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A humanidade avançou. E a desigualdade também!
Reportagem

A humanidade avançou. E a desigualdade também!

| VIDA | Índices mundiais são exibidos em uma plataforma na internet. As condições de vida melhoraram ao longo dos anos, mas é preciso haver mais igualdade social
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É inquestionável. O último século significou muito para a humanidade. Mais pessoas têm acesso à água potável, vivem mais e felizes. A extrema pobreza diminuiu e as taxas de analfabetismo também. Condições básicas de qualidade de vida fazem parte de mais rotinas familiares. Tecnologia, acesso, comunicação e economia. Fatores que fizeram o mundo, apesar dos pesares, avançar. Esperança de um futuro melhor, mesmo ainda ameaçado pelo abismo da desigualdade social e de renda.

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O site Our World in Data (Nosso mundo em dados, em tradução livre), uma publicação online que compila informações sobre os principais aspectos de desenvolvimento mundial, mostra mudanças importantes ao longo das décadas. O objetivo, conforme o criador da plataforma, o economista Max Roser, é que a humanidade saiba de onde veio, onde está e qual caminho quer seguir. Assim, conforme explica, será possível modificar o futuro. A partir de análises empíricas e dados de fontes oficiais, artigos são produzidos mostrando tendências de longo prazo.


“A melhoria na qualidade de vida, sobretudo nos últimos 40 anos, foi consequência do desenvolvimento tecnológico, que viabilizou o acesso de grande parte da população à saúde”, avalia o doutor em Desenvolvimento Regional, Lauro Chaves, que também é presidente do Conselho Regional de Economia. Ele analisa ainda que os avanços conquistados pela humanidade são tendência, mas acontecem em ondas. “Pode ser mais forte, depois calmaria, então acelera... Faz parte do processo de inovação”, complementa.


Junto às mudanças positivas, uma realidade cruel e, conforme Lauro Chaves, míope: a desigualdade social avançou no mesmo ritmo que os bons índices de saúde, educação, política.

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“Quem estava na parte de baixo da pirâmide social melhorou a qualidade de vida, mas a distância dessas pessoas em relação ao topo da pirâmide só cresceu. E isso vale para o mundo inteiro, países governados pela esquerda ou pela direita”, analisa.


Segundo o economista, o crescimento na qualidade de vida pode, inclusive, esconder a desigualdade ainda existente. Só haverá esperança, diz Chaves, quando houver universalização de oportunidades.


É o que pondera também o sociólogo Uriban Xavier. “O avanço permitiu acesso a conhecimentos que poderiam colocar a vida humana em qualidade, mas isso ainda é restrito. A expectativa de vida está mudando, mas em Fortaleza, vive mais quem mora no Meireles do que aqueles que vivem na comunidade Babilônia (no bairro Barroso), por exemplo”, pondera. Conforme o especialista, o acesso à inovação — que proporciona a melhoria da qualidade de vida — não é igualitário e, portanto, desequilibra a noção de melhores condições de vida.

 
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