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Universitários na pista
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A equipe Siará Baja, da UFC, prepara-se para representar o Ceará regionalmente no Baja SAE
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No projeto Siará Baja, alunos têm a oportunidade de projetar veículos (Foto: FÁbio Lima)
Foto: FÁbio Lima No projeto Siará Baja, alunos têm a oportunidade de projetar veículos

Você sabe o que é um Mini Baja? Mini Baja é um estilo de veículo similar ao quadriciclo, de baixa potência e construído para off-road. Tradicionalmente caracterizado pela presença de uma espécie de gaiola, o carro protagoniza competições entre estudantes de engenharia em todo o mundo. Quem representará agora o Ceará nessa empreitada é a equipe Siará Baja, projeto do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), com cerca de 30 membros. Fundada em 1999, a iniciativa acolhe alunos não só da Engenharia Mecânica, mas também de todas as outras engenharias, além de cursos como Física, Química, Matemática e Design.

Todo o carro é produzido pelos alunos, com exceção de peças como amortecedores, que não valem a pena serem construídas. Itens como a gaiola, o banco e o volante são projetados e fabricados pelos jovens. A produção dura em torno de três meses, e o valor do carro é de cerca de R$ 14 mil. Para conseguirem lidar com os custos, os alunos arrecadam dinheiro por meio de cursos e workshops, além de apresentarem patrocínio de diversas empresas.

Roberto Araújo, professor de Engenharia Mecânica e orientador do projeto há três anos, explica que o Siará Baja ajuda a diminuir a evasão dos cursos, porque estimula o aluno a colocar em prática o que ele aprende e favor ece os jovens no momento de entrar no mercado de trabalho. "Os alunos se diferenciam por já serem parte do projeto, já serem familiarizados, e também têm uma noção de gestão porque eles fazem todo o cronograma de fabricação", diz.

Lucas Galdino, 19, é estudante do 5º semestre de Engenharia Mecânica e capitão da equipe Siará Baja desde o fim do ano passado. Membro do projeto desde 2017, ele conta que vive experiências que só teria muito mais tarde no curso. "O Baja, atualmente, é um dos principais motivos para eu continuar gostando da faculdade. Às vezes, você não consegue ver uma utilidade naquilo que está estudando, e o projeto funciona como um norte para isso, para ver um propósito. Quando eu entrei, não tinha interesse nenhum em engenharia automobilística, mas depois vi que realmente essa era a área que eu queria seguir."

A também estudante do 5º semestre do curso de Engenharia Mecânica da UFC, Mariana Tavares, entrou na equipe a partir do interesse de construir um carro. Sem saber que era a única mulher na equipe na época, acabou contribuindo para quebrar preconceitos e servir de exemplo para outras estudantes. Hoje, além da diretora de Gestão de Projetos da equipe, o time conta com mais duas alunas da Engenharia Elétrica.

"A principal coisa que o Baja me ensinou foi que eu poderia ser líder de algo. Quando tem mais mulheres, me sinto mais confortável e acho que a Engenharia é para todos, então é bom tirar esse preconceito de que carros e engenharia são apenas para homens. Foi por isso que em 2018 propus que o tema do carro fosse relacionado às mulheres na Engenharia, para incentivar meninas a entrarem. Para quebrar esse paradigma, é preciso mostrar mulheres na engenharia, mostrar mulheres que fizeram história", indica Mariana. Aos 20 anos, após ter tido contato com vários softwares e ter estudado por si mesma matérias que ainda não tinha visto no curso, para poder projetar peças, a jovem revela que o projeto a faz querer trabalhar no ramo automobilístico e ter apreço pelo setor gerencial.

Já Francisco Tairônio Soares teve o coração fisgado pela equipe Siará Baja mesmo após ter ingressado em uma área uma pouco mais distante da temática do projeto. O estudante havia trancado o curso de Engenharia Elétrica e começado o de Agronomia, mas decidiu fazer parte da equipe para se aproximar do que realmente gostava. Após atuar na área de Engenharia veicular e se tornar chefe do setor, Tairônio pretende, inclusive, voltar para o curso inicial.

"O projeto me agregou muito conhecimento de eletrônica veicular, mas, principalmente, na parte de robótica e leitura de sensores. Hoje estou muito mais capacitado para trabalhar. O projeto consegue englobar você mesmo sendo de outra área, lhe direcionando para algo que você tem mais interesse. As aplicações que temos no Baja também serviriam para a Agronomia, por exemplo, para trabalho com máquinas agrícolas", explica.

 

Competição

As competições de Mini Baja são organizadas pela Sociedade de Engenheiros Automotivos (Society of Automotive Engineers - SAE) e possuem etapas regionais, nacionais e internacionais. Nas provas, os competidores apresentam planos de negócio envolvendo o projeto de fabricação do carro e participam de atividades dinâmicas, nas quais os carros são comparados em termos de drenagem, aceleração e outros aspectos. Existe, ainda, a prova final, que consiste em uma corrida.

Cada equipe deve apresentar, no máximo, 20 inscritos. As instituições participantes, públicas ou privadas, podem ser representadas por mais de uma equipe, e as equipes podem, inclusive, levar mais de um carro, a depender das vagas ofertadas pela competição. A inscrição do time na etapa regional é de R$ 1.500, e na nacional é R$ 2.500, incluindo hospedagem e a associação dos membros na SAE.

O objetivo da Siará Baja é participar da 14ª Competição Baja SAE - Etapa Nordeste e também da 26ª Competição Baja SAE Brasil, mas a dificuldade financeira atrapalha os sonhos. "Geralmente quando a gente compete lá é complicado porque, por exemplo, enquanto a gente monta um carro aqui por R$ 15 mil, tem universidade com dois carros no valor de R$ 90 mil. Eles compram muita peça que nem é feita pelos alunos e eu acho um pouco injusto", avalia o professor Roberto Araújo.

Lucas Galdino diz que, em competições anteriores, a UFC disponibilizou o transporte para os alunos. O carro da equipe é, então, desmontado e colocado no bagageiro do ônibus da universidade. Atualmente, o time se prepara para uma reunião com o novo reitor para garantir o recurso. De acordo com o estudante, os patrocínios têm sido o principal fator de continuidade do projeto. "Como a gente não tem ainda um nível muito elevado por conta de apoio financeiro e outras coisas, a gente participa da regional para conseguir visibilidade e na nacional para ter melhores resultados. Se a gente tiver um bom resultado na regional agora, a gente pretende participar da nacional", planeja.

Ajude a equipe Siará Baja a competir! Vaquinha on-line: http://vaka.me/472358

Peças

Banco, volante, chassi, caixa de direção, caixa de redução (transmissão), cubo de roda, manga de eixo, braços de suspensão, disco de freio, ponta de eixo

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