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Ciops recebeu ligações mais de uma hora antes da matança
Reportagem

Ciops recebeu ligações mais de uma hora antes da matança

Edição Impressa
Tipo Notícia

Uma hora e vinte e cinco minutos antes da primeira vítima da Chacina das Cajazeiras ser baleada e morta, a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), recebeu uma ligação que estaria relacionada às mortes das 14 pessoas e às lesões sofridas por outras 15 vítimas.


Foi às 23h14min da noite anterior à matança. A chamada partiu de uma testemunha que denunciou, anonimamente, a presença de homens fortemente armados no Conjunto Palmeiras. Em comboio, o grupo circulava pelas ruas do bairro, atirando para o alto e gritando “GDE”, a facção Guardiões do Estado, cujos membros foram apontados como autores da matança registrada naquele 27 de janeiro. Foi a maior chacina da história do Ceará.

[SAIBAMAIS]

No intervalo dos 40 minutos seguintes, outras quatro chamadas foram registradas. Todas guardavam “possível relação com a Chacina das Cajazeiras”, como destacou o inquérito sobre o caso, até então confidencial, que leva o selo “Urgente! Força Tarefa (Operação Cajazeiras)”. Já a última chamada foi registrada 45 minutos antes da chacina, deflagrada às 0h39min, quando a primeira ligação sobre disparos em via pública, que mencionam o local do crime, foi recebida.


O POVO procurou a SSPDS para questionar o motivo pelo qual as denúncias não impediram as execuções, ou resultaram na prisão dos suspeitos, visto que o inquérito não informa se a Polícia Militar foi enviada ao local apontado pelos denunciantes, detalhando, somente, que 18 viaturas estiveram em um raio de 300 metros do local da chacina, após a ação.


Por meio de nota, a SSPDS informou que as chamadas foram atendidas e viaturas foram enviadas ao local. Conforme a pasta, após a primeira ligação, três viaturas que faziam patrulhamento na região foram deslocadas para realizar o atendimento, chegando ao local às 23h16min, 23h20min e 23h25min. Porém, “nada do que foi relatado durante as ligações foi comprovado”.


A SSPDS diz ainda que, “a partir de depoimentos colhidos durante as investigações feitas pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da apresentação de provas materiais, os executores partiram em dois carros, mais especificamente da Rua 14, no bairro Passaré”.


O grupo teria entrado na avenida Presidente Juscelino Kubitschek, às 0h26min, em direção à rua Madre Tereza de Calcutá, nas Cajazeiras, local do crime. Após a ocorrência, os veículos usados, modelo Volkswagen Golf, de cor branca, e um Fiat Siena, preto, teriam retornado ao ponto de origem, na comunidade da Rosalina.


Não há, porém, informação sobre a localização dos carros no período anterior as mortes. A SSPDS alega que não foram detectadas as presenças dos dois veículos, no entorno do Conjunto Palmeiras, nas horas que antecedem os crimes.

 

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