Tendo o futebol feminino crescido no mundo e no Brasil em 2019, no Estado não poderia ser diferente. Após a obrigatoriedade da CBF, Ceará e Fortaleza formaram equipes bastante competitivas para a temporada — e não foram os únicos com destaque.

Participando do Brasileiro A2, o Ceará fez campanha consistente. Na primeira fase, venceu quatro jogos e empato um, indo às oitavas de final de forma invicta. As Alvinegras passaram pela Portuguesa-SP e só saíram da competição nas quartas de final, quando enfrentaram o Cruzeiro-MG, eventual vice-campeão. A equipe cearense perdeu a primeira partida por 2 a 0 no Presidente Vargas, não conseguiu reverter o placar e foi derrotado por 2 a 1 no estádio das Alterosas, em Minas Gerais.

Em âmbito estadual, porém, as jogadoras de Porangabuçu conseguiram ser bicampeãs do Cearense Feminino de maneira invicta, com 49 gols marcados e apenas 3 tentos sofridos.

O Fortaleza, embora tenha formado a equipe feminina apenas neste ano, conseguiu resultados aceitáveis. A equipe foi vice-campeã do Cearense Feminino, sendo superado em campanha somente pelo maior rival nos Clássicos-Rainhas em que jogou. As Leoas do Pici tiveram, durante a competição, o site de apostas NetBet como patrocinador master — assim como o time principal masculino.

É um cenário diferente, conforme analisa a jornalista Karine Nascimento — que foi a primeira comentarista mulher da TV cearense, pela TV Jangadeiro, e é autora do livro A verdadeira Regra do Impedimento, obra que conta a história da edição do Cearense Feminino de 1983. Para ela, já há melhorias, mas ainda faltam jogos em melhor horário e mais apoio para as equipes.

O desejo de Karine por melhor suporte também é partilhado por Gilmara Araújo, volante da equipe Alvinegra. "Costumo dizer que sonhar não custa nada e, como eu sou uma sonhadora, eu espero que em 2020 a gente tenha mais visibilidade. Que os campeonatos não sejam apenas divulgados em redes sociais, mas que possam ser divulgados na TV, sejam elas abertas ou fechadas", disse a jogadora.

Para a jornalista, porém, existe um lado bom a se destacar. "O principal ponto positivo é a gente poder ver neste ano as jogadoras cearenses tendo a carteira assinada. Essa é a diferença maior. De forma geral, também posso destacar o aumento do público, no geral, de audiência, pois vemos que tem uma demanda, e patrocínios para times femininos, como têm o Fortaleza. Ainda é muito pouco perto do que já deveria estar acontecendo, mas são alguns passos importantes que foram dados neste ano", ressaltou a jornalista.