Dentro do sistema penitenciário, as ações de inteligência acontecem das mais variadas formas. Na fila das visitas, entre os parentes, através de gravações e fotos. Uma informação dá início a uma investigação que, concluída, gera um relatório endereçado às autoridades. Quem descreve um pouco da metodologia é a presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, Ruth Leite. "Houve uma falha muito grande na inteligência do Estado para que os ataques ocorressem. Pode ter sido uma falha humana ou um erro de foco. Eles estavam procurando num lugar e os criminosos estavam em outro", opina.
Ruth, que também é advogada criminalista, pondera ainda que a identificação de quem é ou não perigoso pode não estar totalmente correta. Imputa essa realidade à superlotação (hoje 24.702 internos ocupam o espaço de 11.651 vagas) e ao grande volume de trabalho. "Duas coisas podem ter acontecido: o Estado isolou as pessoas erradas ou aconteceu uma transferência de liderança nas organizações e essa mudança não foi acompanhada", pondera.
A presidente do Copen ressalta que levanta hipóteses sobre as novas dinâmicas com base nas inspeções que o Conselho faz. "A única certeza que temos é que o Estado errou. Eles negligenciaram o grito de socorro das famílias. A tática de endurecimento e desrespeito aos direitos fundamentais é a semente de uma guerra civil", avalia. (Sara Oliveira)