Um dos casos de maior repercussão entre advogados acusados de envolvimento com organizações criminosas foi o de Alaor Patrício Júnior. Ele foi preso em flagrante em 24 de setembro último, com 11 bilhetes que, segundo o Ministério Público Estadual (MPCE), traziam comunicação de presos com familiares e pessoas responsáveis pelo tráfico de drogas, de armas, lavagem de dinheiro e outros delitos.
Conforme parecer do MPCE a que O POVO teve acesso, Alaor tratava com presos de ala composta por líderes da facção Comando Vermelho (CV), com atuação no bairro Aerolândia. São eles: Antônio Rômulo Soares dos Santos, José Walgleison Batista de Castro, Alan Marcos Azevedo Rocha e Valdemberg Rodrigues da Silva. Todos eles também foram autuados em flagrante.
Em uma das mensagens apreendidas, consta no documento, um dos chefes criminosos orientava quebrar a perna e o braço de um homem pela suspeita de ele ter adquirido drogas de concorrente. Outros bilhetes, no entanto, continham planos de fuga de presidiários. O criminoso fazia menção ao uso de pistolas, coletes balísticos e até um carro blindado.
Em outro trecho, o autor dos bilhetes diz que serras estão prontas para serem levadas a uma unidade prisional. A mensagem continua citando que haveria uma fuga, a partir de um "catatau" levado por um advogado, mas a ferramenta foi encontrada. "Os verme (agentes de segurança) tão tudo ligeiro, ele tá cabreiro de levar agora tá esperando a poeira baixa, mas já ta tudo no ponto aqui (SIC)", completa. Não fica claro qual advogado participaria do plano de fuga.
Outro bilhete destacado pelo MPCE diz que Alaor permitiria o ingresso de um celular. O advogado encontraria facilidade pois não estava se submetendo ao aparelho de Raio-X, em razão de uma cirurgia no braço — "mesmo álibi que utilizou-se no dia de sua prisão", lembra o MPCE.
Alaor também foi suspenso cautelarmente pela OAB por 12 meses. Ele, porém, se encontra em liberdade ao ter a prisão substituída por medidas cautelares em audiência de custódia. O inquérito que apura o caso segue em andamento. A Polícia Civil agora quer saber quem são os interlocutores das mensagens e as pessoas que são mencionadas em relatos de atividades criminosas. (Lucas Barbosa)