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Nova derrota expõe fragilidade política
Reportagem

Nova derrota expõe fragilidade política

| Convocação | Governo tentou evitar ida de ministro hoje à Câmara, mas perdeu por 307 votos contra 82
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Tipo Notícia

Em mais um sinal de desarticulação e falta de base política do governo Jair Bolsonaro, a Câmara aprovou ontem, por 307 votos a 82, a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para dar explicações sobre cortes no orçamento de sua área. Além disso, líderes de partidos do Centrão se recusaram a se reunir com o presidente no Palácio do Planalto.

O encontro dos deputados Elmar Nascimento (BA), líder do DEM, e Arthur Lira (AL), que comanda a bancada do PP, com o presidente estava marcado para 16 horas e constava na agenda oficial da Presidência até pouco antes do horário. Eles seriam acompanhados pelo líder do governo na Câmara, Major Victor Hugo (PSL-GO), mas alegaram que o momento seria inoportuno para a reunião.

"Fui surpreendido com meu nome na agenda do presidente", afirmou Elmar. "O que iria parecer se fôssemos lá agora? Qual seria a interpretação? Então, eu disse para o Major Victor Hugo: deixa a poeira baixar para não parecer que fomos lá fazer algum tipo de barganha."

Lira foi na mesma linha. Disse que, se o encontro com Bolsonaro ocorresse agora, a interpretação seria a de que haveria uma negociação para aprovar a medida provisória que trata da reforma administrativa. A MP perde a validade em 3 de junho, se não for aprovada.

Os deputados contaram que há cerca de dois meses Bolsonaro afirmou que gostaria de se reunir individualmente com líderes de partidos, mas a reunião nunca foi marcada. Nos bastidores, dirigentes do Centrão suspeitam que o encontro apareceu só agora na agenda de Bolsonaro justamente para constrangê-los.

Para completar, um áudio com gravação de uma deputada do PSL, dizendo que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está "chantageando" Bolsonaro para aprovar a MP 870 serviu para azedar ainda mais o clima.

Questionado se a decisão de não se encontrar com Bolsonaro havia passado pelo crivo de Maia - que está nos Estados Unidos -, Elmar respondeu: "Claro que não. Ele nem sabia dessa reunião."

De autoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a aprovação da convocação foi comemorada pela maioria dos partidos, com exceção do PSL. O pedido foi incluído na pauta da Casa durante a reunião de líderes no meio da tarde. (da agência Estado)

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