O POVO - No livro "100 passos até uma pegada" (Editora Tordesilhas), o senhor aborda sobre o fascínio ao longo da história até a chegada do homem à Lua. Em meio a corrida espacial, esse fascínio pode ter contribuído para que a Lua se tornasse um objetivo dos EUA?
Lauro Henrique Jr. - Apesar de um dos combustíveis para a chegada do ser humano à Lua ter sido a eterna disputa de poder entre homens e nações - que ficou explícita nos eventos da corrida espacial entre EUA e a então União Soviética -, o principal motivador para a jornada do homem à Lua foi o desejo de chegar ao nosso satélite. Por exemplo, o cientista alemão Wernher von Braun, que acabou se tornando o principal nome do programa espacial americano, foi uma pessoa absolutamente dedicada ao sonho de pousar o homem na Lua, não tendo nenhuma motivação política por trás disso. Obviamente, todos os cientistas tiveram que saber jogar o jogo da política para continuar com suas pesquisas. Mas, assim como Von Braun, todos os principais nomes envolvidos na exploração científica e espacial ao longo dos séculos - gente como Kepler, Galileu e Copérnico - foram pessoas cujo único interesse era o conhecimento científico e o progresso humano.
OP - Passados 50 anos, o senhor acredita que a Lua ainda exerce o mesmo fascínio?
Lauro - Com certeza, e uma prova disso é que, hoje em dia, assistimos a uma retomada com força total do interesse pela exploração da Lua. Como eu conto no livro, isso é algo que está acontecendo não só entre as agências espaciais de potências como EUA, Rússia e China, mas também entre a iniciativa privada, como no caso de dois dos maiores bilionários do mundo: Elon Musk, criador da empresa SpaceX, que presta serviços para a própria Nasa, e o fundador da Amazon, Jeff Bezos, que criou a empresa espacial Blue Origin. Para esses novos desbravadores do espaço, que têm planos não só de voltar à Lua, mas sobretudo de colonizar o nosso satélite, a Lua é vista como um “trampolim” indispensável para que, no futuro, o ser humano consiga atingir as vastidões do Universo e, quem sabe, possa concretizar o sonho de habitar outros planetas.