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Tecnologia como um negócio
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Tecnologia como um negócio

Com 33 anos de mercado, Servnac amplia tecnologia em segurança para áreas financeira, de mobilidade e imobiliária
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. (Foto: Sandro Valentim/O POVO)
Foto: Sandro Valentim/O POVO .

A tecnologia tem sido uma das principais chaves para empresários que desejam expandir os negócios. Atuando na área de segurança com serviços de sistemas de rastreamento de veículos, portaria 24 horas, segurança armada e desarmada e vigilância eletrônica, o empresário Vicente Araújo Júnior, diretor-presidente do grupo Servnac, agora opera em outros setores, como financeiro, de mobilidade e de imóveis.

"Em tudo o que a gente faz, nós não estamos pensando em ganhar dinheiro, no primeiro momento. A gente faz pra coisa funcionar e, funcionando, vai ter uma remuneração. Você trabalha mesmo é com a necessidade do cliente", diz Vicente em entrevista ao jornalista Jocélio Leal, para o programa Mercado Imobiliário, da rádio O POVO CBN.

Vicente explica o modelo de negócio da família, mencionando as atuações no setor imobiliário, com a construção de um Alphaville, de mobilidade, com a locação de veículos para motoristas de aplicativos, e financeiro, com o surgimento da fintech Mittu Bank.

O POVO - Parece haver uma lufada de otimismo para o primeiro semestre de 2020. Como é que o senhor lê isso no seu segmento?

Vicente Júnior - No meu segmento, eu acredito que vá ter uma melhora. A gente já vem sentindo isso e está vendo que a construção civil em São Paulo já está andando um pouco. Aqueles imóveis que existem estão parados, mas já estão sendo lançados novos. E eu acredito que, no próximo ano, vá ser diferente e a minha palavra é otimismo.

OP - O senhor fala de qual segmento específico?

Vicente - Eu estou confiante em venda imóveis, venda de imóveis novos.

OP - O senhor também atua no segmento?

Vicente - Sim, com uma pequena construtora [Alpha Construções, que atua na construção do AlphaVille Eusébio], mas não é o nosso foco total. São dois filhos meus que administram. Mas o nosso foco é a vigilância, o rastreamento regular, a portaria eletrônica.

OP - Quem compra uma casa de condomínio horizontal como esse no Eusébio?

Vicente - Eu vejo o Alphaville Fortaleza e o Eusébio como Alphavilles que você tem casa acima de R$ 1 milhão. E eu vejo o Alpha Ceará como casas que giram em torno de R$ 500 mil a R$ 800 mil, a depender do tamanho do lote.

OP - E, nesse segmento, interessa ao senhor estar construindo por lá?

VJ - Como a gente tinha esse banco de terreno, nós chegamos a conclusão que estava na hora de fazer. E nós já estamos construindo, concluindo uma parte e em janeiro/fevereiro começando outra.

OP - O senhor pisou muito no freio em relação a esses terrenos? Segurou esse start aí por quanto tempo?

VJ - A gente tem esses terrenos há uns três anos, uns 36 meses a 48 meses.

OP - E agora o senhor achou que era o momento? Isso é até um indicador da leitura que o senhor fez para o cenário do ano que vem?

VJ - A gente acha que é um caminho que está sendo aberto, com os juros reduzindo. Então, nós achamos que 2020 vai ser promissor.

OP - Essa atuação com o setor imobiliário, o senhor restringe somente ao Ceará ou pretende levar para outras praças?

VJ - Por enquanto, só no Ceará. Mas a gente tem o sonho de levar isso pra Flórida. A gente sonha em construir algo lá, mas em algum tempo para frente. A gente tem uma imobiliária lá que tem algumas casas. Nós trabalhamos com aluguel por temporada.

OP - Esse aluguel é, sobretudo, para brasileiros?

VJ - Não, a gente fez um negócio lá para o americano do sul, quando tá muito frio, pro inglês, pro argentino também. Mas assim, o público brasileiro não é o nosso foco lá.

OP - Aí tem uma equipe? É o pessoal de lá mesmo?

VJ - A gente tem uma equipe de lá, uma equipe de brasileiros que a gente conheceu e contratou. E hoje tudo é feito via internet. Tem muita coisa que a gente faz lá, mas muita das decisões são tomadas aqui.

OP - E dentro do modelo de gestão de vocês da empresa, essa parte imobiliária está toda com o senhor?

VJ - A parte imobiliária de lá [Flórida] está. Já a parte de Fortaleza está com meus filhos Alan e Vicente Neto.

OP - Esse é um negócio que o senhor falou que é pequeno, que não é seu foco principal. Mas o senhor vislumbra que esse negócio imobiliário cresça dentro do grupo?

