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Alinhamento de governadores pode ter efeitos em 2020
Reportagem

Alinhamento de governadores pode ter efeitos em 2020

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Embora tenha mostrado resultados práticos, como a economia na compra de insumos para a saúde, o Consórcio do Nordeste tem uma ênfase política significativa, avaliam especialistas.

Para o cientista político e professor Cleyton Monte, "mais do que a configuração eleitoral do ano passado, foi o pós-2018" que determinou que chefes de Executivo do Nordeste se abrigassem sob um mesmo organismo para enfrentar um período de incertezas.

"O cenário mais esperado era que, terminadas as eleições, os gestores fossem sentar para ouvir e governar com todo mundo", recorda Monte. "Havia uma teoria: eleição é uma coisa e governo é outra. Não foi o que vimos."

Segundo o pesquisador, "o que levou à criação do consórcio foram os atos de governo Bolsonaro, ou as suas omissões". Ele cita então o caso da mancha de óleo que se espalhou pelo litoral do Nordeste a partir de setembro e cuja contenção o Planalto levou mais de um mês para começar.

De acordo com o Rodrigo Prando, docente na Faculdade Presbiteriana Mackenzie, não resta dúvida de que o consórcio é a resposta política a Bolsonaro. "O bloco tem características administrativas, de gestão da coisa pública, de união, mas também é político", defende. "São governadores com expressão na cena regional e nacional. Isso pode gerar um capital político e também eleitoral até mesmo para 2020."

Deputado federal pelo PDT e ex-secretário da Educação do Ceará, Idilvan Alencar afirma que o consórcio de governadores "representa um movimento político, de unidade, que faz um contraponto ao governo federal".

"Os governadores respeitam a questão institucional", acrescenta o pedetista, "mas adotam uma via econômica porque o Brasil do governo Bolsonaro não tem um plano de desenvolvimento, e o Nordeste não pode ficar apenas observando." Conforme o parlamentar, há um "vácuo na política para a região e dos investimentos".

Também deputado federal, Heitor Freire (PSL) reconhece que "uma maior integração política entre os estados é importante", mas adverte que "é preciso ter cuidado para que isso não vire uma espécie de coalizão paralela, a fim de fazer frente ao governo federal".

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