O caso do prefeito de Uruburetama, José Hilson, ganhou destaque nacional neste fim de semana depois que vídeos gravados por ele mesmo foram divulgados no "Fantástico". Logo após o exposto, uma série de movimentações, tanto na investigação quanto nas sanções políticas se iniciaram. Mas a verdade é que as acusações de estupro contra o médico já ultrapassam duas décadas e ao longo desse tempo Judiciário, MP, partido político, Câmara de Vereadores, população ou mesmo Cremec não tiveram qualquer eficiência ao lidarem com essas denúncias. Foram omissos.
A conduta reforça, na prática, a cultura do estupro. Essas mulheres foram desacreditadas e invisibilizadas. Mulheres que falavam dos traumas pelos quais passaram e que foram aguerridas ao irem em frente com as denúncias. Casos foram arquivados na Justiça e os processos de investigação pouco avançaram do ano passado até aqui. Bastava uma volta nas ruas de Uruburetama para perceber que todos sabiam da acusação, mas a maioria se apressava em explicar a "conduta ilibada" do político acusado.
Falar de cultura de estupro é falar dezenas de mulheres, de muitas gerações, que pediram socorro e viram José Hilson ter mais de 70% de aprovação no município, mais de 10 mil votos e, até ontem, não ter qualquer sanção na profissão ou na carreira política. O caso de José Hilson mostra que quando uma mulher estuprada não é ouvida, outras centenas correm perigo.