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Juntar emprego e veículo pode ir muito além do que se imagina. Para que os negócios acelerem, é preciso fazer as adaptações certas, uma pesquisa de mercado e é importante entender os seus consumidores. Com tudo isso é possível transformar o carro em um verdadeiro escritório.

[SAIBAMAIS]

Há oito anos, a ex-entregadora de panfletos Leidiane Lima resolveu ingressar no mercado de maquiagens a convite de uma amiga. De vendedora, ela cresceu e há três anos conquistou um carro da empresa como reconhecimento. Com o prêmio recebido em título, Leidiane comprou o Mitsubishi ASX e mandou pintá-lo todo de rosa, cor símbolo da marca que trabalha.

“O carro serve para mim como minha loja ambulante. Eu tanto levo meus produtos de demonstração, como alguns são para pronta entrega. Às vezes, algumas clientes não podem ser atendidas no local de trabalho ou em casa e eu atendo no carro mesmo”, conta a hoje diretora sênior de vendas da Mary Kay.

Além da pintura, ela mandou adesivar as laterais com etiquetas enviadas pela empresa e dentro do carro tem uma placa de reconhecimento pelo trabalho da diretora. Tudo para transformar ainda mais o automóvel a cara da companhia de cosméticos. “O carro tornou-se uma marca registrada. Quando eu passo, as pessoas já sabem com o que eu trabalho e isso dá muita visibilidade para o meu negócio”, destaca. Ela diz ainda que foi preciso fazer recentemente a recuperação da cor porque a pintura já estava “estragada”.

“A princípio se desmonta todo o carro e pinta as peças uma por uma, depois

remonta novamente. A cor (Rosa Mary Kay) é acessada por meio de um código específico”, explica Carlos Menezes, proprietário da ACM restaurações. A empresa de funilaria e pintura já pintou sete carros para funcionárias da empresa de maquiagens, dentre eles um Jeep (FCC US LLC), um Cobalt (Chevrolet) e um CR-V (Honda).

 

Apesar da possibilidade de personalizar do zero, há quem prefira comprar o carro já todo preparado para trabalhar. O ramo de alimentação é o mais procurado, há carros próprios para a venda de brownies, brigadeiros etc.
 

Assim foi com Adriano Gurgel. Formado em Educação Física, ele resolveu entrar no ramo de alimentação e viu nos veículos uma oportunidade para acelerar os negócios. Em 2014, comprou de um mecânico de São Paulo uma Kombi já modificada. “O carro foi “cortado” no meio e retirado os bancos para que coubesse a pia, a geladeira e o forno. Além disso, foi feita uma adesivagem em todo o veículo e colocado um toldo na parte superior”, explica o proprietário da Pizza Nakombi. Depois da compra desse veículo, Adriano até comprou outro do mesmo modelo e fez as modificações por conta própria, mas, segundo ele, o negócio não foi tão vantajoso. “A Kombi que eu já comprei modificada custou R$ 21 mil, enquanto a que eu comecei do zero custou o dobro”, comenta.  

 

DICAS

PINTURA
 

Pinte o carro conforme a cor da sua marca ou que remeta ao seu produto/serviço. Se, por exemplo, seu negócio for algo relacionado a sustentabilidade, opte pelo verde. A mesma dica vale para um veículo novo.

ADESIVOS
 

Os adesivos são as opções mais usadas para divulgar a marca. A dica do profissional de funilaria Carlos Menezes é que seja contratado o serviço de envelopamento, que adesiva todo o carro.

ADEREÇOS
 

Considere fazer algumas intervenções no seu veículo, como colocar uma plaquinha no para-brisa, pequenos letreiros em alto relevo nas portas etc.

PORTA-MALA
 

Se você for comprar um carro já pensando em transformá-lo de alguma forma em negócio, prefira os veículos com porta-mala grande. Assim, cabe todo seu material e em alguns casos pode ser aberto para fazer a venda na rua mesmo.  

 

DESVALORIZAÇÃO
 

Segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Ceará (Sindivel), Everton Fernandes, o veículo envelopado perde cerca de R$ 1.000 a R$ 1.500 na revenda, com desvalorização em média de 4 a 5%. “Quando o carro com envelopamento parcial fica muito tempo exposto ao sol, há distorção de cor entre parte queimada e a conservada com o adesivo”, diz. O problema pode ser pior em carros com cores mais escuras. Everton recomenda o envelopamento total do veículo para evitar prejuízos. 

 

POR AÍ   

 

LATARIA PERSONALIZADA
 

As mudanças para que veículos se adaptem aos negócios variam de acordo com a necessidade do proprietário e do empreendimento, mas há algumas que funcionam quase como estratégia de marketing. “Uma das mais comuns é o envelopamento, em que se reveste o carro com um adesivo colorido para fazer propaganda, o que dá muita visibilidade ao negócio”, cita Carlos Menezes, da ACM restaurações. O custo do envelopamento varia de R$ 1 mil a 3 mil e tem duração média de quatro anos.
 

“As pessoas procuram o envelopamento para personalizar o carro, fazer propaganda da empresa ou proteger a pintura. Pode ser envelopado o carro todo ou parcialmente, só o capô ou o teto”, diz Edwirges Freitas, gerente da Solution Sempre, empresa especializada em adesivos e películas automotivas. Dentre as opções, estão adesivagem colorida, com fibra de carbono, 3D e 4D. Segundo Edwirges são envelopados, em média, cinco carros por mês pela empresa e o serviço de adesivagem parcial é o mais procurado. A gerente comenta que os segmentos que mais os procuram são microempresas, empresas de engenharia e principalmente de manutenção de elevador.
Ah, e tanto o veículo da Leidiane como do Adriano tiveram de ir ao Detran para que as alterações constasse no documento do veículo e eles pudessem rodar sem problemas.  

 

LUAN CARVALHO

ESPECIAL PARA O POVO

luancarvalho@opovo.com.br