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Por um rio resiliente e uma cidade que respeite o mangue
Reportagem

Por um rio resiliente e uma cidade que respeite o mangue

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Foto: Demitri Tulio O "lixo" é parte da maldade das pessoas com o rio Cocó. No detalhe, bacias para despachos

O rio Cocó é uma veia hidrológica que sangra de agressão. Em seu fluxo,o sangue representa cada impacto adverso, efluente lançado, resíduo descartado, intervenção indevida e ameaça aos seus ecossistemas.

Por causa de sua resiliência, o Cocó é um rio de luta. Se empodera da resistência de sobreviver e dar vida aos seus. Ao mesmo tempo é um rio que empodera segmentos da sociedade em prol de sua defesa.

Empoderamento que inspira movimentos socioambientais que buscam proteger a natureza, aparentemente silenciosa. O Cocó não tem voz audível por si só, ele usa interlocutores.

A sua autobiografia pode ser decifrada numa imersão na floresta. Diante do receio coletivo e histórico da destruição por interesses mercadológicos, há esperança por dias melhores.

O Cocó tem resiliência e arregimenta um povo resiliente. O Cocó tem uma "história de preciosidades" com diversos ecossistemas e unidades geoambientais. Riquezas puramente inegociáveis da biodiversidade e geodiversidade, além da sociodiversidade de seus povos tradicionais.

Essas paisagens inspiram. Nelas os artesãos buscam uma nova história, conclamam a acreditar num futuro com a educação ambiental incorporada às novas gerações. Com os povos tradicionais não se calando e suas vozes ecoando contra interesses escusos. Resistindo, heroicamente, pela crença na subsistência do rio, pelo rio e para o rio.

Além da fé, é preciso que o rio receba do Poder Público a atenção merecida, que seja referência na recuperação ambiental e replique esperanças. Talvez um dia o rio não seja visto como depósito de resíduos e as árvores tenham valores além dos serviços prestados.

Para isso, uma nova mentalidade deve prevalecer. Com manguezais e dunas sendo preciosidades, relevantes por serviços ecossistêmicos. Que o coração continue pulsando a esperança, que não morra. Que vá além de projetos de governo, que sejam projetos de vida de um povo engajado!

 

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