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TV por assinatura como conhecemos com os dias contados
Reportagem

TV por assinatura como conhecemos com os dias contados

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Tipo Notícia

Para Glaucionor Oliveira, professor do Departamento de Telemática do Instituto Federal (IFCE), a próxima década deve ser profundamente afetada no que se refere à produção, consumo e transmissão de conteúdo como o audiovisual difundido pelas plataformas de streaming. Além disso, outras transformações no sistema de telecomunicações como um todo devem ocorrer motivadas pela ascensão desse mercado.

"O streaming é apenas o reflexo de que as pessoas querem tomar de conta da própria programação e não consumir somente o que é imposto pelas TVs. Essa é uma demanda para o futuro. E ela só não é maior porque as pessoas ainda têm banda de acesso à internet de baixa velocidade", explica.

O projeto de implementação da rede de banda larga sem fio de quinta geração no País (a chamada 5G) está atrasado e possui previsão de funcionamento somente em 2021. Claudionor aponta a chegada do 5G como um divisor de águas para a telecomunicação no Brasil.

"No momento em que essa rede oferecer velocidade maior e preços mais acessíveis, a tendência é que o streaming se popularize como um serviço presente em todos os celulares. Muitas operadoras de TV estão preocupadas com esse processo, até porque elas já estão há tempos sofrendo também com as TVs piratas, que chegam à população por causa dos preços mais baratos. Uma maneira que elas estão encontrando para driblar essa questão é a oferta de pacotes avulsos, que podem ser contratados pelo usuário mesmo que ele não possua assinatura de TV, como é o caso dos pacotes Premiere. Mesmo assim, a situação é irreversível e não há nada que impeça o fim das TVs por assinatura como conhecemos hoje".

Um dos caminhos alternativos para as empresas já está sendo experimentado - caso do streaming Now, da operadora Claro, que permite ao usuário assistir ao conteúdo da TV no momento em que desejar, sem a necessidade de adequação aos horários de transmissão.

"As empresas devem se tornar menos provedoras de conteúdo e mais de conexão, com o conteúdo disponibilizado completamente na internet. O que não dá mais é para esperar que o cliente continue disposto a seguir os horários da programação da emissora. Com certeza, as empresas não vão continuar a perder receitas e apenas vão mudar o formato, já que possuem redes de distribuição e capacidade de ganhar dinheiro de outra forma", afirma.

O POVO entrou em contato com Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) para falar do impacto do mercado de streaming nas telecomunicações, principalmente nos dados, mas a entidade respondeu, por meio de nota, que não iria se pronunciar sobre o assunto.

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