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Dicas para comprar no fim de ano sem prejudicar o orçamento
Reportagem

Dicas para comprar no fim de ano sem prejudicar o orçamento

O segredo para o equilíbrio das contas está no planejamento e na racionalidade dos gastos. A avaliação é que, antes de comprar, deve-se quitar as dívidas
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Consumidores de Fortaleza devem comprar mais em shoppings, centros comerciais e lojas de rua
 (Foto: ALEX GOMES/Especial para O POVO)
Foto: ALEX GOMES/Especial para O POVO Consumidores de Fortaleza devem comprar mais em shoppings, centros comerciais e lojas de rua

O ano vai chegando ao fim e com ele vêm Black Friday, festas de fim de ano, gastos escolares e impostos de janeiro. Talvez o 13º salário possa amenizar os custos extras, se já não estiver comprometido. Todavia, a chave para o equilíbrio das contas está no planejamento e racionalidade dos gastos. A avaliação é que, antes de comprar, deve-se quitar as dívidas.

Ainda em novembro, esse consumo começa. Aquecimento que é provado pela taxa de pretensão de compras em Fortaleza. O indicador subiu de 2,5 pontos percentuais, passando de 40,1%, em outubro, para 42,6% neste mês. Os números são do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-CE, que animam o varejo para uma melhor temporada.

Precaução e pesquisa antecipada de preços são alertas de Istvan Kasznar, professor de Economia e Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para ele, é essencial que o consumidor verifique os preços antes e confirme se a compra vale a pena. Assim, evitam-se promoções fraudulentas.

"Se o desconto é bem atraente e a mercadoria desejada tem garantias, não vejo nada além de um bom momento para comprar e economizar na Black Friday. Mas é absolutamente recomendável não se endividar. Lembre que há momentos de liquidações e outras promoções em outros períodos do ano", sugere.

Ainda pela pesquisa do IPDC, em Fortaleza, destacam-se na lista de produtos mais procurados, em novembro, os artigos de vestuário, citados por 23,4% dos entrevistados. Em seguida, estão os aparelhos televisores (19,3%); calçados (17,2%); móveis e artigos de decoração (15,6%); celulares e smartphones (12,8%) e geladeiras e refrigeradores (10,9%).

O valor médio é estimado em R$ 593 e a intenção de compra mostra-se mais elevada para os consumidores do sexo masculino (42,7%), com idade entre 25 e 34 anos (51,1%) e com renda familiar de até cinco salários mínimos (56,8%).

A médica Eliane Linhares se diz cautelosa para a sexta-feira, 29 de novembro. "A Black Friday só mexe comigo se o desconto for verdadeiro. Já estou com o preço da máquina de lavar louças que quero comprar. Mas é só por necessidade", assegura.

Quem também se diz contida nas compras de Natal é a arquiteta Natália Farias. Há resistência ao encanto das vitrines. "Sem presentes ou grandes gastos. Já reservo o dinheiro para não extrapolar. Vai ser só um look para a ceia, certamente", diz, acrescentando que prefere a Black Friday internacional, "mais vantajosa".

Algumas empresas estendem os descontos para o mês inteiro. Neste ano, essa será a principal estratégia e os descontos serão, em média, de 24%, conforme pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). E há chances de as compras pela internet serem mais vantajosas do que nas lojas físicas neste período. "Tem ofertas boas em sites confiáveis. Contudo, o prazo de entrega pode ser maior do que o anunciado, pela sobrecarga logística das empresas" lembra Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV.

Como gastar bem

1 Organização pode partir de anotações desde um caderno a aplicativos especializados em finanças pessoais. As receitas têm que superar as despesas com margem folgada.

2 Visualizar as despesas fixas antes de projetar desejos da época pode evitar gastos exagerados. Se há dinheiro realmente sobrando, prefira comprar à vista e, assim, pechinchar.

3 A anotação de quem vai receber qual presente ajuda a evitar compras impulsivas. Pesquise em lojas físicas e virtuais. Compras pela internet feitas com antecedência ainda podem chegar a tempo do Natal.

4 Paciência para pesquisar o mesmo produto em diversas lojas pode levar à economia expressiva na Black Friday. Tire um print ou foto dos preços dos produtos desejados semana a semana até o dia das ofertas.

5 Se for comprar pela internet (seja bens duráveis, presentes ou mesmo livros didáticos), verifique a confiabilidade da loja e prefira fornecedores já conceituados no mercado.

6 Muitas escolas estão dispostas a negociar mensalidades. Principalmente quem tem mais de um filho ou mantém fidelidade com a instituição de ensino deve se valer da negociação para economizar.

7 Gastos escolares vão além de matrícula, fardamento e itens de papelaria. Livros usados podem ser negociados em sebos e lojas especializadas no Centro de Fortaleza, por exemplo.

8 Evite descontrole na gestão financeira familiar. Não perca de vista despesas impactantes como Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

9 Se estiver com as contas equilibradas, reserve parte do 13º não apenas para emergências, mas também para lazer em 2020, por exemplo. Mas o primeiro passo é se livrar das dívidas. Comece pelas que têm juros mais altos ou nas quais há negociação vantajosa.

10 Opção para evitar o atabalhoamento da Black Friday e encontrar produtos mais exclusivos é verificar sites como eBay e Amazon. Considere, caso as taxas e frete compensem.

Fontes:

Raul Santos, vice-presidente do Ibef

Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV

Istvan Kasznar, professor de Economia e Administração Pública e de Empresas da FGV

 

FORTALEZA, CE, BRASIL,  14-11-2019: Marcela Marinho, empresária e Monica Luz , empresária. Consumidores se preparam para as compras de fim do ano. (Foto: Alex Gomes/Especial para O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 14-11-2019: Marcela Marinho, empresária e Monica Luz , empresária. Consumidores se preparam para as compras de fim do ano. (Foto: Alex Gomes/Especial para O POVO)

Cidadãs

"A Black Friday não me atrai muito, porque compro na necessidade, não tanto pela oportunidade. Os presentes, hoje em dia, são mais restritos às pessoas mais próximas. Para a família, o presente supre alguma necessidade que a gente já conhece, enquanto amigos recebem uma lembrancinha carinhosa", confessa a empresária Mônica Luz (esquerda). Ela levou a amiga Marcélia Marinho, administradora de empresas, para escolher assertivamente sapatos em uma tarde de compras no RioMar Shopping. "Eu também já tenho essa maturidade de não ser seduzida pelas vitrines. meus gastos são planejados porque vêm aí IPTU e IPVA e o orçamento precisa ser mantido com regularidade", complementa Marcélia.

Números

O Índice de Confiança do Consumidor fortalezense (ICC) subiu 2,1 pontos percentuais, passando de 109,3, em outubro, para 111,7 pontos, em novembro. Já o ICC nacional, medido pela FGV, recuou 0,3 ponto, após duas altas consecutivas nos últimos meses. Ficou em 114,3 pontos, caindo 1,5 ponto.

Levantamento do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-CE apontou que 64,7% dos consumidores de Fortaleza consideram sua situação financeira atual como melhor ou muito melhor do que há um ano. Já 77,7% dos entrevistados acreditam que sua situação financeira futura será melhor ou muito melhor do que a atual.

O número de famílias endividadas no País ficou em 64,7% em outubro deste ano, taxa inferior aos 65,1% de setembro. Essa foi a primeira queda do indicador neste ano. Os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam ainda que a inadimplência subiu para 24,9% em outubro deste ano. Já as famílias que não terão condições de pagar suas contas chegaram a 10,1%, acima dos 9,6% de setembro

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