2019 foi um ano de retomada para a Accor, grupo hoteleiro que detém marcas como Ibis, Mercure, M Gallery e Pullman. O grupo francês atingiu 1 bilhão de euros - cerca de R$ 5 milhões - em volume de negócios na América do Sul, com 26 novos hotéis (3.400 quartos), sendo 20 (2.834 quartos) apenas no Brasil. Os dados apresentados em coletiva para a imprensa esta semana, em São Paulo, mostram que a receita cresceu acima de 13%, e o volume de negócios aumentou 22% em relação a 2018.
No mundo, a rede hoteleira francesa contabiliza ter aberto no ano passado cerca de um hotel por dia (fora aquisições), um total de 327 hotéis (45.108 mil quartos). "Foi um ano recorde por várias razões, globalmente e regionalmente. Globalmente o grupo anunciou recorde de desenvolvimentos, hoje tem cinco mil hotéis, opera 39 marcas, está presente em 110 países, são 300 mil funcionários mais ou menos", explicou Patrick Mendes, CEO da Accor para América do Sul.
No Ceará, a Accor opera cinco hotéis - Mercure Fortaleza Meireles, ibis Fortaleza, ibis Fortaleza Centro de Eventos, ibis Styles Maracanaú e ibis Juazeiro do Norte. Os dois novos hotéis previstos para o Estado serão inaugurados nos próximos cinco anos: ibis Caucaia em janeiro de 2021 e ibis budget Fortaleza em janeiro de 2025. A Accor não informa quem são os investidores dos dois hotéis.
*A jornalista viajou a convite da Accor
Expansão
Patrick anunciou a abertura de uma nova sede do grupo em Santiago, devido ao potencial da América hispânica, a aquisição do grupo Atton e a finalização de integração dos hotéis da BHG. "Nós adquirimos a maioria dos contratos do grupo (BHG), que eram os hotéis Royal Tulip, Golden Tulip, há um ano e meio. Todos os hotéis da linha BHG que recuperamos têm a marca das linhas Accor, ou seja, M Gallery, Mama Shelter, Mercure, Ibis. Mudamos todos e entramos em processo de reforma em 2019. E o grupo Atton é um grupo chileno que adquirimos no final de 2019, um processo pesado de integração, são 14 hotéis, quando você soma Miami, Colômbia, Peru, Chile, que estão tendo o conceito transformado [em] hotéis Pullman, Mercure ou M Gallery. É uma maneira de o grupo realmente criar mais hotelaria na história luxury. Um novo caminho de entrar muito mais no lifestyle e no luxury", acrescenta Patrick.
A aposta do grupo nos segmentos luxury e lifestyle está relacionada à escassez de hotéis do tipo e ao potencial de crescimento, segundo Patrick. Mesmo assim, as marcas do segmento econômico continuam sendo consolidadas. A ideia da Accor é "ser a solução para quem quer viajar", com todo o suporte do programa de fidelização ALL - Accor Live Limitless.
Pingue-pongue
Com Olivier Hick, COO Midscale e Econômico no Brasil
O POVO - Qual a taxa mínima de ocupação para um ibis ser rentável?
Olivier Hick - Todos os hotéis, não é um ibis ou Novotel, nós precisamos chegar a mais de 50% de ocupação, realmente é nosso objetivo. Primeiro ano de abertura precisamos chegar a 50% de ocupação, 60% também. Mas a rentabilidade depende do lugar, ibis, a partir de 35%, 40% de ocupação, nós podemos já zerar o resultado do hotel. Realmente, é um modelo bem econômico, um modelo que os investidores gostam muito porque cada vez a rentabilidade vai ser mais rápida que o modelo midscale ou mesmo um hotel de luxo
OP - Como manter o ibis com preço competitivo? Em Fortaleza, temos dois.
Olivier - No Brasil, hoje, nós temos mais de 240 ibis, entre ibis vermelho, ibis Style e ibis Budget. Já é um desenvolvimento que nós fizemos nos últimos anos para chegar, obviamente, a 300 hotéis ibis. Primeira coisa, o padrão ibis realmente é muito forte. Você não tem a oportunidade de trocar o tipo de quarto, o tamanho dos quartos são os mesmos. As marcas que nós temos hoje com "menos" padrão são a marca ibis Style e a marca Mercure, isso é bom para nós porque nós temos oportunidade de levar novos hotéis, fazer conversão e colocarmos uma marca. Ibis Style é uma marca que você pode ter um quarto [tanto de] 25 m² como 18 m², ibis vermelho nunca vai acontecer, o quarto é 18 m². Ibis budget também, padrão 100%, quartos com 12 m². Ibis Style é um hotel que nós podemos, com uma reforma temática bem forte, ter mais flexibilização.
