Reitor da Universidade Federal do Ceará desde agosto de 2015, o professor Henry Campos encerra a gestão como reitor em agosto deste ano, quando será sucedido por um dos três candidatos que se apresentam para a consulta pública hoje. Em entrevista ao O POVO, Campos faz um balanço dos quase quatro anos no cargo máximo da instituição.
O POVO: Gostaria de começar pedindo para fazer um balanço desses anos como reitor. Qual o principal legado que deixa para a instituição?
Henry Campos: Uma instituição renovada em suas práticas, modernizada nas suas rotinas de trabalho e bem mais contemporânea quanto à organização, qualidade e diversidade do ensino de graduação. Instituímos um sistema de governança e nos quatro anos de nosso mandato o orçamento foi integralmente executado e a Universidade manteve o equilíbrio financeiro, sem dívidas. Hoje são ofertados 118 cursos de graduação, em praticamente todas as áreas do conhecimento, e eles estão, em sua grande maioria, nos patamares mais elevados dos processos avaliativos do MEC. Expandimos vagas em Fortaleza e nos demais campi, sem perda da qualidade. (Além disso) Instituímos uma política de inovação tecnológica, criamos o Parque Tecnológico e estabelecemos uma forte parceria com indústrias e empresas. O número de patentes é destaque no conjunto das universidades brasileiras e tivemos o nosso primeiro produto licenciado, premiado numa feira internacional de alimentos em Paris.
OP: Quando o senhor assumiu, foram citados dois objetivos: a internacionalização e a melhoria dos cursos de graduação e pós-graduação. O senhor conseguiu atingir esses objetivos? De que forma?
HC: A internacionalização é hoje um ponto forte na UFC. Criamos uma Pró-Reitoria específica, ampliamos de modo expressivo o número de acordos de cooperação, com objetivos definidos a serem alcançados, inserimos através das Casas de Cultura Estrangeira o ensino de línguas na graduação, tivemos destacada atuação no programa Idioma Sem Fronteiras, lançamos o Letrare, programa que disponibiliza para a comunidade um serviço de tradução de artigos científicos para outros idiomas. Já me referi aos avanços no ensino de graduação. O salto na pós-graduação foi enorme: temos 116 cursos e, na última avaliação trienal da Capes, passamos a ter 3 doutorados com nota máxima (7) e subimos de 3 para 7 o número de doutorados com nota 6. Portanto 10 cursos de nível internacional e 14 com conceito 5, excelência nacional, e 18 com nota 4. A pós-graduação expandiu-se no Interior, com cinco cursos em Sobral e um em Quixadá.
OP: O senhor destacaria algo que era seu objetivo como gestor, mas não foi possível concluir durante a sua gestão?
HC: Primeiro, retomar obras paralisadas num processo de restrição orçamentária para investimentos que iniciou-se já em 2014. Segundo, desenvolver um plano robusto de recuperação de nossos imóveis, ter serviços de manutenção predial e de equipamentos disponibilizados de forma contínua, inclusive com manutenção preventiva e, um grande desafio, universalização da acessibilidade e ampliação da segurança em todos os campi. Metas ambiciosas, quase impossíveis de serem alcançadas, principalmente quando os recursos são muito escassos e partimos de um grande passivo, num universo de 692 edificações, distribuídas em cinco municípios e sete campi. Também gostaria muito de ter instalado a nossa própria estação de TV e modernizado o nosso sistema de comunicação, a nossa Imprensa e Editora, e de ter feito a ampliação do nosso Museu de Arte.
OP: Quais serão os principais desafios do seu sucessor?
HC: A gestão de uma Universidade é, por natureza, uma tarefa complexa e desafiadora e a Universidade, sempre, uma obra inacabada. Pelas declarações acima prestadas podemos ter a dimensão do trabalho que há a ser feito. Espero, sinceramente que, ao assumir o novo Reitor, esse quadro ameaçador tenha sido revertido.