O último boletim médico referente ao estado de Cid Gomes (PDT) indica estabilidade no quadro clínico do senador licenciado, sem indícios de complicações respiratórias ou infecciosas. Ele segue internado na enfermaria do Hospital Monte Klinikum, no bairro Meireles, em Fortaleza, ainda sob supervisão médica. A perspectiva, ainda sem confirmação, é de que receba alta médica amanhã.
A nota foi assinada ontem, por volta das 21h40min, pelo cardiologista Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, secretário da Saúde do Ceará. Cid também está sob os cuidados de Francisco Neto, cirurgião torácico.
Uma bala está alojada perto do pulmão esquerdo do senador. Diante disso, Cid recebe auxílio de um dreno no tórax, equipamento que auxilia na remoção de líquidos do pulmão e na reexpansão do órgão. A orientação é de não remoção do projétil, já que ele se fixou em local que não promove instabilidades à saúde do ex-governador.
Partindo de helicóptero de Sobral, Cid chegou à unidade médica em Fortaleza por volta das 13h15min acompanhado do governador Camilo Santana (PT), do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), e do presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto (PDT).
No decorrer do dia, Cid ainda recebeu várias visitas, como a do ex-vice-governador Domingos Filho (PSD), além do presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT). A principal presença no hospital, porém, foi a do irmão mais velho de Cid, o ex-presidenciável Ciro Gomes, no início da tarde.
O ex-ministro endureceu o tom em entrevista coletiva concedida na frente do hospital. A avaliação feita por Ciro é de que o contexto cearense não se desprende do nacional. "Temos no momento a destruição do Estado Democrático de Direito, liderada por um presidente boçal, canalha, de uma família de canalhas", disparou contra Bolsonaro.
A paralisação parte da tropa de policiais militares mesmo após reivindicações de líderes atendidas, prosseguiu Ciro, deixa visível a vinculação dos manifestantes a interesses político-eleitorais. Ele ainda criticou a presença da deputada federal Major Fabiana (PSL-RJ), a quem classificou como ligada a milícias do Rio de Janeiro, "ao crime organizado."
A fala do pedetista, então, alcançou Capitão Wagner (Pros), deputado federal e pré-candidato a prefeito de Fortaleza que hoje desponta como principal opositor do grupo político liderado pelos irmãos Ferreira Gomes.
Segundo Ciro, Fabiana veio a Fortaleza a convite "do canalha daqui, que é o miliciano daqui." A ideia anunciada pelo policial da reserva seria a de criar comissão para mediar os interesses da categoria junto ao Governo. O grupo não foi recebido por Camilo no Palácio da Abolição.
Ex-governador do Ceará, Ciro Gomes adicionou ainda que a escalada da crise não permite outra saída que não seja a repressão, alternativa com a qual disse não simpatizar.
Durante a noite, Cid Gomes seguiu recebendo visitas, como a do deputado estadual Evandro Leitão (PDT) e a do federal Túlio Gadelha (PDT-PE). Ambos disseram ter visto Cid bem e comunicativo.
Ao O POVO, Gadelha relatou que Cid comentou não ter sentido o impacto dos tiros, só tendo se percebido alvejado ao olhar para a própria camisa ensanguentada. De saída do hospital, a irmã Lia Ferreira Gomes expressou otimismo. Segundo ela, Cabeto projetava que Cid, ontem (quarta-feira), sentiria "muita dor", o que segundo ela não ocorreu.