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O assunto é mercado imobiliário, mas o riso percorre a fala de Pio  Rodrigues ao falar de poesia. Fundador e presidente da C.Rolim  Engenharia, construtora com 40 anos no mercado cearense, ele conta nos  dedos não edifícios, mas as obras artísticas. “São dois livros de  poesia, dois CDs, continuo compondo, tenho três canções novas com  Francis (Hime), tem coisa nova com Marcos Lessa, com Danilo Caymmi e por  aí vai”. Ao falar de obras defende a missão sustentável da empresa.  Acredita que o cliente paga sim pelo valor agregado de quem se preocupa  em mitigar os danos ambientais. Na entrevista a Jocélio Leal, chama a  economia brasileira de trem fantasma, mas garante ter crescido 65% em  2017 em relação a 2016. E quando a maior parte do setor lamenta ter que  escoar estoque, a C.Rolim fala sobre novo lançamento. Não anuncia o  endereço, mas apresenta tecnologia inédita de captação de energia solar  na fachada e irrigação de jardim externo com água de reuso dos ar  condicionados. 
 
 OP – Onde a C.Rolim Engenharia ainda quer voar?
Pio - Nós da C. Rolim Engenharia temos uma visão muito concreta e  consolidada, não temos nenhuma dúvida do tamanho que queremos ser e qual  é nossa inserção no mercado. Nós queremos ser uma empresa altamente  qualificada que trabalha com um mercado de alto padrão, na praça de  Fortaleza e nada mais. E que seja reconhecida como uma empresa que  trabalha com três pilares: credibilidade, qualidade e sustentabilidade.  Uma vez ouvi do João Rossi,  que foi um dos maiores construtores do  Brasil, que eu tinha uma boutique de engenharia. (risos) Eu adoro a  minha boutique de engenharia. Não queremos avançar para ser a maior,  queremos ser a mais qualificada. Com a tecnologia que hoje a construção  civil dispõe para trabalhar, não dá para fazer muita coisa com alta  qualidade. Então é melhor se manter numa faixa de mercado. Isso é muito  da filosofia do Grupo que é conservador, mas com muita qualidade.
 
 OP – Como trabalhar um posicionamento como esse num mercado restrito como Fortaleza? 
Pio – Nós não estamos tendo nenhuma dificuldade. O trabalho não começou  hoje, começou há 40 anos. Buscamos a melhor assertividade possível para  nossos produtos. O sujeito para permanecer no mercado tem que ser  extremamente competente. Mas ser competente não define o jogo. Além de  ser competente, tem que ser diferente. Tem uma frase que vem do varejo  que diz: o cliente não sabe o que quer mas identifica quando vê. Hoje a  gente procura ter  produtos diferenciados, sempre lançando inovações.  Ainda neste primeiro semestre vamos lançar um prédio que vai trabalhar  com captação de energia solar na fachada. Será o primeiro do Ceará. Terá jardim suspenso que não será  cuidado pelo proprietário de cada apartamento, ele compõe a parte de  fachada do prédio, o condomínio irá manter a irrigação e o cuidado. Essa  irrigação será alimentada pelo reuso da água dos aparelhos de ar  condicionados, impulsionada para uma caixa d’água superior via energia  solar.
 
 OP - O mercado compreende que uma atitude como essa é para a sociedade?
Pio - Muita gente diz que é muito caro fazer as coisas. Não entendo  dessa forma. Nós não importamos nem pacotes prontos, nem contratamos  consultores do Rio ou São Paulo para vir aqui com soluções porque são  muito caros. Estudamos internamente, temos equipe de pesquisa e  desenvolvimento permanente, nós estudamos nossas próprias soluções. Além  de determos o conhecimento, o custo fica mais barato. Muitas vezes  digo: não quero saber o quanto custa, porque eu sei o quanto vale.    
 
 OP - A C. Rolim entregou 10 mil mudas ao Parque do Cocó. É uma ação de caráter pontual ou compõe política de sustentabilidade? 
Pio - A sustentabilidade está como uma missão da nossa construtora. Ela é  uma paixão do fundador da C. Rolim Engenharia, pra mim é uma missão de  vida a questão das árvores. O compromisso verde nós assumimos com a  Cidade, de plantar para cada metro quadrado de terreno que estamos  construindo uma árvore. Independente de legislação. Até acho que isso  deveria virar legislação. Porque não existe nenhum terreno que tenha uma  árvore por metro quadrado, portanto, você promoveria um adensamento  numa cidade que precisa tanto do verde, temos taxas abaixo do  recomendável. Os organismos internacionais recomendam taxas de 14 e 17m²  de área verde por habitante e Fortaleza tem 8. Só para servir de  referência, Curitiba tem 51. Fazemos isso não por conveniência, mas por  convicção. Não abrimos mão, faz parte da nossa maneira de ser e nos dá  enorme prazer. O compromisso verde é um braço da nossa missão de  trabalhar com a sustentabilidade do planeta. Não é à toa que ano passado  fomos convidados para a Conferencia Mundial das Mudanças Climáticas em  Born, na Alemanha, para apresentar as iniciativas da C. Rolim  Engenharia. Sustentabilidade não é só na forma de fazer. Hoje usamos  pouquíssima madeira, estamos gerando menos número de resíduos sólidos,  diminuindo a pegada hídrica. Temos a preocupação de construir para que a  operação desse prédio que vai ficar aí 30, 50, 60, 100 anos em operação  seja sustentável. Com louça de baixo consumo, torneiras de baixo  consumo, lâmpadas LED. Tudo que a tecnologia de mercado oferece hoje  colocamos dentro das nossas construções.  Além de ser uma coisa boa para  o planeta, Fortaleza precisa do verde, mais que isso, eu acho que o  exemplo é o que é mais importante. Mais pessoas, mais empresas, mais  iniciativas deveriam adotar isso. Lhes garanto o seguinte: o cliente  valoriza sim. Na hora de decidir por uma compra isso entra na avaliação  do cliente como um elemento fundamental. 
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 OP - Sustentabilidade é negócio também. O mercado ainda carrega algumas ignorâncias a esse respeito? 
Pio - Sustentabilidade não é modismo, é uma tendência inexorável. Não só  do Ceará como do mundo inteiro. Não só Fortaleza, mas o Brasil ainda  tem muito a aprender. Nossos processos ainda são muito arcaicos. Tem  questão cultural que, por exemplo, a pessoa não aceita que uma parede  seja feita com dry wall, que é feita nos Estados Unidos e na Europa,  acham que a parede não vai aguentar a rede...
 
