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Desempregados e pessoas com mais de 30 anos predominam no Ensino a Distancia
Reportagem

Desempregados e pessoas com mais de 30 anos predominam no Ensino a Distancia

A mudança nos hábitos da população impactou na procura por aulas a distância e na modificação da educação
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O "consumo" de educação tem se modificado nos últimos anos. Estratégias são traçadas para que mais pessoas tenham acesso ao ensino em variados estágios. Na graduação, estudantes em idades mais avançadas e pouco dinheiro buscam na modalidade de Ensino a Distância (EAD) uma possibilidade de concretizar o sonho da formação universitária.

Mesmo a evasão sendo desafio nesse modelo - em 2016, por exemplo, 36,6% na rede privada e 30,4% na pública, de acordo com a Semesp -, a oferta de cursos online e as matrículas registradas indicam uma mudança comportamental dos anseios para se manter na vida acadêmica. Entre novembro de 2015 e agosto de 2019, o portal Quero Bolsa monitorou o fluxo na escolha de 305 mil alunos matriculados por meio da plataforma.

Uma das conclusões aponta o EAD como opção devido à perda de renda. Entre a população de 18 a 24 anos, por exemplo, a taxa de desemprego, no 2º trimestre deste ano, registrou mais do que o dobro da média geral no País. Entre os jovens, a desocupação atingiu 25,8% da População Economicamente Ativa (PEA).

Por isso, o aumento da procura por EAD não se dá apenas pelo fato de o estudante ver vantagens em relação ao estudo presencial. O entendimento dos responsáveis pela pesquisa é que, se o aluno tiver renda, dificilmente ocorre a migração dele para a modalidade de ensino online. Outra característica percebida entre os estudantes é o valor a pagar. Quem quer estudar presencialmente informa que, em média, gastaria R$ 600 com mensalidade. Já quem aceita qualquer uma das formas pode arcar com até R$ 300.

"O desemprego afeta no perfil de consumo da família, e o gasto com educação também vai ser influenciado por isso", comenta Rui Gonçalves, gerente de Relações Institucionais da plataforma. O Quero Bolsa projeta que se os níveis de renda do Brasil voltarem a subir, os estudantes tendem a migrar para o presencial.

Ele destaca o crescimento na matrícula em uma graduação online. Dos alunos que buscaram exclusivamente por EAD em 2015, 40% se matricularam a distância, ou seja, 60% escolheram cursos presenciais. Neste ano foram 94% de matrículas efetivadas em EAD e apenas 6% em cursos presenciais.

Dessa parcela, a maior parte dos ingressantes tem pouco mais de 30 anos, apesar de a busca ser feita por pessoas de todas as faixas etárias. Gerente geral de EAD da Faculdade Paraíso, a professor doutora Lana Crivelaro, coordenadora do Núcleo Regional Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) no Ceará, destaca que o ensino a distância tem buscado outros públicos para oferecer facilidades para formação acadêmica, sendo esse de idade mais avançada.

"O ensino superior presencial exige um custo adicional. Seja de deslocamento, alimentação e, até mesmo, relacionado ao horário que a aula começa ou termina. Às vezes, dá um problema no trabalho, a flexibilidade possibilita estudar em outro momento durante o dia."

 

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