Elementos do inquérito policial da chacina das Cajazeiras revelam que vários dos homicídios promovidos pelos atiradores ocorreram com requintes de crueldade e em execuções realizadas a sangue frio.
Segundo laudo pericial anexado ao processo, pelo menos oito das mortes tiveram indícios claros de execução, com disparos efetuados contra a região cefálica das vítimas. Em um dos casos, a vítima ainda foi executada com um tiro no rosto à queima-roupa.
“Caracterizando, portanto, ato contra as vítimas em epígrafe como uma execução”, diz o texto do documento. Em cinco das vítimas, foram identificados ainda diversos ferimentos nos braços e mãos, sinais de que as vítimas tentavam desesperadamente proteger os próprios corpos.
Além disso, relatos de testemunhas que sobreviveram revelam a crueldade dos atiradores durante a chacina. Durante todo o ataque, os assassinos teriam repetido palavras de ordem contra a facção Comando Vermelho (CV) e exaltando a facção Guardiões do Estado (GDE), chegando a provocar as vítimas.
Em depoimento, uma das vítimas sobrevivente do massacre contou que viu o vendedor ambulante Antônio José Dias de Oliveira, 55, ser atingido no rosto e cair no chão. Em sequência, outro executor teria se aproximado do trabalhador e dito “tem que terminar”, disparando mais uma vez na cabeça da vítima.
Além disso, diversas das vítimas, principalmente mulheres, levantaram as mãos e imploraram pela vida aos atiradores, sendo executadas a tiros logo depois.
Inquérito do caso indicia 14 pessoas por suposta participação na chacina, sendo seis delas os atiradores que executaram o massacre em si, dois supostos mandantes e outros seis suspeitos de auxiliarem o grupo de diversas formas.
Segundo a investigação, o crime ocorreu como mais um episódio na guerra entre facções Guardiões do Estado (GDE) e Comando Vermelho (CV) pelo controle do tráfico de drogas na periferia de Fortaleza.
Ainda segundo a investigação, a casa de shows onde ocorreu a chacina era conhecida por tocar músicas exaltando o Comando Vermelho, e, segundo depoimento de testemunhas, no dia do crime estaria promovendo uma “comemoração” ligada à facção.
A maioria das pessoas assassinadas, no entanto, não possui qualquer indício de envolvimento com o crime – apenas três possuíam ficha criminal. (Carlos Mazza)