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Filosa: pandemia vai gerar novos clientes. Você se enquadra?
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Filosa: pandemia vai gerar novos clientes. Você se enquadra?

Tipo Opinião

O mercado de automóveis vai mal, obrigado, mas com perspectivas razoáveis. É o que sinaliza o mercado pós-pandêmico. Que muitos resolveram chamar de "novo normal", seja lá o que isso possa significar...

Antonio Filosa, que comanda a FCA na América do Sul, em entrevista na semana passada para a CNN Brasil, acionou sua bola de cristal para prever o comportamento do setor neste futuro que, imagina-se, seja menos sombrio do que se imagina. Disse estar otimista (mas não muito...), pois apesar de possíveis retrações provocadas por um novo comportamento do consumidor, ou seja, a adesão ao car-sharing, à locação, ao home-office, às reuniões on-line, à bicicleta elétrica e sabe-se lá que outras opções que prejudicam a venda de automóveis.

A se confirmarem essas tendências, com uma inevitável queda no volume de consumidores, Filosa acena com hipóteses que seriam um contraponto a essas previsões negativas. Nas teorias da física, é o que se chama de "a cada ação existe uma reação igual e de sentido contrário"...

As hipóteses levantadas pelo "big shot" da FCA formam um tripé que injetaria ânimo no setor:

1 - Demanda reprimida. Durante os meses da pandemia, muitos clientes abonados, em condições financeiras de renovar a garagem, se retraíram e consideraram mais adequado aguardar os acontecimentos. Até por estarem literalmente isolados e privados do sagrado direito de ir e vir, com seus habituais destinos lacrados pela Covid-19.

Um efeito psicológico reforça esse argumento: a sensação de muitos que, tolhidos de sua liberdade e seus prazeres durante meses, vão acionar com mais entusiasmo seu "animus comprandi". Se o mundo voltou a se abrir - é o que pensam - não vou deixar por menos e gozar de tudo a que tenho direito. E com muita força...

2 - Home-office. Uma considerável parcela do público procurava, por uma questão de praticidade, morar nas proximidades de seu local de trabalho. A uma ou duas estações de metrô, por exemplo. Ou mais perto ainda. Mas a pandemia provou não ser determinante a necessidade presencial na loja ou no escritório. Muitas vendas, negócios ou reuniões na empresa ou entre duas delas estão sendo realizadas on-line. O que não significa o fim do relacionamento "olho no olho", mas que vai ocorrer com menor frequência.

Com a redução da presença no local de trabalho, o funcionário pode imaginar um "deslocamento habitacional", ou seja, sair em busca de um local mais aprazível para morar. Trocar o apartamento no centro da cidade por outro, ou por uma casa, em condomínios campestres, por exemplo. Nesse caso, a família que não tinha carro na vaga, passaria a encarar a possibilidade de comprá-lo. A que se contentava com um único, passa a pensar no segundo.

3 - Privacidade Um batalhão de trabalhadores que sempre se utilizou do transporte coletivo e jamais pensou no individual pode mudar de ideia. Muitos que tinham dúvidas entre a posse ou não de um carro ou moto, receberam um bom estímulo para refletir sobre suas vantagens. A pandemia foi mais um argumento para os benefícios de se contar com seu próprio veículo. E a outra parcela, que nem cogitava essa hipótese, passou a considerar o sacrifício financeiro para reduzir os riscos sanitários de se utilizar de um trem, ônibus ou metrô.

Além disso, as fábricas não entregaram os pontos e, com ou sem Covid-19, não interromperam o programa de lançamento de novos modelos. Só na semana passada, o grupo Caoa apresentou o Arrizo 6, a Volkswagen iniciou as pré-vendas de seu novíssimo utilitário-cupê-hatch-crossover Nivus. E a Fiat atacou com a Nova Strada. Todos, naturalmente, on-line.

Finalmente a associação das fábricas (Anfavea) estima que o governo federal está sensibilizado para - direta ou indiretamente - apoiar o setor e amenizar o tamanho do tombo na produção e vendas este ano.

 

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