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Recursos para lidar com a dor
Reportagem

Recursos para lidar com a dor

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Tipo Notícia

Entre as ações do Programa Vidas Preservadas, desde abril de 2018, a psicóloga Alessandra Xavier realiza a capacitação "Guardiões da Vida". É uma "estratégia de prevenção universal", ela explica, para quem tem contato com grande número de pessoas: uma sensibilização inicial até o entendimento do suicídio, desfazendo mitos e esclarecendo fatores de risco, "para oferecimento mínimo de ajuda e encaminhamento aos serviços especializados", une.

Mais de 500 adolescentes de 15 escolas públicas da Capital, desdobra Alessandra, já integram, desde setembro passado, uma nova versão do projeto: "Guardiões da Vida na Escola". Alunos de Psicologia da Universidade Estadual do Ceará, orienta Alessandra, trabalham autoestima e esperança com alunos em risco de suicídio.

A psicóloga lamenta a distância que separa a prevenção possível do Interior. A dificuldade de logística e a falta de um psicólogo efetivo nas escolas públicas dos municípios, destaca Alessandra, "é uma grande deficiência. A gente vê os professores também em um quadro muito difícil, de vulnerabilidade, de grande desgaste emocional". O esgarçamento da vida e o nível de solidão no mundo atual se somam à "falta de recursos internos para lidar com a dor e o desamparo" e à ausência de "proteção do Estado", assinala a psicóloga, tornando-se uma bomba-relógio silenciosa.

Mas existe o contrário. Ações preventivas dão resultado, observa a especialista. Após oito meses de implementação do "Guardiões da Vida nas Escolas", adolescentes já começam a buscar ajuda para o sofrimento psíquico que guardavam: o silêncio é dito. "Quando a gente oferece os cuidados eficientes, científicos, profissionais, com seriedade, capacitação, a rede funcionando, temos bons resultados. Mas é complexo. Precisamos modificar muita coisa: a forma como se relaciona, como acolhe, criar espaços de cuidado", equilibra Alessandra.

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