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Ceará espera 1,6 milhão de doses extras de vacina
Reportagem

Ceará espera 1,6 milhão de doses extras de vacina

| Prevenção | Só em Fortaleza, no calendário vacinal normal, são usadas 13 mil doses. Bloqueio em casos suspeitos tenta prevenir disseminação
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A expectativa é de que o Ministério da Saúde envie 1,6 milhão de doses da vacina ao Ceará. Na última semana, 71 mil doses chegaram. Enquanto os lotes são enviados de forma gradual, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) distribui aos municípios frascos já previstos no fluxo mensal. Só na Capital são, normalmente, 13 mil doses por mês. É preciso mais agilidade, embora a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) garanta que não faltará vacinas nos postos de saúde.

A atendente Larissa Mendes Monteiro, 21, já havia levado o filho Lorenzo, de oito meses, a um posto de saúde da Cidade 2000, em Fortaleza. "Mas lá não tinha e viemos para cá (posto no bairro Meireles). Não sabemos nada a respeito da doença, mas o importante é evitar", afirma. No Centro de Saúde Escola Meireles, onde Larissa conseguiu imunizar o filho, 420 doses da vacina foram aplicadas apenas em agosto, contabilizando crianças e adultos.

A supervisora do Núcleo de Imunização da Sesa, Ana Rita Cardoso, explica que o frasco da vacina contém 10 doses, que precisam ser utilizadas em sua totalidade após oito horas desde aberto. "Para não perder, alguns postos instituem um dia certo para vacinar. O objetivo é vacinar o máximo de pessoas e ter o mínimo de perdas. Alguns postos estabelecem horário para fazer a abertura dos frascos e já utilizar", detalha.

Sendo São Paulo o estado com o maior número de casos, a preocupação é ainda maior. É de lá que saem milhares de pessoas todos os dias para todo o País. "Evidentemente que as correntes migratórias contribuem. Se atribui muito à questão da Venezuela, mas teve casos em outros locais, como Europa e Estados Unidos", afirma o infectologista a pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fundação Oswaldo Cruz, Estevão Portela.

É preciso um olhar atento para as cadernetas de vacinação, frisa Estevão. Houve mudança no calendário e isso influencia diretamente na cobertura vacinal. Até pouco tempo atrás apenas uma dose era necessária para a vida toda do indivíduo e recentemente se descobriu que, na verdade, duas doses é que garantem eficácia a longo prazo.

"Isso é um problema, porque muita gente nem sabe. As mulheres são mais frequentes na vacinação, porque costumam ter as campanhas para rubéola. Mas o adulto jovem, principalmente o homem, deve ter uma leitura do seu calendário", pondera.

Conferências entre as secretarias de saúde e o MS são mais recorrentes do que o normal. Orientar sobre dados, ações e notificações de casos é extremamente importante para tentar conter a disseminação. "Casos é algo que vai ter, não tem jeito. Muita gente viajando. A gente começa a se preocupar mais com casos autóctones, quando há transmissão ativa no local", ressalta o médico e pesquisador da Fiocruz.

Uma nota técnica foi elaborada pela Sesa para instruir profissionais de saúde a identificarem possíveis casos e realizarem as medidas de bloqueio necessárias. "O caso importante é sim um risco, porque a pessoa pode trazer e fazer circular aqui. Por isso é importante que a equipe de saúde receba esse caso e saiba como agir rapidamente", complementa Ana Rita, supervisora de imunização da Sesa.

 

O passo a passo do bloqueio vacinal

De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), de 23 de agosto, 98 casos foram notificados. Houve uma confirmação, 88 descartes e nove continuam sob investigação.

Quando um caso suspeito é notificado, a equipe de vigilância sanitária tem até 72 horas para fazer o bloqueio de transmissão.

É preciso vacinar todas as pessoas que tiveram contato com aquele caso.

É feito um roteiro, que inclui família, vizinhança, escola, transporte.

Na unidade de atendimento, a medida é de isolar o paciente e que os profissionais e familiares de contato já estejam sabidamente imunizados.

Na UPA do Eusébio,na última sexta-feira, 30, uma criança francesa deu entrada com suspeita de sarampo. Ela havia saído de Paris, passando por Portugal (cidade do Porto), São Paulo e chegado ao Ceará no dia 24 de agosto.

De acordo com informações da Prefeitura do Eusébio, o menino (de idade não revelada) teve episódios de febre e coriza e, dias depois, manchas avermelhadas no pescoço.

Exames laboratoriais estão sendo realizados e o bloqueio vacinal, com interdição temporária de parte da Upa, foi realizado.

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