 OP - Impacto sempre há.
Pio - Desde sempre. O que não pode se fazer é que só destruir. Se para  construir você teve um dano ambiental, é trabalhar para que ele seja  imediatamente mitigado. O nosso grande sonho, grande proposito é que  todas as nossas emissões sejam zeradas com as plantas que estamos  plantando. 
 
 OP - C. Rolim vai lançar no momento em que o mercado fala que só vai lançar após reduzir estoque?
Pio - O mercado passou por momentos muito difíceis, mas desde o ano  passado já sentimos certa recuperação. O cliente está voltando. Ano  passado fizemos um lançamento que foi um sucesso, no Cocó, apartamentos  de 220m². A obra ainda vai começar e estamos com 70% do prédio vendido. O  mercado tem um estoque que precisa e está sendo absorvido. O cliclo da  construção civil é diferente do varejo. Eu penso que a crise tem  características penalizadoras, mas são ali onde aparecem grandes  oportunidades. Não quero puxar a brasa para minha sardinha, mas fomos os  últimos a entrar na crise. Ano passado crescemos 65% em relação a 2016.  
 
 OP - Vocês têm quantos canteiros na Cidade?
Pio - Temos quatro canteiros. Entregamos um, agora só 3. Não queremos  mais isso. Muita gente saiu de 2 para 10 e nós permanecemos nesses 4 e   3. Mesmo porque a gente não pode apostar todas as fichas em um país como  o Brasil. Você tem que estar preparado para surpresa. A economia do  Brasil é como estar montado num trem fantasma. Você não sabe se vai  dobrar se vai descer, subir, se vai ter luz no fim do túmel. A gente  trabalha da porta para dentro e isso nos leva a aproveitar janelas de  oportunidade do mercado.
 
 OP - Por exemplo?
Pio - A criação das Zedus, que eleva as taxas de aproveitamento de  algumas áreas da Cidade. O edifício que nós vamos lançar tem mais  andares que o permitido até então. Sou defensor de ter até 72 metros.  Mas essa questão de lançamentos, nos mantemos precavidos, porque não se  pode errar. 
 
 OP - Vocês construíram na Bezerra de Menezes. Como vocês vêm o mapa da cidade hoje?
Pio - Fizemos o aproveitamento de um  terreno que era nosso. Mas não  iremos de novo abordar esse tipo de mercado. Nós trabalhamos com  agregação de valor e não posso cair em Minha Casa, Minha Vida. 
 
 OP - Uma questão está incomodando muitíssimo o mercado imobiliário que é  o aumento das taxas de alvarás. Você está envolvido com isso?
Pio - Envolvido e abismado. O mercado não foi provocado para discutir o  assunto. Há uma incoerência, porque ano passado a Prefeitura lançou o  programa Fortaleza Competitiva. Não posso admitir, sequer entender que o  limite de um alvará de São Paulo é R$ 1.500 e aqui vai ser R$ 15 mil.  Como explica? Aqui é uma Cidade mais rica? Está incomodando todos os  setores produtivos. Nós estamos levantando questões que serão  apresentadas ao prefeito sobre  algumas coisas que precisam ser  revistas. 
MULTIMÍDIA
  
Assista a entrevista na íntegra no programa Mercado Imobiliário da Rádio O POVO CBN em: https://bit.ly/2pKg9MS
  
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PRESERVAÇÃO
NO COCÓ
  
Aniversário ecológico
  
Como prestação de contas e comemoração aos 40 anos da C.Rolim Engenharia, a construtora promete plantar 40 mil árvores nativas ao longo de quatro anos em toda a área do Parque do Cocó. As 10.400 primeiras mudas foram entregues na área de entrada do Parque pela Rua Juarez Barroso.
 O projeto é parceria da C.Rolim com a Unilab e Governo do Ceará. Os  representantes das instituições destacam as dificuldades encontradas  para a recuperação da área pela presença de árvores não-pertencentes ao  ambiente e a grande quantidade de lixo que havia na região. “Entre seis  meses e um ano é normal perder de 30% a 50% do que se é plantado. No  nosso apurado, seis meses após o plantio, perdemos apenas 17%. Se  consideramos um ambiente hostil e a falta de incidência pluviométrica  que nós pegamos, consideramos que o projeto foi um sucesso”, diz  Maurílio Medeiros, coordenador do projeto.
  
Artur Bruno, secretário de Meio Ambiente do Ceará, promete que a parceria ainda promoverá mais ações do tipo. “Não adianta só plantar, é preciso monitorar e acompanhar o crescimento dessas árvores e isso leva 3 a 5 anos, para que essas árvores cresçam, atraiam animais e possa ser um local de educação ambiental e turismo ecológico”, destaca. Na ocasião, o secretário anunciou o lançamento do “Pacto pelo Cocó” em junho, projeto de recuperação do Rio Cocó.