Novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque, afirmou, ontem, 20, em sua primeira entrevista no cargo, à rádio O POVO CBN, que não é possível se posicionar sobre o programa federal Future-se por considerar que o projeto ainda está em fase de construção.
"Nós não podemos, agora, ficar contra ou a favor. Nós temos que trabalhar para construir esse projeto e só com ele formatado é que poderemos ter posição com relação a ele", disse Cândido.
Para o novo gestor, o atual momento é difícil por causa dos cortes anunciados pelo Governo Federal. Ele diz acreditar que "o País só vai sair da crise através da universidade" e que, por isso, a instituição não pode ficar afastada da sociedade.
"A defesa da universidade é um ponto que nós não poderemos negociar. Ela é um patrimônio da sociedade, precisa estar mais próxima da sociedade. Vivemos um momento difícil. Cortes estão havendo em todas as áreas e o país só vai sair da crise através da universidade, do saber", reflete.
Cândido também defende investimento na inovação e no empreendedorismo, para que alunos saiam dos cursos aptos para o mercado de trabalho.
No dia 14 de agosto, o então reitor da universidade, Henry Campos, e gestores de outras instituições federais de ensino do Ceará rejeitaram o programa Future-se por meio de nota. Cândido foi anunciado como novo chefe da reitoria da UFC na noite da última segunda-feira, 19.
Para o Conselho Universitário da UFC, o Future-se envolve interesses privados na educação pública. "O que se escancara, aos nossos olhos, é que se encontra em marcha uma estratégia para reduzir a presença do Estado na garantia do direito à educação e, ao mesmo tempo, abrir à financeirização do ensino público, transformando-se a educação em mercadoria que tem o lucro - e não o compartilhamento, a geração e difusão do conhecimento - como objetivo final", diz o texto da nota contrária ao projeto.
Cândido Albuquerque foi apontado como reitor pelo presidente Jair Bolsonaro mesmo não sendo o mais votado entre alunos, servidores ou professores. Sobre a repercussão negativa que a escolha está tomando, ele pede união entre os setores da universidade.
"O País mudou! Deu uma guinada. Tinha um governo de esquerda, foi para um governo liberal. Tem um panorama novo e temos que dialogar com tolerância", afirmou. O reitor também questiona o método de votação para o cargo, argumentando que é preciso repensá-lo.
"Nesse processo, ao invés de se discutir quem é o melhor gestor para a universidade, se trava uma batalha ideológica", afirma. (Alexia Vieira)