Logo O POVO+
Campanhas ajudam sobreviventes a reconstruir histórias de vida
Reportagem

Campanhas ajudam sobreviventes a reconstruir histórias de vida

O cotidiano de quem teve a vida por um fio ou perdeu tudo no desabamento do Edifício Andréa precisa achar um novo sentido. Campanhas tentam ser pontes para sobreviventes
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Davi conseguiu se comunicar com os colegas e avisou que estava vivo  (Foto: FOTO: via WhatsApp O POVO )
Foto: FOTO: via WhatsApp O POVO Davi conseguiu se comunicar com os colegas e avisou que estava vivo

"O Nando sempre foi um amigo incrível para todos. Então, nós, seus amigos e familiares gostaríamos de retribuir, pedindo ajuda na arrecadação de fundos para comprar um notebook e outras coisas que podem auxiliá-lo à reestruturar um pouco a vida". A mensagem faz parte de uma campanha para que o cotidiano do sobrevivente Fernando Marques, 20, também conhecido como Nando, retome a vida do zero após o trágico desabamento do Edifício Andréa, em Fortaleza, no último dia 15.

>> Como ajudar os moradores do Edifício Andréa

Fernando Marques foi a primeira pessoa resgatada pelo Corpo de Bombeiros do Ceará. O rapaz, que viu a vida quase indo embora, infelizmente, perdeu entre os escombros do Andréa a mãe, Rosane Marques de Menezes, 56, e os avós Izaura Marques de Menezes, 81 e Vicente de Paula Vasconcelos de Menezes, 87.

Mas em meio a dor indizível, três amigos do tempo do Colégio Santa Cecília, resolveram ajudar o moço recomeçar. Vitória Siebra, 21, Isabelle Guimarães, 20, e Daniel Urbano, 20, desenharam a solidariedade em uma ação entre amigos e interessados em oferecer outro desfecho à nova história que Fernando terá de reescrever.

"Desde o começo todos quiseram ajudar, mas não sabíamos como e se devíamos. Mas depois de conversar com a tia dele, surgiu a ideia de nos juntarmos pra comprar um notebook para ele (já que precisava de um por conta de estudos/trabalho/entretenimento). Depois, notamos que não era apenas isso que ele precisava e resolvemos nos unir e fazer a campanha pra auxiliá-lo na reconstrução da vida", projeta Vitória Siebra.

Auxiliar o amigo a se reerguer é o ponto para Isabelle Guimarães. "Sabemos o quão difícil está sendo pra ele perder a casa, os objetos e, principalmente, a família". Fernando, descreve Daniel Urbano, foi sempre muito humilde. "O que nós temos feito por ele, ele sempre repete a frase: 'Queria retribuir'. Às vezes me imagino no lugar dele apenas para tentar entender o que ele sente, mas a realidade é que só ele pode saber", ressente o estudante.

A exemplo da ação entre os amigos de Nando, funcionários da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz) também resolveram amenizar as perdas e as interrogações da família de Ivoneide Eugênio. Moradora do Edifício Andréa, a servidora da Sefaz viveu horas de agonia ao saber por uma selfie que o filho David Sampaio, 22, havia conseguido sobreviver ao desmoronamento do prédio. Dos escombros, ele enviou a imagem para dizer que estava bem. Escapou por um triz e foi devolvido à vida depois que os bombeiros o tiraram dos destroços. Apenas ele estava no apartamento onde morava com os pais e um irmão.

"Não conheço a Ivoneide, mas nos grupos de funcionários a notícia começou a circular no dia da tragédia e resolvemos nos juntar para socorrê-la. Perdeu tudo, o apartamento era financiado. Estamos pedindo depósitos em dinheiro na conta dela. Naquele dia, ela havia saído para pagar o condomínio", afirma Yvelise Benzi (Nina), diretora do Sindicato e da Fundação dos Fazendários.

A psicóloga Danielle Studart, 40, também foi pelo caminho da compaixão para fazer ponte para Katia Ramos Nogueira, 56, se reorientar daqui pra frente. A sobrevivente, que estampou as páginas do O POVO com o cachorro Lucky — morto dois dias após ser resgatado pelos bombeiros — só não perdeu a vida.

"Gente, a Kátia é uma amiga querida, uma mulher super trabalhadora que sobreviveu a essa tragédia, mas se encontra sem nada para recomeçar. Sabemos o quanto faz falta uma foto, um documento, uma lembrança, imagine então você se ver sem nada pessoal. Me colocando no lugar dela, dou a sugestão de doarmos dinheiro, pois ainda estão sem casa. Qualquer quantia já ajudará demais. Por favor, divulguem para os amigos que podem e que gostam de ajudar, pois sei que essa corrente do bem vai se espalhar e logo a Kátia terá sua vida restabelecida. Por favor, qualquer valor! Vamos ajudar!".

O que você achou desse conteúdo?