Francisca das Chagas, 47, conhecida como Branca, uma das vítimas de José Hilson, conheceu o médico há 25 anos. "Eu tinha a imagem de um médico exemplar. Ele era conhecido como mão santa", diz. Ela procurou atendimento médico após sentir um nódulo no peito. Ele sugeriu o banho de luz como terapia. "Ele pediu para eu fechar os olhos, ficar de lado na maca e colocar a língua para fora e para dentro. Quando eu senti eu tava com a língua no pênis dele. Quando eu levantei a cabeça, vi ele saindo correndo e levantando as calças", relata a comerciante.
Na época do crime, o medo a impediu de denunciar os abusos. "Só contei para duas pessoas da Cidades. Duas mulheres da Zona Rural chegaram a denunciar mas foram apedrejadas. Não podiam vir no Centro. Ai que eu fiquei com medo mesmo, vendo a represália que os funcionários da Prefeitura fizeram contra elas", diz.
Após a repercussão do vídeo em que ele fazia sexo com uma mulher no consultório em que trabalhava, ela decidiu denunciar o agressor. "Fui humilhada na cidade, eu sofri e não foi pouco. Ele nos acusou de calúnia e difamação. Ele queria que a gente pedisse perdão para o processo ser arquivado. Eu não pedi e, de vítima, passei a ré", lembra.
Ela chegou a receber ameaças por meio de perfis fake no Facebook. Para ela, o afastamento provisório do médico da Prefeitura, representa o começo da justiça para as vítimas. "Agora estou respirando melhor. Mas não totalmente. Quero que ele pague".