Vicente - Sim, porque quando a gente faz uma coisa que gosta, eu acho que cresce. E a gente gosta de construir, gosta de imóveis. É como a gente está vendo lá, o Story Lake, que é um dos condomínios principais de Orlando. Eles estão fazendo apartamentos para receber em torno de 18 e 20 meses. É algo que você faz e paga uma parcela pequena de 10% e, quando receber o imóvel, é que você paga o restante.

OP - O senhor também tem um negócio de locação de veículos, focado não no turista, mas em motoristas de aplicativos. Há um paralelo entre essa atuação no mercado imobiliário e atuação na locação de veículos? Isso diz respeito, sobretudo, à tecnologia?

Vicente - A tecnologia tem entrado na vida da gente e sem querer, o que você vai fazendo, vai acontecendo. E com a locação de veículos para motorista de aplicativo, quer queira ou não, você usa uma plataforma, que, no caso, é o Uber, 99. E quando a gente também tem essa locação lá em Orlando, na Flórida, você também usa outra plataforma. Então, a gente está, sim, indo pra esse lado tecnológico. E aqui em Fortaleza, nós começamos a planejar, em março, um aplicativo de meios de pagamento. Então, a gente começou com vigilância, limpeza, portaria, e depois já foi vislumbrando tecnologia com a vigilância eletrônica, portaria remota. E, sem querer, isso vai surgindo na vida da gente com aplicativo para motorista, depois surge a plataforma para locação de imóveis por temporada.

OP - Na locação de carro para motoristas de aplicativo, o cliente vai lá e aluga o carro por um mês? O senhor trabalha com carros de entrada ou carros de nível mais alto, tipo o Confort do Uber?

Vicente - Eu acho que tudo que é visto e que são boas ideias, a gente tem que verificar e implantar. Eu vi uma reportagem em São Paulo de uma locadora que só trabalha para motorista de aplicativo e eu gostei. E nessa locadora lá em São Paulo, que depois ficou na mesma forma de negócio da nossa, a Texas, você aluga o carro semanalmente.

OP - E ele faz o contrato por uma quilometragem "X"?

Vicente - O carro faz 1.200 km por semana. E tem uma diária de R$ 56. A gente trabalha hoje com o Ônix e estamos começando com o Prisma. E nós vamos focar em duas, três marcas de carro pra ter uma facilidade de trabalho, de peças.

OP - Qual o grau de ociosidade desses carros?

Vicente - Zero. Compro o carro e com três dias está locado. Tem fila de espera.

OP - Um dos seus negócios é uma fintech, que trabalha com pagamento. Como é que é esse negócio?

Vicente - No meio de pagamento existe uma demanda da empresa com o banco e que o empregado está no meio. Quando você contrata um funcionário novo, você vai pro banco, abre a conta etc. E quando você vai receber o cartãozinho com o salário, vai de 30 a 45 dias [de demora], então é meio complicado. Devido a esse espaço de tempo, a gente viu a abertura dessa fintech de meios de pagamento, de folha de pagamento. E qual é a finalidade dela? Ela tem bandeira Elo, então você recebe em quase todo caixa eletrônico. A empresa que contrata, que é a Mittu Bank, recebe o cartão de cada empregado de quatro a cinco a cinco dias. Todo o retorno de pagamento dos empregados demora em torno de duas a três horas. É um negócio que veio pra ficar. Nós começamos com as empresas da gente, e, esse mês, a gente já tá pagando em torno de 10,5 milhões de folhas de pagamento. Em janeiro, nós esperamos estar pagando até 15 milhões. De janeiro para 2020, nós vamos encerrar o ano começando com um faturamento de R$ 180 milhões, e é algo realmente gratificante.

OP - Sobre o negócio original do senhor, de segurança, que é de rastreabilidade, portaria. O senhor falou que quando entra em um novo mercado a melhor maneira é por rastreabilidade, ou seja, rastrear carro. Por que é melhor começar por esse segmento?

VJ - Nos últimos dez anos, a gente começou trabalhando com vigilância, portaria, e aí surgiu o rastreamento veicular e, partir disso, nós vimos que existe um crescimento maior com esse serviço. Quando você entra em uma cidade com o rastreamento de veículo, você consegue, em um espaço de tempo menor, pagar as suas contas. E aí quando você paga a conta do rastreamento, você já está com um nome, está investindo em publicidade.

 

Portaria remota

"Desde julho, a Servnac oferece serviço de portaria remota, mas, primeiramente, para os condomínios já clientes. Devido a esse nosso trabalho, vai surgindo de boca a boca, uma publicidade."

Locação

A frota de locação de carro para motorista de aplicativos tem 75 carros, e o contrato anual tem pagamento semanal. Os carros são Onix e Prisma.

 

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