, químicas sintéticas e não realizam testes em animais.

Para a proprietária da marca em Fortaleza (@cativanaturezafortaleza), Alana Parente, "as pessoas estão buscando cada vez mais qualidade de vida. O cearense está mais informado, gerando um consequente crescimento do mercado". Ela conta que, enquanto seis anos atrás a maioria dos clientes eram pessoas que precisavam utilizar produtos sem nenhum tipo de química nociva e não tinham conhecimento sobre cosméticos orgânicos e veganos, hoje o público se diversifica, também, entre seguidores e simpatizantes da causa e pessoas que buscam opções mais saudáveis.

"As pessoas entenderam que usar nosso tipo de produto não é mais uma necessidade clínica, e sim um hábito na busca de uma melhor qualidade de vida. Nossos desodorantes, por exemplo, não contém alumínio ou nenhum de seus derivados, que podem contribuir para o desenvolvimento de possíveis problemas nas glândulas mamárias. A grande consequência disso tudo é a saúde do cliente. Acreditamos que é possível conciliar o cuidado pessoal e o cuidado com o mundo", explica Alana.

Outro estabelecimento que busca expandir essa cultura por Fortaleza é o restaurante Pachamama (@pachamamacultural). Com opções veganas de petiscos, hambúrguer, salgadinhos e um ambiente de barzinho regado a música, a missão da idealizadora Karolina Magalhaes desde 2015 é fazer não veganos conhecerem esse novo mundo. "A gente funciona de noite e é meio que um espaço cultural, que se diferencia pela socialização, então muitas pessoas não veganas acabam atraídas para cá espontaneamente e podem quebrar paradigmas", relata.

Karolina diz que cada vez mais pessoas se interessam pelo estilo de vida, tanto por motivos de saúde quanto por vontade de impactar o mundo positivamente. O objetivo dela é iniciar um novo projeto de alimentos congelados ofertados em locais como supermercados e lojas de conveniência, para que as pessoas tenham outras opções de alimentos veganos, além de refeições como o almoço, mais comumente vendidas.

Diferença

Vegano

Não consome nada de origem animal, tanto na alimentação como em outros produtos.

Vegetariano

Não come carne, peixe e aves, mas consome outros produtos de origem animal.

Opção vegana

A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) oferece uma cartilha com instruções sobre produtos e receitas para estabelecimentos que desejam ofertar pratos veganos. Confira em: https://opcaovegana.svb.org.br/assets/svb_cartilha_opcaovegana2.pdf

Selo vegano

Gerenciado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), certifica produtos no ramo alimentício, químico e vestuário a partir de três critérios:

• Produto sem ingredientes de origem animal

• Empresa não testa produto finalizado em animais

• Fabricantes fornecedores não testam os ingredientes em animais

O objetivo é divulgar os produtos certificados e garantir ao consumidor a qualidade do item

Fonte: Ibope abril 2008

O quanto você concorda ou discorda: "Sou vegetariano"

66% - Discorda totalmente

15% - Discorda parcialmente

5% - Não concorda nem discorda

6% - Concorda parcialmente

8% - Concorda totalmente

Potencial e desafio

O caju e a jaca devem ser as grandes apostas da cena vegetariana no Ceará. É o que acredita a professora de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mattu Macedo. A especialista indica que a fibra dessas duas matérias-primas podem se transformar em pratos como picadinho, vatapá, moqueca, almôndega, hambúrguer, coxinha, entre outros.

Apesar das possibilidades, Mattu explica que a comida vegana ainda é cara e a quantidade de restaurantes em Fortaleza é reduzida. Além disso, esses estabelecimentos costumam estar presentes em áreas nobres, excluindo a população periférica, que se mostrou a maioria vegetariana na pesquisa do Ibope de 2018.

Mesmo concordando em relação à dificuldade de acesso ao estilo de vida, a cozinheira Magali Leite, vegetariana há oito anos e vegana há quatro, garante que a quantidade de restaurantes vegetarianos e veganos em Fortaleza só cresce. "Há oito anos tinha só uns dois restaurantes na Cidade, e eu fui acompanhando esse crescimento. Antes eu conseguia contar nos dedos e hoje eu já perdi as contas", relata.

No entanto, Magali continua enfrentando dificuldades para levar o estilo de vida vegano. Ela destaca que os restaurantes comumente tem foco apenas em almoço, e no supermercado é difícil encontrar opções prontas. Para além da alimentação, produtos de limpeza, por exemplo, são raros e apresentam preços pouco acessíveis. "Vou procurando as marcas que confio, mas muitas vezes não tem e acabo comprando outras. Acho que não é possível ser 100% vegano em Fortaleza. Mesmo produtos que não contém ingrediente animal ainda tem a chance de serem de empresas que fazem testes em bichos", explica.

Consumo vegano

Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) em abril de 2018, com 2.002 entrevistados de 142 municípios, 40% dos participantes responderam que consumiriam mais produtos veganos se eles tivesse o mesmo preço daqueles que estão habituados a comprar, e 33% afirmaram que consumiriam mais produtos veganos se essa condição fosse indicada na embalagem. Dentre os entrevistados, 8% concordaram totalmente com a afirmação "sou vegetariano". Desse total, a maioria era representada por nordestinos (10%) e cidadãos das classes D e E (12%).

Para empreender no mercado vegano

1

Levante a bandeira: para atrair um público vegano e até vender sua ideia para quem consome carne, é preciso acreditar nesse estilo de vida.

2

Tenha estrutura alinhada à cultura veggie: não adiantar vender produtos veganos e não ser sustentável dentro da sua loja. É bom buscar formas de reciclar o lixo e economizar energia e água.

3

Conheça o público: a partir do momento que você decide investir neste mercado, é preciso também pesquisar o assunto e mercanismos para atrair clientes.

4

Faça um plano de negócios: a partir deste documento, você poderá estabelecer objetivos e evitar erros.

Fonte: Sebrae e SVB

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