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Como descobri a fé no "Padim Ciço"
Reportagem

Como descobri a fé no "Padim Ciço"

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Comecei a ir para Juazeiro do Norte na adolescência. Minha mãe levava eu e minha irmã às romarias em meados e fim da década de 70, quando já era grande o número de devotos do Padim Ciço e da Mãe das Dores. Fazíamos o roteiro das visitas e orações: na Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores; no Horto, onde está a estátua do padre Cícero, monumento que completa 50 anos; na casa onde viveu o Padim e também íamos na Igreja de Nossa Senhora da Penha, no Crato. Ali está a pia batismal que lembra a celebração do sacramento que o tornou cristão.

Eu não entendia porque minha mãe era devota de um sacerdote que tinha sido afastado de suas funções pela igreja (imaginava ter sido desobediente) e que seria muito difícil ser proclamado santo. Acreditava, naquele tempo, que só os santos declarados pela Santa Sé mereciam ser venerados. E como a minha mamãe e uma multidão de fiéis visitavam Juazeiro para pedir a intercessão do padre Cícero ou para agradecer uma graça alcançada. Muitas pessoas vestindo roupas de cor preta nas missas do dia 20 de cada mês para lembrar o dia da morte do Padim. Ficava sem entender nada.

E essa minha desconfiança e incredulidade deram lugar à uma profunda veneração ao padre Cícero Romão Batista. Anos depois, quando era repórter do O POVO e fui designada a cobrir as três maiores romarias anuais: a de Nossa Senhora das Candeias, no dia 2 de fevereiro; a de Nossa Senhora das Dores, dia 15 de setembro; e a de Finados, no dia 2 de novembro. Aí sim presenciei a devoção e a fé do povo (principalmente os nordestinos) no sacerdote que viveu para evangelizar e cuidar dos pobres e indigentes.

Em cada romaria ( uma média de 500 a 600 mil devotos), ouvia muitos testemunhos de curas, de pedidos atendidos por meio do "meu Padim", como o chamam. A confiança é tão grande que só em colocar uma peça de roupa ou a bolsa em cima do túmulo onde ele está enterrado já dá a certeza de uma doença curada ou de uma dívida paga. São duas das muitas súplicas feitas pelos romeiros no altar da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde estão seus restos mortais.

Sei que a vida terrena do padre Cícero não foi perfeita. Nenhum ser humano é perfeito. Mas ele soube trilhar o caminho da santidade tentando cumprir o que nos pediu Cristo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Uma prática dificílima! Não é a toa que ele é considerado o "santo mais popular do Nordeste".

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