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Mirem em Paulo Freire
Reportagem

Mirem em Paulo Freire

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Cândido Albuquerque já sabia. Sendo o escolhido, teria de lidar com a resistência de boa parte da chamada comunidade acadêmica da UFC. Desde a confirmação dele como novo reitor escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), começou a ser chamado de interventor. Era o esperado. Interventor será palavra a ecoar na posse, nos eventos acadêmicos onde esteja e nas pichações a surgir pelos campi.

A reação é semelhante à vivida por outro Albuquerque, Antônio Albuquerque de Souza Filho. Ele não foi o mais votado na consulta à comunidade, mas estava na lista tríplice enviada à Brasília - aliás, em primeiro no Consuni (o Conselho Universitário). A nomeação foi assinada pelo então presidente Fernando Collor, em 1991. Naquele tempo, tanto quanto agora, em larga medida, a massa de manifestantes nas ruas na noite ontem - parando o trânsito no Benfica - nem sabe ao certo como funciona o processo. Efeito manada, mais nada.

A insatisfação com a escolha é legítima. A deslegitimação não. A posse de Cândido não implica intervenção. Há uma desonestidade intelectual (ou nem tão intelectual assim) nesta leitura. Até os calouros deveriam saber que o rito foi seguido. Houve uma consulta à comunidade, a elaboração de uma lista tríplice pelo Consuni, o envio dos três nomes para Brasília (Custódio de Almeida, Cândido e Maria Elias) e a decisão do presidente.

Ao novo reitor caberá ser maior do que as diferenças e defender a UFC. Foi Paulo Freire quem ensinou que a educação é sinônimo de diálogo, de abertura ao outro. Freire agiu contra a ignorância. Merece ser relido sempre.

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