Inaugurado há pouco mais de um ano, como âncora do Polo Tecnológico e Industrial da Saúde, no município de Eusébio, a unidade da Fiocruz no Ceará apresenta resultados: mais de 200 profissionais foram formados em saúde da família, pesquisas estão sendo produzidas em diversas áreas médicas e convênios com empresas estão sendo firmados para trazer inovação tecnológica ao setor.
Dentre estas, está a parceria com a Nuteral, empresa do ramo de dietas para pacientes com doenças graves. Um laboratório foi criado para realizar exames e avançar no desenvolvimento de pesquisas para controle de qualidade dos alimentos especiais produzidos. O que além de agregar valor ao produto, reduz custos da empresa, já que muitos dos exames exigidos pela Anvisa precisavam ser feitos em outros estados, explica o diretor da Fiocruz Ceará, Antônio Carlile Lavor.
Ele reforça que, na área da pesquisa aplicada, também foi firmado um convênio com o Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec) para desenvolver análise de agrotóxicos no setor de alimentos e outro, com o Sindiquímica, para trazer inovação na produção de cosméticos e saneantes.
Outra frente, ainda em fase inicial, é uma parceria com o Distrito de Inovação do Porangabussu, na área de terapia celular. "É a chamada medicina personalizada. A gente trabalha na modificação da própria célula doente para que ela possa atuar contra o tumor. Um tratamento desses custa, em média, US$ 500 mil ao Sistema Único de Saúde (SUS). A gente quer que estes novos produtos possam chegar com custos mais acessíveis no Brasil".
Além do centro de pesquisas da Fiocruz, o Polo deve ganhar nos próximos anos a primeira unidade de produção da Fundação fora do Rio de Janeiro, o Centro Tecnológico de Plataformas Vegetais (CTPV), atrelado ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
O projeto executivo já foi concluído, mas o início das construções ainda depende da liberação de recursos do Governo Federal. Mas o primeiro produto a sair já foi definido: o remédio alfataliglicerase, usado no tratamento da doença de gauche. "No Brasil temos em torno de 650 doentes e essa medicação, que hoje é importada, custa cerca de R$ 200 milhões por ano. Foi feito um acordo com a indústria que desenvolveu a tecnologia em Israel para começar a produzir o produto a partir daqui".
Reduzir a distância entre o conhecimento que hoje é produzido pelas Universidades com as operações das empresas está no cerne dos polos que já está sendo chamado de hub da saúde, explica o secretário da Saúde, Cabeto.
Ele diz que a ideia é não apenas atrair novos negócios para o Estado, mas empresas que tenham como foco a produção de tecnologia e inovação, capazes de induzir uma nova economia para o Estado. "Daqui alguns anos, sem dúvida, o próprio perfil de profissionais que formamos será diferente, com muito mais biotecnólogos, profissionais de tecnologia de dados e muitos outros", diz.