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Pré-estação registra chuvas 11% acima da média
Reportagem

Pré-estação registra chuvas 11% acima da média

| Ceará | O acumulado de dezembro e janeiro foi de 144,6 mm. Para o primeiro trimestre da quadra, que começa hoje, há 45% de chances de chuvas acima da média
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Previsão da Funceme indica maiores acumulados e cobertura de nuvens na região centro-sul do Estado (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Previsão da Funceme indica maiores acumulados e cobertura de nuvens na região centro-sul do Estado

Hoje tem início a estação chuvosa no Ceará. A pré-estação, que terminou ontem, 31, registrou chuvas 11% acima da média histórica para o período. Conforme balanço preliminar da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as chuvas acumuladas nos meses de dezembro e janeiro somaram 144,6 milímetros (mm) em relação à normal do bimestre, que é de 130,3 mm. Na pré-estação chuvosa anterior, o saldo de precipitações observado no Estado foi bem mais significativo. Foram 197,8 mm registrados entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, o equivalente a 51,8% acima da média do período.

Para a quadra chuvosa de 2020, o prognóstico da Funceme, divulgado no último dia 21, é de 45% de probabilidade de chuvas acima da média para os três primeiros meses (fevereiro, março e abril). Também são 35% de chances para a categoria em torno da normal e 20% para a categoria abaixo da normal para o trimestre. Em 2019, o quadrimestre chuvoso finalizou com 676,3 mm, índice considerado dentro da média. Em 2018, primeiro ano após os seis anos de estiagem enfrentados pelo Estado, o registro também foi considerado dentro da média (581,4 mm).

O mês de janeiro somou 134,9 mm, número 36,65 acima da média. A redução do acumulado da quadra foi reduzida devido ao mês de dezembro, que registrou 9,8 mm, um índice 69,2% menor que a normal. As precipitações de janeiro têm sido provocadas pela proximidade da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) da costa norte e também de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que apresenta-se ao leste.

"Em dezembro, não ocorreu nenhum sistema meteorológico que favorecesse as chuvas. Em janeiro, tivemos atuação da ZCIT que favoreceu a ocorrência de chuvas acima da média no Estado", explica o meteorologista da Funceme, David Ferran.

Em relação a distribuição das chuvas, o Litoral Norte (51,3%), Litoral de Fortaleza (39,5%), Litoral do Pecém (36,9%) e Ibiapaba (34,6%) foram as macrorregiões mais beneficiadas. No Cariri, a média de chuvas acabou 14,8% abaixo do volume considerado normal para esse intervalo. No Maciço de Baturité (17,3%) e em Jaguaribara (0,2%), os registro também foram acima da média, diferente da macrorregião do Sertão Central e Inhamuns (-0,2%).

Para a estação chuvosa, o prognóstico da Funceme indica que o padrão de aquecimento das águas do Oceano Atlântico — condição favorável para as chuvas — está mais bem estabelecido do que no ano passado. Segundo o órgão, a previsão é de que os meses de fevereiro e março sejam os mais chuvosos da quadra.

 

PACOTI, CE, BRASIL, 14-02-2019: Barragem Germinal sangra com quadra chuvosa em Pacoti. (Foto: Aurelio Alves/O POVO).
PACOTI, CE, BRASIL, 14-02-2019: Barragem Germinal sangra com quadra chuvosa em Pacoti. (Foto: Aurelio Alves/O POVO).

Volume no início da estação chuvosa é o melhor em cinco anos

A quadra chuvosa de 2020 se inicia com o abastecimento do Estado em 14,30% da capacidade total de armazenamento. O volume é o melhor em cinco anos. As precipitações da pré-estação chuvosa resultaram em recarga no açude Araras (53,81%) e o Taquara (52,67%), localizados na bacia do Acaraú, bem como em outros reservatórios de pequeno e médio porte. Os grandes açudes do Ceará, no entanto, ainda preocupam.

O açude Germinal, localizado no município de Palmácia, foi o primeiro a sangrar este ano no Ceará. Conforme João Lúcio Farias, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), as precipitações da pré-estação resultaram em aporte de 99,30 milhões de metros cúbicos no sistema hídrico, composto por 155 reservatórios.

Além do aporte, boas chuvas na pré-estação são importantes para preparar o solo. "Como choveu em todo o estado, o terreno fica mais úmido. O leito dos rios fica mais saturado, isso facilita o escoamento das águas que virão na estação chuvosa para os açudes", explica João Lúcio. O escoamento é o caminho da água dos rios aos reservatórios.

Ele frisa a importância da localização das chuvas para que se reflita em aporte nos reservatórios. "O importante é que a água caia na bacia de contribuição do açude. Caindo nessa área, nos rios e riachos que aportam água aos açudes, chega na bacia do reservatório", diz.

Correspondentes a 60% da reserva do Estado, Castanhão (3,47%), Orós (4,88%) e Banabuiú (6,11%) continuam sendo uma preocupação para a gestão hídrica. Para que os reservatórios tenham recarga satisfatória, demandam chuvas intensas e concentradas nas bacias de contribuição.

A configuração do sistema segue com a disparidade entre as diferentes regiões. As bacias do Coreaú (69,58%), Litoral (65,75%), Acaraú (51,76%), Serra da Ibiapaba (59,26%) e Baixo Jaguaribe (59,67%) estão em situação considerada "confortável", segundo João Lúcio Farias. Por outro lado, o abastecimento nas bacias do Banabuiú (6,32%), Sertões de Crateús (5,27%), Alto Jaguaribe (5,51%) e Médio Jaguaribe (2,59%) são preocupantes.

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