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Força Aérea Brasileira (FAB) localizou a asa esquerda do xavante que caiu no litoral cearense em julho de 2000, mas não recuperou os destroços que poderiam esclarecer as causas do acidente. O Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pela Base Aérea de Fortaleza para investigar o caso revela que as equipes de busca chegaram a marcar as coordenadas geográficas do fragmento, mas depois perderam a peça de vista.
[SAIBAMAIS]
Os destroços foram avistados a 25 quilômetros da costa, quatro horas após a queda do AT-26, prefixo 4626. As primeiras equipes que chegaram ao local registraram no GPS o ponto onde o objeto boiava no mar. Mas não resgataram o material porque concentravam esforços nas buscas pelo tenente Alexandro Prado, que morreu no desastre e jamais foi encontrado.
[FOTO1]No fim da tarde, uma nova equipe voltou à região a bordo de um helicóptero UH-50 esquilo. Um dos tripulantes, sargento Walter Almeida, decidiu se aproximar para conferir se o piloto estava preso à asa. O sargento foi a única testemunha a ver de perto os restos do xavante acidentado. O depoimento dele fornece elementos para se entender o tipo de dano sofrido pelo caça da FAB (veja matéria nesta página).
[FOTO2]Walter Almeida desceu do helicóptero até o mar preso a um guincho. Com uma máscara de mergulho, observou que a asa estava submersa na posição vertical. O sargento identificou “o ponto de ruptura”, local exato onde a peça se desprendeu da fuselagem do avião. O militar explicou no IPM que “a superfície estava laminada, ou seja, não era uma superfície de encaixe”. Isso significa que “a raiz da asa” ficou presa ao corpo do xavante.
Os investigadores perguntaram se Walter Almeida “poderia estimar o tamanho da parte da asa encontrada”. O sargento disse que “foi possível observar a tampa do trem de pouso e aproximadamente uns 30 centímetros após este compartimento”. Com base na descrição, a Base Aérea produziu um croqui da aeronave acidentada. O desenho classificado no IPM como “confidencial” identifica “o possível ponto de ruptura da asa” do FAB 4626.
Quando percebeu que o tenente Alexandro Prado não estava ali, Walter Almeida pediu para ser içado de volta ao helicóptero. O sargento disse que o UH-50 esquilo “não teria capacidade para a retirada desses destroços da água”. Um rebocador da Petrobras voltou depois ao lugar marcado, mas já era tarde: a peça estava perdida.
SOBRE A REPORTAGEM
Esta é a quarta reportagem da série que O POVO publica sobre o desastre aéreo que matou o tenente Alexandro Prado no litoral do Ceará em 2000. A série torna públicos documentos sigilosos que a Força Aérea Brasileira tenta manter em segredo há quase 18 anos. Amanhã, o detalhes da investigação da morte de Alexandro Prado.
DANTE ACCIOLY
DE BRASÍLIAEspecial para O POVO