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Feminicídios registram aumento de 27% no semestre no Ceará
Reportagem

Feminicídios registram aumento de 27% no semestre no Ceará

17 feminicídios foram registrados em 2019 no Ceará. Número total de assassinatos de mulheres, porém, diminuiu
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Ainda que o número de mulheres assassinadas tenha diminuído pela metade entre 2018 e 2019, o número de casos computados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) como feminicídio registrou aumento neste primeiro semestre. Conforme os números da pasta, em 2018, até junho, haviam sido registrados 11 feminicídios. Já em 2019, no mesmo período, foram 14 casos — o equivalente a um aumento de 27,27%. Os números ainda não consolidados da SSPDS sobre julho também indicam aumento. Enquanto em julho do ano passado apenas um caso foi registrado, este ano, até 29 de julho, três assassinatos haviam sido configurados como feminicídio pela SSPDS.

Paralelamente a isso, o número de Crimes Violentos Intencionais Letais (CVLIs) que vitimaram mulheres caiu 53,98%. Conforme levantamento de O POVO com base em dados da SSPDS, enquanto até julho de 2018 foram registrados 276 casos, até julho deste ano foram 127 casos

Entre os últimos casos de feminicídio registrados em julho, dois resultaram em prisões de suspeito. Em 25 de julho último, Antonio Reinaldo Marcelino, de 38 anos, foi preso em uma localidade da Zona Rural de Santana do Cariri (a 533km da Capital). Ele foi autuado pelo assassinato a golpes de faca de Aldenir Alencar, de 45 anos. De acordo com a SSPDS, o homem não aceitava o término do relacionamento. A vítima estava grávida de três meses e Reinaldo saberia disso, informou a pasta. Outro caso registrado em julho como feminicídio foi o de Ana Thainara Matias Duarte Alcântara, de 25 anos, ocorrido em Maracanaú (Região Metropolitana de Fortaleza), no dia 26. O mandante do crime, conforme a Polícia Civil, é o ex-companheiro dela, Carlos Robério do Nascimento Façanha. Ele está foragido. Ontem, o Ministério Público Estadual (MPCE) representou pela prisão preventiva de Carlos Robério. Ezequias Alves de Sousa, que também teria cometido o crime, foi preso. Ana Thainara já havia solicitado medida protetiva de urgência com base na Lei Maria da Penha.

A professora de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) Camila Freitas acredita que falta efetividade nas medidas de proteção para garantir a segurança de quem denuncia. Ela, que coordena o Núcleo de Práticas Jurídicas da UFC, afirma ainda que, em muitos casos, falta "consciência" na vítima da necessidade de se denunciar.

A professora vê como positivas as mudanças causadas pela Lei Maria da Penha, mas ressalta a necessidade de mudança cultural — o que não teria evoluído tanto. "Talvez seja a questão mais importante, mudar a cultura machista em relação ao respeito à mulher. Não só em relação a agressões físicas, mas também em outros tipos de abuso".

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