Apesar da campanha de vacinação do Ministério da Saúde (MS) restringir como público-alvo determinados grupos de risco (veja o quadro), a imunização contra gripe é recomendada a todos os maiores de 6 meses de idade, orientam médicos infectologistas. Enquanto política pública, a regra é definir prioridades, que são grupos mais expostos a desenvolver formas mais graves da doença, explica o infectologista Roberto de Justa, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
São pessoas que apresentam condição imunológica mais comprometida, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com HIV. "É importante também lembrar que a vacina não visa evitar a propagação do vírus, mas sim casos e óbitos nos grupos prioritários", destaca, em nota, o Ministério da Saúde.
De acordo com o informe técnico sobre a campanha nacional de vacinação, 76% das pessoas que morreram em decorrência de influenza apresentaram pelo menos um fator de risco, "com destaque para adultos com mais de 60 anos, cardiopatas, pneumopatas e diabetes mellitus".
De 1.381 mortes, 1.055 estavam em grupos de risco. Do total de mortes por consequência de influenza, 66% foram causadas pelo vírus H1N1, aponta a publicação.
O também infectologista Anastácio Queiroz, professor da UFC, pontua não haver riscos na vacina. O Ministério da Saúde só contraindica a aplicação da imunização para bebês com menos de 6 meses de vida e pessoas com alergia severa a ovo.
 "A grande vantagem da vacina é que ela não é de vírus vivo. São partículas virais que são aplicadas", explica Anastácio. Conforme ele, mesmo que pessoas que receberam a vacina venham a desenvolver a doença, esta ocorre de forma leve. "Está provado que, nas populações que hoje se vacinam, o número de internamentos é menor".
Roberto Justa explica que a gripe provocada pelo vírus do tipo H1N1 se diferencia da gripe comum pela intensidade dos sintomas. A influenza costuma evoluir de forma benigna em cerca de uma semana.
Em sua forma mais grave, passa a ser tratada como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Geralmente, existe dificuldade respiratória e há necessidade de hospitalização. "Só a evolução da doença deixa claras as diferenças", diz Justa. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação; por isso, a necessidade de buscar avaliação médica.