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Governar é uma delícia, mas também tem suas dores
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Governar é uma delícia, mas também tem suas dores

Tipo Notícia

Era evidente que isso ocorreria a qualquer momento. Também é necessário destacar como realidade que o Governo do Ceará está sendo obrigado a encaminhar sua versão, a partir do que aconteceu entre agosto e outubro, com a fácil aprovação no Congresso da reforma previdenciária proposta pelo Governo Federal. A partir deste ponto, porém o petista Camilo Santana precisa estar preparado para dar muitas explicações acerca de sua iniciativa.

Argumentar que recebeu um comunicado oficial de Brasília, segundo o qual precisa fazer seu ajuste para não ter dificuldades futuras no acesso a créditos e financiamentos, ajuda a explicar apenas uma parte da postura. Por exemplo, a decisão de mandar agora sua proposta, apressando-se um pouco em relação a um prazo que vai até julho de 2020, já exige uma fundamentação que se mostre convincente. E, vale dizer, não apenas aos servidores estaduais que serão atingidos diretamente, já que também os deputados que votarão a matéria precisarão de bons argumentos para entenderem o porquê de comprar um desgaste que lhes pode ser cobrado mais adiante. Falo de eleição, mesmo.

É um tema difícil e, sabe-se, governar nem sempre é optar pelo caminho da facilidade. Camilo já deu demonstrações antes de consciência disso ao comprar desgastes que sabia necessários no momento em que aconteceram, embora este caso tenha algumas implicações um tanto especiais.

Um deles é o de colocar seu partido, involuntariamente que seja, num constrangimento explícito diante do discurso enfático até então de recusar qualquer ideia de reforma para o setor, questionando até sua necessidade. Por isso, aliás, é que desde quando anunciou a proposta, em conversas reservadas há ouvido queixas de petistas que não gostariam de enfrentar o debate e, ainda mais, de fazê-lo tão cedo. O que vai acontecer é que uma parte do desgaste potencial do tema começará a se deslocar, no plano local, para o PT. Com resvalo inevitável para o cenário nacional.

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