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Ponto de vista: na redação, na torcida pelo futebol feminino
Reportagem

Ponto de vista: na redação, na torcida pelo futebol feminino

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Mariana Freire, jornalista (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Mariana Freire, jornalista

Passei alguns anos do início da minha vida profissional cobrindo esportes. Sabemos que "esportes", no Brasil, na prática significa futebol. Por "futebol", praticamente só o masculino. Conto em uma mão quantas vezes tive a oportunidade de ver de perto esse padrão ser quebrado. Este ano, tive a sorte de, como torcedora e, sobretudo, admiradora, presenciar pequena mudança.

Tudo começou com a Copa do Mundo, em que vestimos a camisa pelas nossas jogadoras na França, mas também vimos a reunião acontecer pelo esporte em si. Falo apenas "Copa do Mundo", sem a designação de gênero, porque vejo que só será justo usá-la quando a outra, como a que terá palco 2022, tiver o "masculina" como definidora.

De lá pra cá, tive a sorte de ver da arquibancada sete jogos, inclusive da seleção — pra mim, um recorde pessoal: o número é igual ao de vezes que vi futebol masculino no estádio este ano. Um deles, no meio de novembro, emocionou-me como nenhum outro jogo de futebol, feminino ou masculino: vi quase 29 mil pessoas no Itaquerão para um jogo. De mulheres.

Quem acha que representatividade é besteira é porque nunca se viu, como esta ex-repórter de esportes, chorando só de ver dois times entrarem em campo aclamados. Ou porque não parou pra perceber a quantidade de meninas na torcida e inspiradas por mulheres de chuteira.

Ainda há muito o que percorrer. Os desafios, ideológicos e estruturais, são gigantes — vide a desorganização e falta de divulgação sobre o amistoso entre Brasil e México, que só teve ingressos vendidos dois dias antes do jogo. Mas, também, podemos comemorar. O futebol vai se tornando mais diverso para todos. Todos ganham.

Eu, que como repórter e como torcedora, já ouvi incontáveis vezes que "futebol feminino não é futebol" ou que "futebol não é coisa de mulher', vejo este ano como uma inspiração para o futuro. Futebol é futebol. E mulher pode fazer tudo o que quiser.

Mariana Freire, jornalista

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