OP - O mercado hoje está mais aberto a investir no segmento de luxo ou econômico?
Olivier - Globalmente, o mercado brasileiro é econômico e midscale, o mercado luxo, se você olhar cidades como São Paulo, tem um que é o Mercure, dois Pullmanm, três Pulmann, o mercado é pequeno, o nicho é pequeno. Claramente, o mercado econômico e midscale vai continuar crescendo, agora se tem uma retomada forte, você tem um investidor que queira investir no público muito mais de luxo, tipo Tanguá, Four Seasons, vai acontecer, mas caso a caso, porque falamos de um investimento muito alto. Pessoalmente, não acho que o mercado de luxo vai crescer muito, vai crescer, com oportunidade caso a caso, no Rio, em São Paulo. Você não vai chegar com um hotel cinco estrelas em Fortaleza, em Recife, porque tudo depende também do middle, quando você tem oportunidade de vender até R$ 1.000, você entrou no mercado do luxo, abaixo não é mercado do luxo, é mais midscale. Vai acontecer, mas não é a maioria dos hotéis, vai continuar midscale e econômico, sem dúvida. Um hotel de luxo upscale é a partir de R$ 800 a diária.
OP - Qual o público-alvo dos ibis de Fortaleza?
Olivier - Atualmente, tem os clientes da semana, de segunda até quinta, que é o mercado muito mais corporativo, mesmo no ibis, de classe média, claramente, ou empresa também. E, fim de semana, nós encontramos muito o mercado de lazer, 80% dos clientes que usam ibis no fim de semana são lazer. Você pode ficar num ibis com a família por R$ 200, isso é realmente muito agradável, muito interessante. O ibis de Fortaleza é um exemplo, ano passado fechamos com mais de 80% de ocupação. Eu gostaria de desenvolver mais hotéis em Fortaleza, mais uma vez, [ter] oportunidades, foi uma retomada muito mais forte em Recife, em Belo Horizonte.
OP - Nacionais?
Olivier - Nacionais, 85% dos nossos clientes são brasileiros, um pouco da Argentina, do Chile também, mas realmente o mercado dos nossos hotéis, globalmente, 85% são da América do Sul.
ACCOR EM NÚMEROS
110 países têm hotéis da Accor
39 é o número total de marcas de hotéis
NOVOS CONTRATOS EM 2019 NO MUNDO:
327 hotéis
45.108 quartos
ABERTURAS PREVISTAS EM 2020
25 hotéis
30 renovações
+
78% dos brasileiros conhecem a marca Ibis e, desses, uma cada três se hospedou num Ibis.
110 é a quantidade de canteiros de obras da Accor no Brasil e na América do Sul.
460 é a quantidade de hotéis abertos que a Accor deve alcançar até 2021.
500 hotéis em operação e 150 em pipeline em 2023 é a meta da Accor.
As assinaturas em 2019 representaram 75% de franquias.
A cada 16 horas, a Accor assinou um novo hotel em 2019.
A Accor é líder no Brasil e no Chile, posicionando-se em 2º lugar no Peru e 3º na Colômbia.
DUAS grandes parcerias são aposta do grupo: Sabre Corporation, que deve criar plataforma unificada de central de reservas na nuvem; e com a Visa, para desenvolver cartão para acúmulo de pontos.
52% dos cargos gerenciais da Accor na América Latina são ocupados por mulheres.
Ainda em 2020, a Accor abre no Brasil dois hotéis: Novotel Lençóis Paulista e MGallery Pipa - Natal.
ECO
Desde 2018, a Accor tem o compromisso de reduzir o uso de materiais plásticos. O grupo já tem dois hotéis free plastic, o Sofitel Bogotá e o ibis Syles Anhembi (SP). Os hotéis Novotel Santiago Providencia, Novotel Las Condes, Pullman Vitacura e Pullman El Bosque foram certificados com o Selo "Carbono Neutral" - uma redução de carbono que equivale a plantar mais de 19 mil árvores ou retirar 2.400 veículos das ruas. O Swissôtel Lima é o primeiro e único hotel no Peru a neutralizar a pegada de carbono, conforme certificação concedida pela SGS Peru.