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Fortaleza tem 25 frequências internacionais a menos neste ano
Reportagem

Fortaleza tem 25 frequências internacionais a menos neste ano

Em 2018, eram 35 frequências internacionais por semana na Capital. Após voos cancelados, suspensos e aumento em algumas rotas, há 24 frequências ativas neste ano
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O Aeroporto Internacional de Fortaleza havia perdido parte das suas rotas internacionais semanais entre 2018 e outubro de 2019 e chegou a zero no auge da pandemia (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO O Aeroporto Internacional de Fortaleza havia perdido parte das suas rotas internacionais semanais entre 2018 e outubro de 2019 e chegou a zero no auge da pandemia

Fortaleza perdeu ligações diretas por via aérea com quatro países (Colômbia, Panamá, Alemanha e Itália) em um período de 20 meses. Hoje, o Aeroporto Pinto Martins tem 24 frequências internacionais ativas partindo de Fortaleza com destino a sete países, sem escalas, por semana.

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Esse número deve alcançar, até o fim do ano, 40 frequências, se a operação direta da Gol para os Estados Unidos, que está suspensa, retornar e mais os dois voos da Air Europa para Madri (Espanha), que iniciam em 20 de dezembro.

A quantidade de voos semanais com ligação a destinos de forma direta já foi maior. Em 2018, a Secretaria do Turismo do Estado (Setur) tinha confirmada a operação de 35 frequências internacionais ativas no Aeroporto de Fortaleza, o que faz a perda entre um ano e outro ser de 31%.

Motivos diversos, como a falta de retorno com o destino - caso da Copa Airlines para a Cidade do Panamá - e falências de companhias, como da Avianca e Condor, fizeram com que o Ceará deixasse de ter ligação com Bogotá, na Colômbia, e Frankfurt, na Alemanha, respectivamente.

Entre janeiro do ano passado e setembro de 2019, o Ceará também deixou de ter ligação direta com Milão, na Itália, com a saída da companhia aérea Meridiana.

O engenheiro aeronáutico e professor da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), James Rojas Waterhouse, destaca que o trabalho das companhias aéreas foi bastante complicado em 2019 por fatores que independem da demanda - motivo mais comum para a exclusão de uma rota.

Waterhouse cita o caso da Gol. A companhia voava diariamente para Miami e Orlando e teve de suspender os trabalhos por causa do impedimento da operação com as aeronaves Boeing 737 MAX, após a segunda queda de um equipamento da família de aviões em março deste ano, neste caso, com a morte de 157 pessoas a bordo do voo operado pela Ethiopian Airlines.

Questionado se existem negociações em andamento para novas rotas internacionais partindo de Fortaleza, o titular da Setur, Arialdo Pinho, afirmou que neste momento "o foco é consolidar os voos atuais".

Ele ainda destaca que o motivo para a saída da Condor da operação na Capital foi a falência do Grupo Thomas Cook, gestor da companhia aérea. O grupo era o mais antigo no negócio em agências de viagens e prejudicou 600 mil clientes ao redor do mundo, encerrando as atividades em território nacional no último dia 25 de setembro de forma definitiva.

Apesar de momento conturbado no mercado de aviação, as empresas que fazem parte do hub aéreo de Fortaleza, Air France-KLM, além de outras, como Latam e TAP, ampliaram oferta de voos nos últimos meses. Além da Cabo Verde Airlines que passou a operar com destino à Ilha do Sal.

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Entre o fim de 2019 e a primeira metade de 2020 as frequências devem ampliar. A volta da operação da Gol para os EUA e o início do trabalho da Air Europa para Madri em dezembro, já com ampliação prevista de duas para três frequências em junho do próximo ano, animam o setor turístico cearense.

O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Régis Medeiros, explica que a atual situação é pontual e que, apesar de algumas perdas de destinos, as rotas que foram fortalecidas têm potencial de oferecer mais frutos com o turismo.

"Estamos comemorando as portas abertas para a Europa, com o voo direto para a Espanha e as conexões que vão existir. A maior quantidade de turistas que visitam o Brasil é europeu. Dentro do nosso meio não é uma preocupação e até comemoramos o início do voo de Madri, que é um grande destino e os espanhóis adoram o País", afirma.

Para os próximos meses, a atenção se volta ao mercado internacional. A preocupação é com o cenário econômico do restante do mundo, que poderia afetar o mercado de aviação civil.

"Deve haver uma melhora na oferta, mas temos de ter em mente que existe uma crise internacional se instalando. Ainda não está claro e, se for materializada, podemos ver nova retração", analisa Waterhouse.

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Histórico

A Gol também teve que retirar de operação diversas aeronaves Boeing. Toda a frota do modelo 737 MAX foi proibido de voar em todo o mundo desde abril.

Hub

Apesar da redução da quantidade de frequências internacionais, as empresas que operam o hub no Aeroporto de Fortaleza têm fortalecido sua presença. Passaram a operar com mais voos e aeronaves de maior porte. A chegada da Air Europa, parceira das companhias, é um dos efeitos.

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